Bateria de bicicleta elétrica explode em apartamento no Leblon: ‘Em 1 minuto lambeu tudo’, diz morador no Rio de Janeiro

Bateria de bicicleta elétrica causa incêndio em apartamento do Leblon: ‘Em 1
minuto lambeu tudo’, diz morador

O engenheiro Marcos Otto, de 55 anos, teve queimaduras de 2° e 3° graus nas
pernas e braços. Ele contou ao DE que a bateria era original, esquentou muito
durante o carregamento, começou a fazer barulhos e logo depois explodiu,
provocando duas chamas muito fortes: “parecia um maçarico”.

A bateria de uma bicicleta elétrica que estava carregando na tomada provocou um
incêndio grave e destruiu um apartamento na rua General Venâncio Flores, no
Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na tarde da última terça-feira (10).

Imagens do incêndio chamaram atenção de quem passava pelo bairro. Equipes do
Corpo de Bombeiros foram acionadas e controlaram o fogo. O apartamento foi
completamente destruído.

O dono da bicicleta e morador do imóvel, o engenheiro Marcos Otto, de 55 anos,
teve queimaduras de 2° e 3° graus nas pernas e braços e segue internado no
Hospital Miguel Couto desde o dia do incêndio.

A mãe do engenheiro, que também mora no local, ficou bastante abalada com o
incidente e também precisou de atendimento médico.

De acordo com Marcos, fora o prejuízo do imóvel, que tem seguro, a perda
material da família ultrapassa os R$ 30 mil. Não entrou nessa conta, segundo
ele, o valor sentimental de objetos pessoais perdidos e o transtorno de passar
por uma situação tão traumática.

O engenheiro mora no local desde abril, quando terminou seu casamento e voltou a
viver com a mãe no apartamento do Leblon. A família mora no local há mais 40
anos.

Marcos possui dois modelos de bicicleta elétrica e uma delas precisa de 7 ou 8
horas para carregar completamente na tomada. Na manhã de terça, ele colocou o
cabo da bateria na tomada como fazia sempre.

“Eu comecei a carregar a bicicleta e fui fazer outras coisas. Fui a uma
reunião meio-dia e voltei pra casa. Quando estava escovando os dentes comecei
a escutar alguns estalos”, contou.

“Eu vi que era a bateria e tirei o cabo da tomada e do carregador. Quando
coloquei a mão queimei meus dedos porque a bateria tava muito quente. Eu pensei
em empurrar a bateria até o boxe do banheiro, mas antes de fazer qualquer coisa
a bateria explodiu”, disse o engenheiro.

Marcos contou que o barulho da explosão foi muito alto.

“Na hora deu uma explosão e o fogo saiu pela frente e por trás da bateria. O
fogo por trás queimou minha perna. Foi muito forte. Foi tipo um maçarico.
Queimou minha perna, meu tornozelo e meu pé”.

Como se não bastasse o susto pela explosão e as queimaduras, o “maçarico” jogou
a chama para dois pontos do quarto do engenheiro. Em segundos, dois focos de
incêndio se formaram, na cama e na porta, onde tinha algumas roupas penduradas.

“Eu tenho treinamento de combate a incêndios e fui logo no banheiro pegar uma
toalha molhada para tentar apagar o fogo. Tentei apagar, mas não deu. Avisei
minha mãe e pedi para ela deixar o apartamento. Larguei tudo e fui embora com
ela”, disse Marcos.

“Em um minuto lambeu tudo”, relembrou.

Marcos ainda conseguiu avisar os vizinhos do andar e o porteiro do prédio, que
chamou os bombeiros. Já do lado de fora, olhando seu apartamento ser tomado pelo
fogo, o engenheiro começou a sentir fortes dores nas pernas.

Ele foi atendido pelos bombeiros e levado para o Hospital Miguel Couto, onde
passou por alguns procedimentos para eliminar a pele queimada e aliviar a dor.

“Eu estava apagado, fiquei a noite toda sem dor, mas hoje (quarta) a anestesia
passou e a dor voltou muito forte. Em uma escala de 0 a 10, a dor agora é 8”.

Marcos tem essa bicicleta a mais de cinco anos, mas a bateria que explodiu é
nova. Segundo ele, o equipamento tem sete meses e ele ainda está pagando pela
peça.

O engenheiro disse que fez questão de comprar o produto original, compatível com
a marca da sua bicicleta. Contudo, ele lembrou que nunca teve suporte do
fornecedor sobre como utilizar o equipamento e que nem mesmo quando comprou a
bicicleta recebeu informações sobre onde ou como carregar o veículo.

“Quando eu comprei a bicicleta não tive nenhuma informação de como carregar. O
vendedor só me disse como fazer e eu confiei”.

Na opinião dele, os fabricantes de bicicletas elétricas deveriam ter mais
cuidado com esses procedimentos.

“Eu acho que tinha que ter mais informações do fabricante, ter uma gestão de
risco sobre o local onde você vai carregar. Por exemplo, eu nunca mais vou
carregar uma bateria dentro de casa”, completou Marcos.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Comando Vermelho expande atuação para Amapá, Pernambuco e Espírito Santo, totalizando presença em 23 estados, revela relatório da Senapen.

DE se expande para mais três estados em um ano, totalizando
presença em 23, diz relatório da Senapen

No último ano, Amapá, Pernambuco e Espírito Santo passaram a constar na relação
de estados onde a facção atua.

Um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais
(Senapen) mostra que a facção Comando Vermelho (CV) continua em expansão, 45
anos após seu surgimento no Rio. Segundo o estudo, o grupo criminoso hoje atua
em 23 estados – três a mais do que no ano passado.

No último ano, Amapá, Pernambuco e Espírito Santo passaram a constar na relação
de estados onde a facção atua. A organização criminosa só não tem representantes
no Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo – onde
atua o PCC. A quadrilha paulista, segundo o relatório é a única que tem
integrantes em mais estados que o CV, com 24.

O estudo revelou que o CV tem hoje 134 homens com posições de comando espalhados
em presídios do país, o que representa 21% de todos os chefes de facções presos.
O CV controla, também, 125 pavilhões no país.

“Essa expansão do Comando Vermelho, em alguns estados, principalmente para região
norte e nordeste é uma tendência por ser uma organização criminosa que se
caracteriza por ser territorialista. Há talvez um interesse nessas regiões por
serem regiões de fronteira com outros países, fronteira seca mas também pegando
ali a costa do nosso Oceano Atlântico”, diz o diretor de Inteligência
Penitenciária da Senapen, Antônio Glautter.

REFÚGIO PARA CRIMINOSOS DE OUTROS ESTADOS

A expansão do Comando Vermelho pelo Brasil fez do Rio de Janeiro um local
buscado por bandidos dessa quadrilha. Seja pela facilidade de se esconderem ou
por ser aqui a origem da facção, o Rio abriga hoje pelo menos 253 criminosos
foragidos de outros estados.

Só do Pará, são mais de 80 fugitivos. O local é tão estratégico para esses
bandidos que os três homens que comandam o tráfico de drogas naquele estado
vivem no Rio.

Segundo a investigação da Polícia Civil do Pará, Tiago Teixeira Sales, conhecido
como Gato Mestre, atualmente ocupa o cargo que eles chamam de presidente da
facção no estado.

Anderson Souza Santos, o Latrol, tem o cargo de vice e David Pinheiro Palheta, o
Bolacha, é o tesoureiro do Comando Vermelho do Pará. Segundo as investigações,
eles se escondem na Vila Cruzeiro e no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.

“A própria topografia do Rio de Janeiro favorece. A desordem urbana, que é a
regra em todo o estado, isso favorece muito que esses faccionados venham para cá
se esconder. Imagina uma operação dessa na Maré, a complexidade que é para
localizar uma pessoa ali dentro, a quantidade de prédios, para baixo, para cima,
você não tem endereço”, diz o secretário de Segurança do Rio, Victor Santos.

O professor de Ciências Políticas Benjamin Lessing, da Universidade de Chicago
(EUA), se especializou em facções criminosas. Ele pesquisa justamente a expansão
do Comando Vermelho pelo Brasil e diz que um dos principais motivos foi a
transferência de chefes do Rio para presídios federais.

“Aqui no Rio de Janeiro temos um único presídio de segurança máxima. O ideal é
que nós tivéssemos pelo menos mais uns dois aqui no Rio. São mais de 43 mil
presos no Rio de Janeiro. Então, a dificuldade de controle disso é realmente o
grande desafio da Seap. Tecnologias que evitem, por exemplo, que o preso
continue mesmo dentro do sistema se comunicando aqui fora através de telefones
celulares”, opina.

“O único objetivo de que se fala é: ‘Vamos acabar com o crime organizado, vamos
acabar com as facções, guerra às facções, combate ao crime”. Mas a ideia de que
você vai acabar com os mercados de drogas, com o tráfico de drogas, é ilusório.
Alguma coisa está dando errado. Vão vai acabar com o crime organizado fazendo
aquilo que está fazendo há 40 anos”, acrescenta.

Na visão do secretário de segurança, mesmo não sendo infalíveis, os presídios de
segurança máxima diminuem a comunicação entre os presos. Essas operações elas vão
ter que continuar ocorrendo. É um risco, é um risco que vamos ter que correr sob
pena de nós termos um narcoestado no Rio de Janeiro. O avanço desses traficantes
e milicianos não pode prosperar. E é isso que as forças de segurança vão fazer.
Vão fazer operações com muita inteligência, com muito planejamento, mas com
muita contundência. Eles não vão ter sossego.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp