Beneficiários acima de 30 anos representam quase 20% das bolsas do ProBem

O Programa Universitário do Bem (ProBem), iniciativa do Governo de Goiás que beneficia estudantes em vulnerabilidade social de todos os 246 municípios goianos, se destaca também ao ampliar o acesso ao ensino superior para pessoas com idade acima de 30 anos. Desde que foi lançado em janeiro de 2021, o ProBem, que é mantido pelo Goiás Social e a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), já beneficiou 44 mil estudantes. Atualmente, entre as bolsas ativas, 19,6% são de homens e mulheres acima dos 30 anos.

De acordo com o levantamento feito pelo jornal O Popular, com dados do Censo da Educação Superior, de 2013 a 2022 o total de ingressantes nessa faixa etária passou de 19,7 mil para 50,6 mil pessoas em Goiás. Deste montante, apenas neste semestre, 2,9 mil são beneficiários do ProBem.

“Esses dados não representam apenas números, são pessoas que jamais teriam condições financeiras de cursar o Ensino Superior e que agora estão realizando sonhos da juventude. Sonhos esses que estavam adormecidos, pois não havia até então uma ação de governo que possibilitasse isso de forma justa e transparente, como o ProBem. Eu digo sempre que é muito gratificante saber que esse trabalho desenvolvido pelo Estado tem transformado a realidade e melhorado a vida de famílias inteiras em todos os cantos de Goiás”, destacou a presidente de honra da OVG e coordenadora do Goiás Social, primeira-dama Gracinha Caiado.

Transformação

Estudante de Enfermagem com bolsa parcial, Sandra Rodrigues Martins e Silva, de 52 anos, é uma das beneficiárias do Probem. Ela dedicou a maior parte de sua vida a cuidar das duas filhas, hoje com 20 e 22 anos, mas agora tem a oportunidade de realizar seu maior sonho. “Eu nunca desisti, eu sentia aqui dentro que um dia eu poderia estudar E dizer que tenho uma profissão”, contou.

Bárbara Martins e Silva, filha de Sandra, é bolsista integral de Nutrição. Ela e a irmã incentivaram a mãe a realizar o sonho do curso superior. “Minha mãe sempre falava que queria ter estudado, mas que naquela época não teve oportunidade. Quando eu ingressei no ProBem, fiz questão de incentivar e de ajudar na inscrição.”

Daniel Augusto de Souza, de 47 anos, também encontrou nas ações do Goiás Social e da OVG a oportunidade que precisava para se tornar advogado. “Eu nasci em um lar de 10 filhos. Meus pais, de origem humilde, não tinham condições de dar estudo para todos nós, por isso batalhei desde cedo, trabalhando de pedreiro. Já casado, cheguei a entrar na faculdade, mas tive que abandonar o curso por não ter como pagar. Mas isso mudou quando conheci o ProBem. Me inscrevi e, de primeira, consegui a bolsa integral.”

ProBem

O ProBem representa a oportunidade de acesso a milhares de estudantes em situação de vulnerabilidade social a bolsas de estudos integrais e parciais para a primeira graduação em instituições de Ensino Superior privadas ou públicas não gratuitas, localizadas no Estado de Goiás.

Para concorrer ao benefício é necessário que o candidato esteja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal e possua vaga na Instituição de Ensino Superior (IES) em curso presencial, além de residir em Goiás. A seleção dos beneficiários é realizada a partir de análise multidimensional de vulnerabilidades socioeconômicas.

“O que tenho a dizer a todos os goianos é que jamais desistam dos seus sonhos. Como o governador Caiado sempre diz, nunca é tarde para começar a escrever uma nova história. Eu espero de coração encontrar muitas histórias como a de Sandra e Daniel. São casos assim que nos movem a fazer sempre mais”, frisou Gracinha Caiado.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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