Bernardo Pessi, candidato à presidência do Avaí, fala sobre os desafios financeiros e a reestruturação do clube

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Os primeiros seis meses serão de guerra”, diz Bernardo Pessi, candidato à presidência do Avaí

Candidato da Chapa 1 fala em crise financeira e necessidade de reestruturação

O candidato à presidência da Associação Administrativa do Avaí Futebol Clube, Bernardo Pessi, da Chapa 1 “Leão Campeão”, participou na tarde desta quinta-feira do programa Debate Diário, na CBN Floripa.

As eleições do clube estão marcadas para o dia 9 de novembro. Nesta sexta-feira, o candidato da Chapa 2 “O Avaí é Nosso”, Renan Schlickmann, também será entrevistado no programa.

Bernardo Pessi, candidato à presidência do Avaí — Foto: Divulgação

Responsabilidade e trajetória no clube

“A presidência do Avaí é um cargo com uma responsabilidade e uma ascendência sobre a instituição que todos, de alguma forma, almejam. Aquele torcedor avaiano que sente vontade de ajudar e contribuir busca ser um dia, como também atacante ou treinador. Estamos muito mais no campo do poder, do conseguir. Não é simplesmente levantar a mão e sair concorrendo. A pessoa, para ser presidente, tem que ter capacidade de fazer isso.

Tenho uma história muito longa no Avaí, pessoal e familiar. Desde o meu avô, que foi presidente do clube nos anos 40 e 50, que transmitiu para o meu pai, depois para mim, e eu já transmiti para o meu filho. Eu estive no Conselho Deliberativo há mais de 10 anos, acompanhando de perto o clube, como ele funciona, as pessoas que fazem ele, as necessidades, as falhas e acertos.

Nas eleições passadas, eu participei de forma ativa. O presidente na época era o Battistotti, que fez uma chapa de situação. Naquele momento, de dentro do grupo do Battistotti saiu a chapa do Júlio, e eu participei de uma terceira, do Bonatelli. Eu entendo que consigo, tenho um projeto sólido e trago hoje algo a contribuir, especialmente para o momento que estamos vivendo.”

Discussão sobre SAF

“A Lei da SAF foi promulgada em 2021 e passou a vigorar em 2022. Desde lá, o Avaí tem discutido incessantemente esse assunto. Foram mais de 40 reuniões sobre isso, seminários, comissões tratando sobre o tema. Eu entendo que o Avaí está apto e maduro para enfrentar este tema. É um tema polêmico, sempre foi e vai continuar sendo.

Agora, precisamos de algumas premissas básicas. A base dessa discussão é que a SAF não é uma solução. Isso não serve só para o Avaí, mas sim para qualquer time. Agora, a SAF, não se tem dúvida — especialmente pelo momento que o Avaí está — é uma alternativa a ser estudada, e precisamos fazer isso o mais rápido possível. Enfrentar o assunto, nem que seja para dizer não.

Eu estou aqui apresentando um projeto de candidatura para uma associação Avaí Futebol Clube. Não tenho projeto de SAF, trago ideias de como uma associação pode ser gerida. No meio do ano, o Júlio trouxe para o Conselho Deliberativo a informação de que estaríamos recebendo uma proposta. Ela não chegou ainda, mas vai chegar, e a gente tem que enfrentar.

O Avaí é viável com ou sem SAF. Mas qual o objetivo o clube quer atingir? Aí vamos encontrar o melhor caminho. A gente tem que discutir isso no início da gestão já, nem que seja para fazer depois. E essa decisão é do torcedor do Avaí. Não será feito nada goela abaixo, nada a toque de caixa, nada sem consultar o Conselho Deliberativo e a torcida.”

Atletas do Avaí em treino no CFA da Ressacada — Foto: Leandro Boeira/Avaí F.C.

Departamento de futebol e elenco

“Esse trabalho já começou. Não vou ficar falando nome de diretor de futebol e de técnico, porque seria irresponsável, apesar de eu já ter conversado com dois.

O Avaí está terminando agora com o departamento de futebol esfacelado. Está sendo triste, uma vergonha o que está acontecendo no final de gestão. A gente não tem diretor de futebol; tem o Roberto Braga, que é o diretor de base, está tentando ajudar como pode, não é culpa dele. Perdemos o diretor de análise de mercado, que saiu do clube. Precisamos começar quase do zero.

A gente tem bons talentos, pessoas que podem ajudar, mas precisamos reestruturar isso. O Avaí tem, até o ano que vem, 11 jogadores com contrato, mais seis até o Estadual. Isso já dá uma base estabelecida para montagem de elenco. Temos pelo menos oito meninos da base, que podemos usar e até devemos, porque não temos muita opção nesse calendário achatado que temos agora.

Vamos precisar contratar até o fim do ano, provavelmente 10 ou 11 atletas, para formar um elenco com o número que temos hoje, aproximadamente 33 atletas. Ano que vem temos mais duas competições para disputar. Passou este ano por 52 jogos e, no ano que vem, podemos ter até 72. Então, 20 jogos é muita coisa. Claro que depende do quanto avança na Copa do Brasil e na Copa Sul-Sudeste, mas o elenco vai precisar ser enxuto, por causa da capacidade financeira, mas inteligente.

A linha-mestra passa por quatro posições fundamentais: precisamos de um goleiro firme que dê segurança; um xerife na zaga, que consiga ser uma liderança; um 10 que faça as jogadas; e um fazedor de gol. Estamos há dois ou três anos com dezenas de atacantes que passaram pelo Avaí e ninguém convenceu. O mais próximo do que convenceu foi o Thayllon, que entra faltando cinco minutos, o que é triste e vai ser corrigido.”

Vinícius Bergantin, técnico do Avaí — Foto: Avaí F.C.

Avaliação sobre técnico e funcionários

“Eu tenho uma definição bem clara. Tenho tomado o cuidado e a responsabilidade de não ficar demitindo ninguém ou contratando pela rádio. A gente precisa estabelecer o nível de eficiência de cada um desses funcionários.

Vamos precisar fazer cortes no administrativo. Não temos condição de pagar salários tão altos que entregam talvez não o suficiente. Essa reestruturação vai ser feita. Não terá caça às bruxas.

Em relação ao Bergantin, não o conheço, não conversei com ele. O que sabemos é o que se vê na imprensa. A amostragem dele no Avaí é muito pequena e em um transtorno e condição de trabalho muito difíceis: num campeonato mexido, difícil, com pressão, sem salário, com a diretoria esfacelada e a pressão do torcedor.

Com a avaliação que fiz até aqui, não acredito que o Bergantin seja exatamente o que o Avaí precisa para início de trabalho no ano que vem. Não significa que isso seja uma decisão de demissão.”

Situação financeira e desafios

“Eu tenho adotado um discurso de cautela e seriedade. Muito mais do que ficar vendendo sonho para o torcedor, ele não vai cair nessa. Precisamos botar os pés no chão e entender que a realidade que temos na frente é muito mais de atenção.

Vai ser muito difícil fazer isso (pagar os salários), porque a gente assume com eles atrasados. E a crise é muito pior do que imaginamos. Vamos passar seis meses iniciais do ano que vem em um cenário de guerra, praticamente — muito grave.

Temos uma dívida histórica gigantesca, que está na Recuperação Judicial (RJ) e na Transação Tributária. O Avaí tem R$ 40 milhões em RJ e R$ 140 milhões em Transação Tributária, e isso não pode deixar de ser pago. A gente estima que tem entre 15 e 20 milhões para fechar só este ano.

Então, vamos precisar fazer uma espécie de auditoria de planejamento, levantar e já ir fazendo isso com o que temos estimado, o que temos para fechar este ano, quando venceu e o que podemos fazer para jogar no tempo. Fazer um pacote dessas dívidas, entender quais são urgentes e imediatas, renegociar e espalhar no tempo para que a gente consiga pagar.

A dívida da Recuperação Judicial é uma parcela mensal de R$ 450 mil por mês, por dez anos, e vai criando abatimentos no caminho. A Transação Tributária não está assinada, mas, quando for, vai gerar uma obrigação de parcelas de mais ou menos R$ 250 a 300 mil por mês.

No cenário em que o Avaí tem, historicamente, um orçamento anual de 30 a 35 milhões, isso é quase 20% da receita do clube por ano. O que eu falo é dos créditos extraconcursais: os valores e dívidas que ficam deste ano — ações trabalhistas, fornecedores, funcionários, imagens, CLT de atleta — tudo isso vai formar um pacote que eu estimo que seja de 15 a 20 milhões para fechar este ano.

Com certeza vai pintar mais alguma coisa (algum atleta na Justiça), não tenho dúvida nenhuma que sim. Teve um processo de transformação dentro do clube, de nível organizacional e administrativo, que foi muito positivo. Antes, na gestão Battistotti para trás, o clube era muito amador.

Muita bagunça e de qualquer jeito. Isso, me parece, acabou. Vamos ter mais trabalho para lidar melhor com essas surpresas que aparecem. É um elogio à administração atual, a nível organizacional — talvez tenhamos inchado demais, ficou caro.”

Para mais informações sobre o esporte catarinense, acesse o site ge.globo/sc.

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