Biofilia: entenda como arquitetura que aproxima pessoas da natureza impacta na saúde e no bem-estar
Conceito que ganhou força na pandemia tem efeitos positivos comprovados em casas, escritórios e espaços urbanos.
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Biofilia: arquitetura que aproxima pessoas da natureza impacta na saúde e no bem-estar
Trabalhar em um escritório iluminado pela luz do sol ou viver em uma casa rodeada por plantas não é apenas uma questão estética. Pesquisas já apontam que a presença de elementos naturais nos ambientes influencia diretamente no bem-estar, na produtividade e até na criatividade.
Há dez anos, o relatório Human Spaces: O impacto global do design biofílico no local de trabalho, apontou que profissionais que atuavam em locais com vegetação e luz natural apresentavam 15% a mais de bem-estar, além de índices de produtividade 6% maiores e criatividade 15% superior quando comparados a quem trabalhava em espaços totalmente desconectados da natureza.
De lá para cá, a tendência se fortaleceu e é neste contexto que a biofilia ganhou espaço. O termo, de origem grega, significa amor à vida e é usado para designar projetos que integram natureza e construções.
Na psicologia, a biofilia é entendida como uma necessidade humana. A psicóloga Dariene Castellucci, DE Ribeirão Preto (SP), explica que a atração por elementos naturais tem base evolutiva.
> “Somos seres sociais e culturais, mas também biológicos. Nosso organismo responde ao contato com a natureza de forma positiva, regulando emoções e até indicadores fisiológicos. Ambientes biofílicos reduzem níveis de cortisol, hormônio ligado ao estresse, além de melhorar humor e concentração”.
Ela ressalta que ambientes com elementos naturais trazem benefícios para todas as idades. No caso das crianças, espaços verdes favorecem a atenção e contribuem para o aprendizado, inclusive em situações de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Para os adultos, o contato com a natureza auxilia no enfrentamento da rotina estressante e reduz sintomas de ansiedade e depressão.
Já entre os idosos, a biofilia reforça vínculos sociais e ajuda a combater a solidão, um dos maiores desafios da terceira idade. A biofilia ainda tem impacto sensorial nas pessoas, segundo a psicóloga.
O som da água corrente, o cheiro da terra molhada, a visão de um pássaro colorido. Esses estímulos despertam lembranças e emoções, fortalecendo nossa sensação de pertencimento. É um convite a sair do modo automático da vida urbana e resgatar o encantamento pelo que é vivo.
— Dariene Castellucci, psicóloga.
A arquiteta Camila Strang, da Casacor de Ribeirão Preto (SP), explica que, nos últimos anos, a biofilia vem se consolidando como resposta à vida urbana, marcada pelo excesso de concreto.
“A biofilia busca reconectar o ser humano com o que é natural. Quando trazemos plantas, luz solar, ventilação cruzada ou materiais como madeira e pedra para dentro de casa ou do trabalho, criamos espaços mais saudáveis e que nos ajudam a desacelerar”.
Dariene explica que pequenas mudanças já ajudam a transformar a rotina.
“Não é preciso grandes obras. Quando você abre espaço para a natureza dentro de casa, isso já regula as emoções, melhora o humor e traz sensação de calma”.
VENTILAÇÃO NATURAL, MADEIRA E FIBRAS
Segundo Camila, a biofilia pode estar presente em diferentes escalas, que vão desde abrir mais janelas para aproveitar a ventilação natural, até incluir vasos de plantas resistentes ou trocar tecidos sintéticos por fibras naturais.
Entre os materiais mais utilizados estão madeira, pedra, fibras naturais como algodão e linho, além de cores que remetem à natureza, como tons de verde, terracota e azul.
> “Jardins verticais automatizados, fachadas verdes e grandes painéis de vidro ajudam a potencializar a iluminação natural e aproximar os ambientes da paisagem externa. Mas não é preciso gastar muito: a intencionalidade de trazer a natureza para perto já define um espaço biofílico”.
Elementos sensoriais, como fontes de água ou até mesmo aromas naturais, também definem o conceito.
EXEMPLOS EM DIFERENTES AMBIENTES
A aplicação da biofilia se adapta a diversos contextos:
* Residências: hortas caseiras, vasos de plantas em diferentes cômodos, uso de madeira aparente, janelas amplas e espaços de contemplação.
* Escritórios: jardins internos, integração de áreas de convivência com vegetação e aproveitamento da luz natural.
* Educação: escolas com pátios arborizados e salas arejadas estimulam a atenção e a criatividade dos alunos.
* Hospitais: estudos mostram que pacientes em quartos com vista para árvores têm recuperação mais rápida e menor necessidade de analgésicos.
* Comércio: lojas iluminadas naturalmente aumentam a satisfação dos clientes e podem elevar as vendas em até 40%, segundo o instituto americano ‘Eneref Institute’.
PANDEMIA INTENSIFICOU BIOFILIA
A procura por ambientes mais saudáveis se intensificou após a pandemia, quando a vida em casa destacou a importância de espaços restauradores.
O que define um espaço biofílico não é a quantidade de verde, mas a intenção de integrar a natureza ao cotidiano. Essa escolha transforma uma casa em lar, um escritório em lugar de convivência e uma escola em espaço de aprendizado. É trazer vida para dentro do concreto.
— Camila Strang, arquiteta.
Veja abaixo cinco dicas práticas para começar a aplicar o conceito dentro de casa:
Inclua plantas fáceis de cuidar: Espécies como jibóia, zamioculca e espada-de-são-jorge exigem pouca manutenção e já transformam o ambiente.
Valorize luz e ventilação natural: Abra janelas, use cortinas leves e privilegie a ventilação cruzada para melhorar a circulação de ar.
Use materiais naturais: Opte por madeira, pedra, algodão ou linho no lugar de sintéticos. Esses elementos criam sensação de aconchego e bem-estar.
Traga estímulos sensoriais: Fontes de água, aromas de plantas ou até o som de pássaros ajudam a criar uma atmosfera de calma.
Crie espaços de contemplação: Reserve um canto com verde, varanda ou pátio para pausas e momentos de descanso, mesmo em casas pequenas.
O design biofílico reúne elementos como plantas, água, luz do sol e materiais de origem natural para criar espaços capazes de promover benefícios para a saúde física e mental.
Sob a supervisão de Flávia Santucci
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