Em “A menina do Narizinho Arrebitado”, de 1920, Monteiro Lobato descreve a personagem Tia Nastácia como uma “negra de estimação”. Mas cem anos depois, Cleo Monteiro Lobato, bisneta do autor, modificou estes termos polêmicos que são alvos de crítica.
Agora, Tia Nastácia é descrita apenas como “amiga de infância de Dona Benta”. Monteiro Lobato e sua obra tem sido revisitados nos últimos anos e questionados pelo modo como escrevia sobre os negros.
Mas a bisneta garante que o bisavô não era racista: “através de relatos de familiares, posso afirmar e reafirmar que ele não era racista. O problema é que ele sempre foi questionador e nos ensinava a pensar, o que nem sempre foi bem visto”, declarou, ao jornal GZH.
O secretário da Cultura, Mário Frias, criticou a mudança na obra centenária que precede “Sítio do Pica-pau Amarelo”: “Quantos livros e histórias que embalaram minha infância. Que vergonha!”.
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, disse que “nenhum preto pediu a mutilação da obra”. E seguiu: “Meu pai é escritor. Alterar uma única palavra de sua obra, após sua morte, seria como esfaqueá-lo pelas costas”.