Blocos do Rio ampliam acessibilidade para foliões com deficiência

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Blocos cariocas ampliam medidas de acessibilidade

Blocos Dinos, Exagerado e Senta que Eu Empurro investem em acessibilidade e garantem inclusão para foliões com deficiência no Carnaval de rua do Rio.

O carnaval de rua do Rio de Janeiro está aumentando medidas para a inclusão de foliões com deficiência. Cada vez mais blocos têm investido em espaços acessíveis, intérpretes de Libras e outras iniciativas para garantir que todos possam aproveitar a folia com segurança e conforto. Entre os coletivos que têm feito ações nesse sentido estão Bloco Dinos, Bloco Exagerado, Orquestra Voadora e Bloco Senta que Eu Empurro.

O bloco Dinos A/C, que desfila desde 2015, inicialmente, o grupo criou um espaço chamado “Família”, voltado para idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Em 2024, o bloco decidiu ampliar a estrutura e tornar o evento ainda mais acessível. A inspiração veio da homenagem ao Paralamas do Sucesso, banda que tem Herbert Vianna como vocalista e que se tornou cadeirante após um acidente. “Pensamos em como tornar nosso carnaval mais acessível, para que todos pudessem curtir com a gente”, explica Isabela Dantas, presidente do bloco. Agora, o espaço conta com intérpretes de Libras, banheiros acessíveis, abafadores sonoros para foliões neurodivergentes e uma área elevada com rampa para cadeirantes. O credenciamento pode ser feito antecipadamente pelo Instagram do bloco ou no dia do evento. Para 2025, a estrutura será realocada para garantir ainda mais visibilidade e interação com a bateria. Neste ano, o Bloco Dinos homenageia Lulu Santos, levando para as ruas o grito de liberdade inspirado no verso “vamos nos permitir”, da música “Tempos Modernos”.

Exagerado

Inspirado na obra de Cazuza, o bloco Exagerado decidiu investir na acessibilidade em 2024 e agora expande as iniciativas para a edição de 2025. Segundo Rafael Braga, produtor cultural do bloco, a ideia surgiu da percepção de que “muitas pessoas com deficiência não tinham acesso à festa da mesma forma”. O bloco passou a contar com um espaço reservado para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, além da presença de intérpretes de Libras para a tradução das músicas e anúncios do evento. O público pode se cadastrar previamente ou garantir o acesso na hora. “Queremos que a energia do carnaval seja para todos. No ano passado, percebemos o impacto positivo da inclusão, com foliões relatando que puderam viver uma experiência única, sentindo a vibração da bateria de perto”, diz Rafael.

Bloco Senta que Eu Empurro: 100% inclusivo

Diferente dos demais blocos que criam espaços acessíveis, o bloco Senta que Eu Empurro já nasceu com a proposta de ser totalmente inclusivo. Fundado em 2008, ele foi idealizado para atender exclusivamente pessoas com deficiência e seus acompanhantes. Segundo Raphael Costa, vice-presidente do bloco, a escolha do nome veio de uma reunião entre amigos, quando uma cadeirante brincou com um colega cego dizendo “Senta que eu empurro”. “Na hora, a gente riu e pensou: isso dá nome a um bloco!”, relembra Raphael. O desfile acontece no Largo do Machado, local escolhido pela acessibilidade: há metrô, pontos de ônibus e uma área plana para facilitar a locomoção. “A cidade ainda não é 100% acessível, mas o carnaval pode ser um espaço para chamar a atenção para isso”, explica. Este ano, o bloco terá um telão com intérpretes de Libras se revezando durante o desfile, além de uma parceria com a Fiocruz para distribuir cartilhas contra o anticapacitismo.

Orquestra Voadora

Um dos blocos mais importantes na formação de musicistas e multiplicação de fanfarras no Rio, a Orquestra Voadora também tem atenção especial para a questão da acessibilidade. O bloco criou um Núcleo de Acessibilidade, em 2018, que tem como objetivo garantir a plena participação de pessoas com deficiência em todos os níveis de atividade do coletivo – ensaios, oficinas e desfiles. A parceria com a ONG Boomerang, iniciada em 2020, garante a coleta seletiva de resíduos nos eventos, minimizando o impacto ambiental. Mais ainda: a iniciativa pioneira de compensação de carbono, realizada em 2024 em parceria com o ICMBio, por meio do plantio de mudas de Mata Atlântica, demonstra a responsabilidade ambiental e busca por práticas sustentáveis, alinhando-se diretamente ao ODS 13 (Ação Climática) e ao ODS 15 (Vida Terrestre). Além disso, o engajamento social se estende para além da atividade principal da Orquestra Voadora, que tem um histórico de colaborações com organizações – como o Hemorio (“Vem doar pra mim”), a TETO (“Coleta”) e a homenagem feita a Marielle Franco, demonstrando o compromisso com a saúde, a luta contra a pobreza e a promoção da justiça social. A participação do coletivo em eventos como a Mostra de Artes da Maré evidencia seu apoio à cultura popular e à valorização da diversidade.

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