“Boa notícia, até o momento”, diz representante dos entregadores de Goiás

A plataforma Ifood anunciou que, a partir de 2 de abril, o valor mínimo que os entregadores receberão por uma rota passará de R$5,31 para R$ 6. Além disso, o valor de cada quilômetro rodado terá aumento de 50%, passando de R$ 1 para R$ 1,50. O anúncio vem depois dos reajustes nos preços dos combustíveis, anunciados pela Petrobras.

Para Miguel Veloso, representante dos profissionais dos aplicativos de entrega, a atualização dos preços é bem-vinda. “É uma boa notícia, até o momento, porque há muito tempo não temos reajuste na plataforma e o preço muito alto dos combustíveis está afetando demais a categoria. Como reajuste, se eu ganhava R$ 10 para rodar 10 Km, vou passar a ganhar R$ 15”, exemplifica.

Segundo Veloso, Goiás tem cerca de 8 mil entregadores em serviços de aplicativo, sendo que 3,5 mil deles atuam em Goiânia. Um deles é Joel Souza Maciel, 29 anos, que trabalha com entregas no Ifood desde outubro de 2021. Rodando 12 horas por dia, atua no aplicativo de comida nos horários de almoço e jantar e, no restante do tempo, faz entregas de objetos pelo Uber Flash.

“Espero que o reajuste melhore porque este aumento dos combustíveis é muito trágico para nós. Tem muita corrida que a gente lança no sistema do aplicativo e que, sinceramente, não cobre nossas despesas de trabalho. Tem muita entrega longe com preço baixo”, afirma Joel.

O representante dos entregadores destaca que, apesar do reajuste, a categoria precisa de outras melhorias nas condições de trabalho. “A própria questão de nós, parceiros do Ifood, não termos um ponto de apoio, um local onde podemos carregar o celular e fazer necessidades básicas, é um problema. Estamos lutando para isso”, explica Miguel Veloso.

Joel conta que não sentiu aumento das corridas no Uber Flash, mesmo com o reajuste anunciado pela empresa. (Imagem: Arquivo pessoal)

Corridas de carro

Os reajustes também foram anunciados para os motoristas que transportam pessoas por aplicativos. No último dia 14, a Uber disse que o preço da corrida ficaria 6,5% mais caro, por conta de um ajuste temporário, diante do aumento dos combustíveis. Já a 99 anunciou que aumentaria em 5% o ganho dos motoristas a cada quilômetro rodado.

No entanto, Rodrigo Vaz, vice-presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de Goiás (Amago) afirma que o aumento não chega, de fato, para o motorista. “Não vemos esse reajuste acontecer. O passageiro reclama que a corrida está mais cara, mas esse aumenta não chega até nós. No máximo, o que percebemos é aumento de centavos, cerca de R$ 0,50 ou R$ 1 a cada 20 Km”, relata.

Ainda segundo o vice-presidente da Amago, o contato com a plataforma é difícil. A empresa é internacional e nós não temos respaldo da lei, como os sindicatos têm, para sentar e conversar com a plataforma para tentar resolver”, afirma.

Diante das dificuldades de trabalho, Vaz afirma que muitos motoristas têm desistido de atuar no ramo, em Goiás. “Até dezembro de 2020, eram cerca de 40 mil motoristas. Hoje, se tiver 15 mil é muito, em todo o estado. Está no aplicativo as pessoas que o mercado de trabalho não absorveu ou aquelas que preferem ficar em vez de ganhar um salário mínimo em um emprego” explica.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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