Caderno escrito por homens em boate revela lista de dívidas de jovens ameaçadas e estupradas para ‘quitação’
Durante a operação, na segunda-feira (24), em Auriflama (SP), quatro homens foram presos. Mulheres eram exploradas sexualmente, estupradas e mantidas em cárcere privado, segundo a investigação. Uma adolescente foi forçada a consumir drogas.
Um caderno de contabilidade escrito pelos homens suspeitos de explorar sexualmente de pelo menos 10 jovens em boates no noroeste paulista, revela a lista de dívidas. O documento revela que as vítimas contraíram dívidas por drogas que consumiam e eram obrigadas a pagar. Elas foram ameaçadas e estupradas como forma de “quitação”, segundo as investigações.
A Polícia Civil identificou pelo menos dez jovens alvos da quadrilha investigada pelos crimes cometidos em boates em Catanduva, Auriflama, Pereira Barreto (SP) e Aparecida do Taboado (MS). Todas as boates são do mesmo proprietário.
Durante a operação, na segunda-feira (24), em Auriflama, a polícia prendeu quatro homens, sendo dois em flagrante por tráfico de drogas. Após um mandado de prisão emitido pela Justiça, os policiais encontraram e prenderam o gerente e o dono das boates em Auriflama. Um homem, identificado como ex-gerente de Catanduva, está foragido.
Ao DE, a delegada responsável pela investigação, Caroline Baltes, informou que as mulheres também eram forçadas a consumir drogas vendidas pelos administradores desses locais e contraíam as dívidas.
As apurações apontaram que uma adolescente de 14 anos foi forçada a consumir drogas, sem conhecimento do potencial maléfico. Ela quase teve uma overdose após ser induzida a consumir as substâncias sem saber do perigo.
As investigações começaram após Regina Aparecida Marques Vieira, de 19 anos, ser encontrada morta, no dia 25 de fevereiro, em uma boate em Auriflama (SP). O caso, inicialmente tratado como suicídio, passou a ser investigado como homicídio ou indução ao suicídio. Conforme a polícia, as mulheres eram atraídas pelos criminosos com falsas promessas de trabalho.
A polícia identificou que as vítimas estavam em situação de vulnerabilidade e eram privadas de sair de dentro dos locais, além de ficarem sem alimento, água e acesso à comunicação. A delegada relatou que as mulheres eram agredidas quando tentavam escapar pulando o muro para comprar alimentos. Os estabelecimentos foram fechados e lacrados por determinação judicial. A quadrilha é investigada por organização criminosa, favorecimento da prostituição, cárcere privado, estupro e homicídio.