Bolsolão é o novo mensalão

Bolsolão é o novo mensalão

O economista e fundador da associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, acredita que o governo Bolsonaro criou uma forma de distribuir recursos para um grupo seleto de parlamentares, driblando o orçamento oficial, o Congresso Nacional e os órgãos de controle. Ele se refere a notícia publicada pelo O Estado de S. Paulo de o governo Bolsonaro criou uma espécie de orçamento paralelo de R$ 3 bilhões para ampliar sua base de apoio no Congresso.

“Esse caso é mais uma vez compra de apoio político disfarçado de emenda parlamentar. É uma espécie de mensalão com recursos do orçamento para favorecer alguns parlamentares que o governo resolveu contemplar. Não tem transparência, porque não se sabe quem foi o autor do pedido e o local beneficiado” , disse Castello Branco.

Ele afirma que todos têm direito a emedas parlamentares na elaboração do orçamento oficial, e que no primeiro ano de governo, foi criada a “emenda do relator”, em que deputados e senadores governistas driblam as leis orçamentárias para obter os recursos direto da fonte e direcioná-los aos seus redutos, assim são os próprios parlamentares que definem o destino, em valores mais altos que as emendas obrigatórias.

“Percebe-se claramente que poucos deputados e senadores têm o privilégio de encaminhar pedidos diretos ao Ministério do Desenvolvimento Regional, no caso, para alocar recursos em programas historicamente usados com fins eleitoreiros, como pavimentação, perfuração de poços e compra de equipamentos agrícolas.”

O economista ressalta que é “extremamente difícil fiscalizar a aplicação desse recurso da maneira como está sendo aplicado”, e que “isso tem que ser investigado.”

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PF investiga general ligado ao governo Bolsonaro por imprimir plano para matar Moraes, Lula e Alckmin no Planalto

A Polícia Federal (PF) revelou que o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-ministro interino do governo Bolsonaro, teria impresso no Palácio do Planalto um “plano operacional” para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano de três páginas foi encontrado no gabinete da Secretaria-Geral. Fernandes foi preso na manhã desta terça-feira (19).

De acordo com a PF, o documento, salvo sob o título “Plj.docx” (referência à palavra “planejamento”), detalhava a execução do plano. Além disso, outros arquivos sensíveis, como “Fox_2017”, “Ranger_2014” e “BMW_2019”, foram localizados na pasta “ZZZZ_Em Andamento”, que a polícia interpretou como um indício de que as ações estavam em fase ativa. Curiosamente, os nomes dos arquivos remetiam a veículos pessoais do general, segundo o relatório policial.

A defesa de Mário Fernandes ainda não se pronunciou sobre o caso.

Operação e alvos

A operação desta terça-feira prendeu quatro militares e um policial federal, todos investigados por ligação com um suposto grupo denominado “Kids Pretos”, formado por integrantes das Forças Especiais. O grupo é acusado de planejar o assassinato de lideranças políticas após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Ao todo, a operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e determinou 15 medidas cautelares, incluindo a entrega de passaportes e a suspensão de funções públicas dos envolvidos. Entre os alvos estão Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.

A investigação faz parte de um inquérito mais amplo que apura possíveis tentativas de golpe de Estado relacionadas à eleição de 2022.

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