O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ficar longe de campanhas eleitorais como candidato. Ele admitiu que deve ficar inelegível, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgue procedente um processo propaganda irregular. Ele já havia sido multado em R$ 20 mil em setembro do ano passado dentro da mesma ação. A prisão não é uma possibilidade, na opinião dele.
“O processo que vai ser julgado no TSE é pela reunião que fiz com embaixadores no ano passado. Foi o crime que eu cometi, sendo que a política externa é privativa minha e do respectivo embaixador nosso. Mas, infelizmente, em alguns casos no Brasil você não precisa ter culpa para ser condenado. Então, existe a possibilidade de inelegibilidade, sim”, disse em uma evento voltado a empresários brasileiros nos Estados Unidos.
Ele acredita que só irá preso em caso de arbitrariedade por não existirem motivos. A associação entre ele e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro com apoiadores destruindo as sedes dos Três Poderes é infundada, na perspectiva dele. Bolsonaro também afirmou que a tentativa de impedi-lo de tentar ser eleito novamente é uma estratégia que considera Lula fora do cenário político para uma reeleição.
O integrante do Partido Liberal não citou qual sigla mas defendeu que uma legenda estaria em conluio com o TSE orquestrando o plano. O ex-presidente sugeriu que os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), seriam bons nomes, apesar de eles não terem “vivência nacional”.
“A inelegibilidade é porque o cara que está lá…até pela idade dele…não vai ter uma longa vida na política, no meu entender. Sobra para um partido político que vocês sabem qual é o comando do País e não tem liderança nacional”, completou.
Para os investigadores da Polícia Federal (PF), o adiamento do retorno de Bolsonaro dos Estados Unidos ao Brasil pode configurar “evasão do distrito da culpa”. Eles apuram o caso das joias de R$ 16 milhões apontadas pelo ex-presidente como presente do governo saudita para a ex-primeira dama Michele Bolsonaro. Como chefe do Executivo federal, os presentes integram o acervo nacional e não do político que exerce o cargo.
Em fevereiro, ele declarou em entrevista ao Wall Street Journal que retornaria ao Brasil em março para liderar a oposição ao governo Lula. Ele e a família estão nos Estados Unidos desde 30 de dezembro na mansão do ex-lutador de UFC, José Aldo.
Profissão: Palestrante
Bolsonaro tem trabalhado como palestrante para empresários norte-americanos desde fevereiro, quando apoiadores brasileiros organizaram as aparições que renderiam cerca de US$ 10 mil cada uma. Um dos eventos em que Bolsonaro foi palestrante teve organização da empresa de um homem suspeito de ter financiado a invasão ao Capitólio no governo de Donald Trump para impedir a diplomação de Joe Biden, em janeiro de 2021.
A nova fonte de renda dele seria necessária para custear a estadia de Bolsonaro e da família no exterior. Oficialmente, os rendimentos mensais dele são uma aposentadoria como deputado federal (R$ 46,4 mil) e o salário como capitão reformado do Exército (R$ 12 mil). Ao todo, são cerca de 58,4 mil por mês.