Bolsonaro diz ter discutido “hipóteses” com chefes das Forças Armadas
O ex-presidente está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal em investigação
sobre uma trama para decretar golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter discutido com
comandantes das Forças Armadas “hipóteses” relacionadas a estado de sítio,
estado de defesa e garantia da lei e da ordem (GLO). A declaração ocorreu em
entrevista à Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (6/12).
“Se você ler o inquérito, em nenhum momento [Freire Gomes, comandante do
Exército] fala em golpe. Quem fala em golpe é a Polícia Federal. O que o
comandante do Exército disse é o seguinte, foram conversar hipóteses sobre
sítio, defesa e GLO”, afirmou Bolsonaro.
> “Nas quatro linha está o estado de sítio, está [o estado de] defesa, está a
> GLO, está a intervenção federal”, disse na entrevista. “Foi conversado sobre
> possibilidades dentro das quatro linhas”, complementou.
Na entrevista, Bolsonaro criticou o ministro Alexandre de Moraes e repetiu
críticas à presidência dele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo
Tribunal Federal (STF). O ex-presidente também negou ciência sobre qualquer
plano para matar autoridades.
As investigações apontam que Bolsonaro apresentou, pessoalmente, uma minuta de
decreto golpista aos comandantes do Exército e da Aeronáutica,
além do Ministro da Defesa, em 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada.
Em um relatório de mais de 880 páginas, a PF narrou detalhes de uma trama
golpista que teria ocorrido nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro, em
2022, e decidiu pelo indiciamento de 37 envolvidos, entre os quais o próprio
ex-presidente.
Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciados pelos crimes de abolição violenta
do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
A trama, que tinha como objetivo impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), supostamente envolvia planos de assassinatos contra o atual presidente do
Brasil, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O texto final com o resultado das investigações foi enviado à Procuradoria-Geral
da República (PGR). Com isso, o procurador Paulo Gonet avaliará o material e
decidirá se oferece denúncia.
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