Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, revela em delação que militares radicais pressionavam o ex-presidente por ações golpistas. Plano incluiu monitoramento e ameaças a autoridades.
Pressões de militares radicais
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou em delação premiada que o general da reserva Mário Fernandes foi um dos militares mais radicais a pressionar Bolsonaro por medidas de intervenção contra a democracia após as eleições de 2022. Essas pressões ocorreram nos dois meses que antecederam a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023.
O papel de Mário Fernandes
Cid detalhou que Fernandes atuou como elo entre manifestantes acampados em quartéis e o governo federal, além de militares de diferentes patentes. O general, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no final do mandato de Bolsonaro, também foi responsável por coordenar ações de monitoramento e assassinato de autoridades, incluindo Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Esse plano, conhecido como Punhal Verde e Amarelo, foi descoberto pelos investigadores.
Interações com Bolsonaro
Mauro Cid também mencionou que o general Walter Braga Netto, atualmente preso, conversava diariamente com Bolsonaro durante o período em que o ex-presidente ficou recluso no Palácio do Alvorada após a derrota eleitoral. Cid agendou uma reunião na casa de Braga Netto em 12 de novembro de 2022, que incluiu dois coronéis do Exército. Embora Cid tenha saído da reunião antes que o plano fosse discutido, a Procuradoria Geral da República (PGR) afirma que Bolsonaro estava ciente e concordou com as ações planejadas.
Minuta de decreto
Cid revelou ainda que Bolsonaro corrigiu uma minuta de decreto que previa a anulação das eleições e defendeu a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Em depoimento à Polícia Federal, Cid negou participar de qualquer planejamento detalhado para o golpe, afirmando que seu “mundo era o mundo do presidente”.