Por que Bolsonaro continua na UTI? Entenda o tratamento do ex-presidente
Internado há duas semanas, ex-presidente ainda apresenta distúrbio digestivo que
causa retardo no esvaziamento do estômago
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completou duas semanas de internação na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, e permanece
sem previsão de alta.
Ele está internado desde o dia 11 de abril, quando passou mal durante uma agenda
no Rio Grande do Norte. Transferido para Brasília no dia seguinte, foi submetido
a uma extensa cirurgia para desobstrução intestinal em 13 de abril, e permanece
na UTI do hospital desde então.
De acordo com o último boletim médico de Bolsonaro, divulgado no domingo (27), o
ex-presidente segue estável clinicamente e apresenta melhora progressiva dos
exames laboratoriais do fígado.
O ex-chefe do Executivo também está realizando fisioterapia motora e recebendo
as medidas de “prevenção de trombose venosa”, segundo o informe.
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Porém, Bolsonaro não está realizando alimentação via oral e está recebendo
suporte calórico e nutricional por via endovenosa.
“Persiste a gastroparesia (retardo do esvaziamento do estômago), porém,
apresentou sinais iniciais de movimentos intestinais espontâneos, mas ainda sem
condições de alimentação por via oral ou pela sonda gástrica”, afirmou o
hospital.
De acordo com os médicos, a persistência da gastroparesia e a ausência de
funcionamento normal do sistema digestivo impedem Bolsonaro de ter previsão de
alta. Ele segue se alimentando por sonda e só deve sair da UTI quando essas
condições forem superadas.
O médico-chefe da equipe cirúrgica que operou o ex-presidente, Cláudio Birolini,
afirmou, em coletiva um dia após a cirurgia, que a parede abdominal do ex-chefe
do Executivo estava “bastante danificada”.
Ele também adiantou que não havia expectativa de recuperação rápida.
O cardiologista Leandro Echenique, que compõe o staff médico de Bolsonaro,
também informou na ocasião que a cirurgia, que durou 12 horas, foi muito
delicada e a mais complexa das operações já feitas por ele,
todas em decorrência da facada que sofreu em 2018.
Ele precisou ser submetido à reconstrução de parede abdominal e ao procedimento
de laparotomia exploratória — quando o abdômen é completamente aberto para
tratar condições que não foram previamente identificadas por meio de exames de
imagem.
Devido à complexidade e a duração prolongada da cirurgia, o paciente tende a
desenvolver inflamações significativas, segundo Echenique.
O especialista detalhou algumas intercorrências que podem ocorrer no
pós-operatório,
como aumento do risco de infecções, a necessidade de medicamentos para controle
de pressão arterial e possíveis complicações pulmonares.
O médico explicou que, em cirurgias prolongadas como esta, os vasos sanguíneos
tendem a dilatar devido à inflamação, exigindo medidas específicas de controle.
Além disso, há preocupação com a função pulmonar, pois partes dos pulmões podem
ser afetadas durante o procedimento.
De acordo com Rodrigo Perez, head do Núcleo de Coloproctologia e Intestinos do
Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
quadros semelhantes ao de Bolsonaro podem ter relação com processos comuns nesta
fase.
“Quando o paciente tem uma obstrução intestinal e precisa ser operado por conta
disso, é comum que o intestino fique paralisado no período pós-operatório. É o
que chamamos de íleo paralítico. É como se fosse uma resposta do intestino, um
mecanismo de defesa”, disse Perez à CNN.
Piora clínica
Na semana passada, Bolsonaro apresentou uma “piora clínica”.
Segundo boletim médico divulgado na quinta-feira (24), ele teve elevação da
pressão arterial e piora nos exames laboratoriais.
O quadro voltou a se estabilizar no dia seguinte, com a ausência de novos picos
de pressão arterial.
Durante a live com seus filhos Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro, realizada na
terça-feira (22), antes do agravamento do quadro, o ex-presidente disse que
receberia alta nesta segunda-feira (28). Porém, em virtude da situação atual, os
médicos afirmam que “não há previsão”.
A permanência de Bolsonaro na UTI é parte fundamental do protocolo de cuidados
intensivos, permitindo monitoramento constante e intervenção rápida caso
necessário.
*Sob supervisão de Mayara da Paz