Botafogo perde para Pachuca: análise da derrota dolorosa no Intercontinental

Análise: cansaço e contexto desfavorável pesam, mas Botafogo não ameaça Pachuca

Alternativas escolhidas por Artur Jorge não correspondem em campo em derrota doída

Botafogo 0 x 3 Pachuca | Melhores momentos | Quartas de final | Intercontinental de Clubes [https://s04.video.glbimg.com/x240/13176351.jpg]

Botafogo 0 x 3 Pachuca | Melhores momentos | Quartas de final | Intercontinental de Clubes

Uma ressalva: é impossível falar da derrota do Botafogo [https://de.globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/] para o Pachuca sem citar o contexto negativo em que o time chegou para a partida. A equipe comandada por Artur Jorge atuou contra o São Paulo no Estádio Nilton Santos menos de 72 horas antes do duelo no Estádio 974 em Doha, no Catar.

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Apesar disto, a eliminação precoce no Intercontinental não pode ficar apenas na conta do cansaço. O treinador rodou peças que estavam no limite físico e os substitutos não mantiveram o ritmo de sempre. O Alvinegro foi, principalmente no segundo tempo, uma presa fácil para o Pachuca, que não faz boa temporada no México.

Eduardo, Allan, Cuiabano e Matheus Martins foram escolhidos para os lugares de Savarino, Marlon Freitas, Alex Telles e Almada, respectivamente. O time, vale ressaltar, já tinha duas mudanças em relação ao onze titular “ideal”, com Ponte e Adryelson assumindo as vagas dos lesionados Vitinho e Bastos.

A equipe, marcada por facilidade em chegar ao ataque em transições, foi lenta. A perna pode ter pesado, é claro. Mas a atuação foi ruim. O Botafogo pouco criativo foi, em suma, porque a dupla Gregore e Allan não se encaixou.

+ Almada anuncia saída do Botafogo: “Quando vim, tinha tudo certo para ficar seis meses” [https://de.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2024/12/11/almada-anuncia-saida-do-botafogo-quando-vim-tinha-tudo-certo-para-ficar-seis-meses.ghtml]

Geralmente, Gregore é o primeiro volante, com funções mais defensivas, ao lado de Marlon Freitas. Com Allan, o camisa 26 assumiu a função de saída de bola e não foi bem, já que esta não é sua característica principal. O Alvinegro se livrou demais da bola na base de chutões e lançamentos sem uma linha de pensamento no primeiro tempo, facilitando a vida da defesa mexicana.

1 de 1 Alexander Barboza desolado no Botafogo x Pachuca — Foto: Getty Images

Alexander Barboza desolado no Botafogo x Pachuca — Foto: Getty Images

Eduardo, que teve a difícil missão de substituir Savarino, também não correspondeu. Sem dar a dinâmica do venezuelano, o time sentiu na parte da criação.

O sistema defensivo ficou aberto depois do golaço de Idrissi. Artur Jorge lançou os titulares, mas Savarino e Almada claramente mostraram o motivo de terem sido preteridos desde o começo – a dupla gringa estava em outra rotação física, abaixo do ritmo da partida.

Lançando-se à frente na busca do gol de empate, o Alvinegro deu vários espaços nas costas e o time mexicano marcou mais gols, dando contornos de uma derrota doída para o campeão sul-americano.

Em geral, a temporada do Botafogo passa longe de ficar negativa por causa da eliminação. O ano é histórico e assim será lembrado. Para 2025, os problemas seguirão os mesmos, já que o calendário será ainda mais apertado para os clubes que forem longe nas competições internacionais.

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Por que a derrota do Botafogo no Catar deveria preocupar todo o futebol brasileiro? E o que isso revela sobre os problemas estruturais do esporte no país? Saiba mais aqui.

Todo o futebol brasileiro deveria se preocupar com a derrota do Botafogo no Catar. É natural que a rivalidade faça com que torcedores rivais se divirtam com derrotas como a que o Botafogo sofreu diante do Pachuca. Mas analisando mais profundamente o que aconteceu no Catar, ou mesmo nos dias e semanas prévios à viagem alvinegra para a Copa Intercontinental, o mais adequado seria dizer que qualquer torcedor brasileiro deveria se preocupar. Porque a maratona que contribuiu para que o Botafogo sucumbisse contra os mexicanos, em breve pode vitimar qualquer outro clube do país. A derrota escancara alguns dos mais graves problemas estruturais do futebol brasileiro.

Foi impossível olhar para o jogo e não pensar no calendário nacional. Se o Pachuca era um adversário pouco habitual de um clube brasileiro, a maratona a que times do país são submetidos antes de jogar algumas partidas de futebol não é. E o alvinegro foi a vítima da vez: a final da Libertadores, o jogo decisivo com o Internacional, o título brasileiro contra o São Paulo há três dias, as 15 horas de viagem, as noites mal dormidas, o fuso horário… Nada disso combina com uma preparação desejável para competir em alto nível.

O impacto do desgaste se revelou mais na forma como o Botafogo sucumbiu do que propriamente no fato de um time brasileiro não avançar numa competição com os campeões de outros continentes. Porque aí entra outro ponto importante a analisar. Este tipo de torneio, com formato similar ao que a Fifa adotava em seu Mundial de Clubes até o ano passado, termina por nos confrontar com uma dura realidade: os melhores times da América do Sul estão muito mais próximos dos campeões dos demais continentes do que dos campeões europeus.

Então, assistir a uma eliminação do vencedor da Libertadores diante de um representante das Américas do Norte ou Central, ou mesmo contra um asiático ou africano, já não deveria chocar. Desde 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea no último título mundial da América do Sul, os campeões da Libertadores não chegaram à final contra o Europeu em seis edições, ou seja, exatamente a metade das disputas desde então.

O fato é que, se a globalização concentra riqueza na Europa, tira do Brasil as grandes estrelas e aproxima as forças na periferia, também é verdade que o calendário brasileiro não ajuda os clubes daqui para enfrentamentos cada vez mais parelhos. Já é possível prever novos problemas em 2025. O calendário do ano que vem, desta vez discutido com os clubes, tem avanços. Antecipar para março o início do Brasileiro e empurrar parte dos Estaduais para o período da pré-temporada são acertos. No entanto, são as melhores e mais criativas soluções possíveis dentro de uma estrutura política que segue impondo as 16 datas dos Estaduais e um total de quase 80 compromissos às equipes brasileiras mais bem-sucedidas. Na quarta-feira, em Doha, um Botafogo com 75 jogos no ano enfrentava um Pachuca que fazia sua 49ª partida em 2024.

A necessidade de encaixar tantos jogos já criou um período delicado para junho de 2025, às vésperas do novo Mundial de Clubes, nos EUA. Há uma Data-Fifa inconveniente, marcada pela entidade internacional, terminando no dia 10, com um Brasil x Paraguai pelas eliminatórias. No dia 12, uma quinta-feira, há uma rodada do Campeonato Brasileiro e, três dias mais tarde, Botafogo e Palmeiras estreiam no Mundial. Ou seja, será preciso remanejar jogos da rodada do Brasileiro para uma Data-Fifa, ou submeter estes clubes a uma maratona similar à que fez o Botafogo: jogar no Brasil, fazer uma longa viagem e entrar em campo com pouquíssimo descanso para estrear no Mundial.

O novo torneio impõe outro risco, assumido em conjunto por CBF e clubes: há rodada do Brasileirão marcada para o dia da final do Mundial de Clubes. Ou seja, se um clube do país conseguir o feito de chegar à decisão, terá que adiar seu jogo pelo campeonato nacional. Para que o calendário tenha um recesso no meio do ano, durante o Mundial da Fifa, o Brasileirão terá que avançar até o dia 21 de dezembro – uma estrutura que a CBF pretende manter pelas próximas temporadas. Óbvio que é melhor parar o futebol doméstico durante os torneios internacionais de meio de ano. No entanto, como se joga um número absurdo de partidas no Brasil, outros problemas se criam. A Copa Intercontinental de 2025, caso aconteça, irá coincidir com algumas das seis rodadas do Campeonato Brasileiro previstas para dezembro.

A derrota para o Pachuca encerra uma grande temporada do Botafogo, a maior da história do clube. O alvinegro, além de oferecer ao país o melhor futebol jogado neste ano, também nos deu motivos para refletir. O futebol brasileiro precisa partir de vez para uma reforma estrutural. É possível obter avanços no calendário, mas o mundo ideal só será alcançado quando CBF e clubes romperem com uma estrutura política arcaica que sustenta Estaduais longos e impõe uma maratona desumana a times e jogadores. Isto se o futebol brasileiro quiser ajudar seus clubes a serem mais competitivos no cenário de um futebol global cada vez mais competitivo.

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