Boxe Autônomo: A Arte da Luta e da Transformação Social na Bienal de São Paulo

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A academia de boxe que surgiu na favela do Moinho, conhecida como Boxe Autônomo, apresentou uma incrível instalação-performance na 36ª Bienal de São Paulo, levando a essência do ringue da periferia para o centro da arte contemporânea. O coletivo, que teve origem em ocupações e espaços públicos do centro de São Paulo, como a Favela do Moinho, conquistou seu espaço na Bienal entre os dias 16 e 18 de outubro. A proposta da instalação-performance envolveu uma mistura única de luta, dança e debates sobre esporte e política.

Fundado em 2015 por três amigos e localizado na Casa do Povo, no Bom Retiro, o Boxe Autônomo conseguiu transformar o esporte em uma verdadeira expressão artística, demonstrando o potencial do boxe como uma ferramenta de transformação social. Inicialmente, o grupo realizava treinos ao ar livre na Favela do Moinho, nos Campos Elíseos, área marcada por conflitos e desafios sociais. As atividades não se limitavam apenas aos exercícios físicos, mas incluíam rodas de conversa sobre questões como racismo, machismo e cidadania.

Kelvy Alecrim, um dos destaques do projeto e tricampeão brasileiro, teve seu primeiro contato com o boxe aos 14 anos, durante os treinos realizados na favela. Desde então, ele se tornou um símbolo da filosofia do Boxe Autônomo, enxergando o esporte como uma poderosa ferramenta de mudança social. Com títulos em competições e desafios, Alecrim é prova viva de como o boxe pode impactar positivamente a vida das pessoas.

O convite para participar da Bienal veio da Casa do Povo, que faz parte do programa “Ensaio Geral”. Durante o evento, o coletivo promoveu treinos abertos, apresentações de sparring, mesas de debate e performances que exploravam o corpo, a luta e a arte. A presença de figuras como o ex-jogador Raí evidenciou a importância e o impacto das atividades realizadas pelo Boxe Autônomo.

A proposta do projeto vai além da prática esportiva, buscando criar um ambiente inclusivo e acolhedor para diferentes grupos sociais, como LGBTQIA+, mulheres, migrantes e trabalhadores precarizados. A ideia é promover a igualdade, o respeito e a diversidade, desafiando conceitos pré-estabelecidos e conservadores sobre o boxe e suas conexões com a arte e a política.

Durante a Bienal, o Boxe Autônomo conseguiu unir diferentes expressões culturais, como a dança popular brasileira, com o esporte, demonstrando a versatilidade e o potencial do boxe como forma de arte. A participação do público e a interação com os visitantes ressaltaram a importância do projeto na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. O Boxe Autônomo segue desafiando padrões e expandindo os limites do esporte, mostrando que o boxe pode ser muito mais do que agressão, mas sim cuidado, linguagem e invenção.

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