Brasil aprova projeto em resposta a ‘tarifaço’ de Trump: aliança entre governo, direita e agronegócio.

brasil-aprova-projeto-em-resposta-a-tarifaco-de-trump3A-alianca-entre-governo2C-direita-e-agronegocio

Governo se uniu à direita e ao agro para aprovar projeto que permite ao Brasil retaliar ‘tarifaço’ de Trump.

O presidente americano prometeu para essa quarta-feira (2) um “tarifaço” global.

Presidente dos EUA, Donald Trump, em 30 de março de 2025 — Foto: Reuters/Kevin Lamarque

O governo Trump conseguiu o que, até pouco tempo atrás, parecia impossível: uniu a esquerda, a direita, o governo Lula e a senadora bolsonarista Tereza Cristina (PP-MS) para aprovar um projeto de lei que permite ao Brasil retaliar comercialmente os EUA em resposta ao tarifaço prometido por ele para esta quarta-feira (2).

Em discursos recentes, o presidente Lula (PT) vem defendendo que o Brasil adote a reciprocidade nesses casos, respondendo na mesma medida.

O americano já colocou parte do tarifaço em prática. Desde 12 de março, está em vigor uma taxa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, atingindo em cheio o setor siderúrgico. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço dos EUA, segundo dados do Departamento de Comércio norte-americano.

A iniciativa brasileira no Senado marca uma rara convergência entre o PT e o agronegócio, historicamente alinhado ao bolsonarismo. Relatora do projeto, aprovado nesta terça (1º) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tereza Cristina foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro e faz parte da Frente Parlamentar da Agropecuária.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, confirmou o apoio e brincou com um senador bolsonarista: “Não fique triste! É a nossa aliança com o agro.”

O projeto autoriza o Executivo a adotar contramedidas contra barreiras comerciais ou legais impostas a produtos brasileiros. Entre as medidas, está a possibilidade de sobretaxar importações de países ou blocos econômicos que retaliem o Brasil, como os EUA.

A ampla adesão ao projeto, que uniu governo e oposição, foi justificada como uma defesa da soberania brasileira no comércio global, segundo Randolfe Rodrigues.

“Esta medida, aprovada hoje na CAE por unanimidade, será encaminhada para a Câmara e deverá ser aprovada por ampla maioria, senão por unanimidade. É uma afirmação soberana do Brasil diante do mundo. O Brasil, como disse o presidente Lula, não quer ser maior do que ninguém, mas também não aceita ser diminuído por ninguém. Respeito é bom, e a gente aprende em casa”, afirmou.

Se não houver recurso para que a matéria seja votada no plenário principal do Senado, o projeto seguirá diretamente para a análise da Câmara dos Deputados.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp