O copo meio cheio e meio vazio de Dorival na Seleção
Se joga bem quando acelera e dá liberdade aos seus talentos, o Brasil de Dorival
ainda precisa defender melhor e controlar mais a bola.
De 2 x 1 Colômbia | Melhores momentos | 13ª rodada | Eliminatórias da Copa
do Mundo [https://s01.video.glbimg.com/x240/13445672.jpg]
No momento atual da seleção brasileira, vencer a Colômbia por 2 a 1
[https://ge.globo.com/futebol/copa-do-mundo/eliminatorias-america-do-sul/jogo/20-03-2025/brasil-colombia.ghtml]
e assumir o segundo lugar na tabela das Eliminatórias é mais importante do que
jogar bonito ou impressionar o torcedor.
Afinal, o futuro passa pela soma de pontos que vai garantir — ou não — o Brasil
na Copa do Mundo de 2026.
Com isso em mente, o desempenho do time montado por Dorival Júnior pode ser
visto de duas formas: com o copo meio cheio ou meio vazio. Uma metáfora que se
encaixa em nossas vidas cotidianas. No fim, tudo depende da perspectiva e do
aprendizado que cada fato gera para o futuro.
Olhando pelo lado positivo, a seleção não jogou exatamente mal. Dorival armou a
equipe num 4-4-2 com duas linhas de quatro. Raphinha atuava pela esquerda e
Rodrygo pela direita. João Pedro e Vinícius Júnior ficavam mais centralizados,
com Bruno Guimarães e Gérson como volantes. É o time considerado titular hoje,
embora o plano inicial fosse ter Neymar ao lado de Vini.
O desempenho foi instável, mas teve bons momentos. O início da partida e todo o
segundo tempo mostraram uma seleção mais ligada, que cresceu quando acelerou o
jogo, com passes mais longos e trocas intensas de posição — algo que Dorival
destacou na coletiva.
Essa é a principal força do trabalho do treinador: o momento ofensivo, com a
chegada dos laterais e a movimentação constante de Rodrygo e Raphinha. Assim
como fazem em seus clubes, os dois não ficam presos a uma faixa do campo e vivem
em busca de espaços. Pela direita, Vanderson avança e permite que Rodrygo se
aproxime dos volantes. Do lado esquerdo, Vini se abre para o drible enquanto
Raphinha circula por todo o campo. Ele rende mais quando tem um jogador mais
físico para segurar a bola, o que explica o controle maior da equipe após a
entrada de Matheus Cunha no lugar de João Pedro.
Dorival vibra com brilho de Vini Jr na Seleção: “A gente procura dar liberdade”
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Veja, na imagem, um exemplo dessa liberdade de movimentação. Raphinha procura o
espaço pelo lado esquerdo enquanto Joelinto se apresenta de frente para o gol.
Rodrygo ajudou a construir a jogada lá atrás, e Matheus Cunha ajuda a prender a
zaga da Colômbia. Se a bola não conseguir ser trabalhada por ali, Vinícius
Júnior está pronto para driblar lá pelo outro lado.
A seleção criou bastante nesses momentos. Joelinton entrou bem na vaga de
Gérson, que também teve boa atuação. Os dois volantes participaram bastante da
construção e deram mais qualidade ao time desde a base da jogada. As subidas de
Vanderson e Arana também foram importantes, como na imagem abaixo: os dois
laterais estão no campo de ataque e novamente
Foram 14 finalizações ao todo. Faltou precisão? Faltou. Mas o volume ofensivo e
a presença na área são pontos positivos a se destacar.
Buscamos dar toda a liberdade para os jogadores. Ninguém cumpre posicionamento
rigoroso, com a exceção de um (camisa) 9 mais posicional. Dou toda a liberdade
para eles buscarem o espaço dentro de uma partida, tem momentos que ele está
pelo lado do campo, ou entre os zagueiros. Queremos deixar eles em condições,
facilitar sempre o máximo possível.
— Dorival Júnior explica a movimentação do ataque.
Olhando pelo lado negativo, a seleção não conseguiu dominar o jogo como se
espera do Brasil. Além de defender mal e permitir que a Colômbia finalizasse dez
vezes em direção ao gol, o time também teve dificuldades na saída de bola. Em
vários momentos, abusou dos lançamentos longos para tentar chegar ao ataque, sem
conseguir construir com paciência desde a defesa.
Nada disso foi intencional. Dorival treina a seleção para jogar com paciência do
goleiro até o atacante. A saída é feita com a dupla de volantes e os laterais
próximos dos zagueiros e de Alisson, que forma uma espécie de tripé. O jogo
começa no goleiro, passa pelo zagueiro e o resto do time se aproxima. Lá na frente,
quem vem buscar a bola é Raphinha, que hoje é o camisa 10 de fato do time.