Última atualização 29/03/2023 | 16:49
A ministra da Saúde Nísia Trindade teme o retorno de casos de poliomielite após 33 anos de erradicação. A queda da cobertura vacinal assusta as autoridades da área. A vacina criada há 70 anos é a principal e mais eficaz forma de evitar a doença que causa paralisia nos membros inferiores. A cientista e ex-presidente da Fiocruz pretende incentivar a imunização contra esse e outros problemas de saúde nas escolas.
“É real o risco do retorno dessa doença altamente contagiosa, como aconteceu recentemente com o sarampo, diante da queda preocupante das taxas vacinais nos últimos seis anos”, afirmou à VEJA.
Em vez de 95% de população vacinada, o Brasil tem somente 72% da meta nacional mínima. O índice de referência foi alcançado por aproximadamente 54 dos 246 municípios goianos .
“A Organização Pan-Americana da Saúde [OPAS] classificou o Brasil com um risco muito alto de reintrodução da paralisia infantil. Em uma avaliação do continente americano, o Brasil só ficou atrás do Haiti. Isso é muito triste porque sempre fomos um país modelo em campanhas de vacinação, principalmente contra a paralisia infantil”, destaca a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) , Flúvia Amorim.
A tendência de queda nos indicadores de vacinação assusta, principalmente considerando o registro de casos em países onde era erradicada é mais um fator de alerta para a pasta. O Movimento Nacional pela Vacinação lançado neste ano pretende estimular as famílias a levarem as crianças aos postos de saúde e endossa uma campanha internacional pela erradicação da doença. O último caso de poliomielite no Brasil foi em 1989, na cidade de Souza, na Paraíba.
O País está oficialmente livre da doença desde 1994, conforme atesta a OPAS. No mundo, a pandemia da covid, desastres naturais, conflitos armados e a hesitação vacinal são considerados os fatores principais para a retomada da disseminação do vírus causador da poliomielite. A transmissão ocorre em adultos e crianças por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes, por isso as medidas preventivas são lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.
Orientação
Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. A vacina contra a doença, também chamada Sabin, é composta por duas gotas, tomadas via oral. Ela é administrada, gratuitamente em qualquer posto de saúde do País.