No ano de 2024, o Brasil enfrentou um cenário alarmante de violência contra pessoas trans e travestis, com 122 assassinatos registrados, segundo a última edição do dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Embora esse número represente uma queda de 16% em comparação com os 145 assassinatos de 2023, a Antra alerta que a diferença é marginal, e os números se aproximam da média anual de 125 assassinatos observada desde 2008.
Dentre as vítimas de 2024, cinco eram defensoras de direitos humanos, incluindo uma suplente de vereadora e outra que já havia se candidato a um cargo político. A maioria das vítimas, 117 (95,9%), eram travestis e mulheres trans/transexuais, enquanto apenas cinco eram homens trans e pessoas transmasculinas.
A Antra destaca que a subnotificação é um problema crítico. Muitos casos não são registrados de forma adequada nos órgãos responsáveis, como delegacias, institutos médicos legais (IML) ou secretarias de Segurança Pública. Essa lacuna é evidenciada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que critica a ausência de informações precisas sobre pessoas LGBTQIA+ e as discrepâncias entre os números oficiais e os noticiários.
Dados Históricos e Geográficos
A Antra confirmou a existência de pelo menos 1.179 assassinatos de pessoas trans, travestis, homens trans, pessoas transmasculinas e não binárias desde 2017, quando a organização iniciou sua pesquisa detalhada. Os anos com maior concentração de casos foram 2017, com 179 assassinatos, e 2020, com 175.
Em 2024, São Paulo liderou o ranking de estados com o pior cenário, com 16 assassinatos, seguido por Minas Gerais com 12 e o Ceará com 11. Nos estados do Acre, Rio Grande do Norte e Roraima, não foram encontrados registros de assassinatos. Além disso, 68% dos casos (83) ocorreram fora das capitais, em cidades do interior.
São Paulo também lidera o ranking acumulado de 2017 a 2024, com 151 casos, seguido pelo Ceará com 107 e a Bahia com 97. No cenário internacional, o Brasil apresenta um aumento de 110% nos assassinatos de pessoas trans desde 2008, quando foram registrados 58 casos, passando para 122 em 2024.