A nove meses da Copa, a Seleção é um rascunho feito às pressas
Brasil se despede das Eliminatórias repetindo aquilo que mais fez ao longo deste ciclo: jogando coisa nenhuma
Eric Faria e Paulo Nunes falam sobre a derrota do DE para a Bolívia
[https://s01.video.glbimg.com/x240/13915320.jpg]
Eric Faria e Paulo Nunes falam sobre a derrota do DE para a Bolívia
A atuação insípida, inodora e incolor da seleção brasileira na derrota de 1 a 0
para a Bolívia, nesta terça-feira, teve uma vantagem: serviu, como última
imagem, para não nos deixar esquecer o fracasso protagonizado pelo Brasil nas
Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
+ Leia mais notícias da seleção brasileira
[https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/]
O resultado fez a Seleção encerrar a classificatória na quinta colocação, dez pontos atrás da Argentina, líder da disputa, e abaixo ainda de Equador, Colômbia
e Uruguai. Foi a pior campanha do Brasil na história das Eliminatórias no formato de pontos corridos – uma posição condizente com o caos protagonizado pela gestão anterior da CBF.
A derrota para a Bolívia nem foi tão grave. Ela tem atenuantes: foi em uma altitude de 4.100 metros, teve uma escalação bastante alternativa (os reservas de uma convocação que já deixou alguns nomes fora), envolveu uma equipe que fazia uma das partidas mais importantes de sua história e outra que cumpria tabela. Mas não deixa de ser simbólico que a Seleção encerre as Eliminatórias repetindo aquilo que mais fez ao longo deste ciclo: jogando coisa nenhuma.
Brasil x Bolívia, pelas eliminatórias da Copa do Mundo — Foto: Buda Mendes/Getty Images
E poderia ter sido pior – tanto no jogo quanto em um contexto mais amplo. No jogo: a Bolívia esteve mais perto de fazer o segundo gol do que de levar o empate. Em um contexto mais amplo: a chegada de Carlo Ancelotti, mesmo tardia, deu algum horizonte à equipe e já serviu, nas partidas anteriores, para sinalizar evolução.
A herança recebida pelo italiano, porém, tem mais dívidas do que ganhos. Restando nove meses e meia dúzia de amistosos até a Copa, a Seleção não passa de um rascunho feito às pressas, de um esboço pouco promissor: não tem um esquema tático, não tem um time titular, não tem um encaminhamento sobre os jogadores que serão convocados. Ela deixa as Eliminatórias sem tê-las aproveitado: deixa as Eliminatórias como se não tivesse passado por elas.