Brasileira participa da criação de currículo mundial sobre oceanos na Unesco
Ana Vitória Tereza de Magalhães, consultora internacional e especialista em cultura oceânica, integrou projeto que desenvolveu o programa Escola Azul, que insere o oceano no currículo escolar para estimular consciência ambiental, vínculo afetivo e ações sustentáveis. Ele já é aplicado em mais de 50 países.
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Baixada em Pauta: Ana Vitória Tereza Magalhães é a convidada da semana
A consultora internacional e especialista em cultura oceânica Ana Vitória Tereza de Magalhães trilhou uma trajetória de sucesso na Europa, com passagem pela ONU, Unesco e Comissão Europeia. Mineira de nascença, a mulher esteve recentemente em Santos (SP), onde participou de um evento sobre cultura oceânica e reforçou a relevância da cidade no cenário global, usando de exemplo a lei pioneira sancionada no município sobre o tema.
Ana desembarcou no continente europeu há cerca de 10 anos quando foi fazer intercâmbio de seis meses na Itália. Ela chegou a retornar ao Brasil, mas sentiu que precisava de mais experiência internacional. Foi então que a especialista voltou para a Europa e se capacitou na área de Sustentabilidade. Atualmente, ela mora nos Açores, em Portugal, onde realiza parte de seus trabalhos.
Ana coordena a Escola Azul. Em bate-papo com o jornalista Matheus Müller, no podcast Baixada em Pauta, ela contou que o projeto é uma iniciativa internacional que incentiva a cultura oceânica e a preservação de mares, rios e manguezais em instituições de ensino. Segundo ela, cerca de 50 países já adotaram o modelo.
1. Ana de Magalhães, consultora internacional e especialista em cultura oceânica, integrou projeto que desenvolveu o programa Escola Azul, que insere o oceano no currículo escolar — Foto: Arquivo pessoal
“A economia azul não é um nicho, ela é um setor consolidado, tem muita gente trabalhando, assim, na Europa aquilo já é muito grande, já gera um bom dinheiro há bastante tempo”, explicou.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ana ainda ressaltou que a educação é o caminho para tentar resolver os problemas ambientais e garantir a preservação dos oceanos. A consultora internacional enfatizou que, embora as ações individuais tenham relevância, o peso maior recai sobre as empresas, responsáveis por grande parte da poluição, e sobre os governos, que definem políticas públicas capazes de mudar a realidade em larga escala.
“Às vezes a falta de informação que as pessoas têm de qualidade sobre o oceano, ou mesmo sobre sustentabilidade em geral, faz com que a gente caia nessas bolhas, na bolha negacionista onde você fala que mudança do clima não acontece”.
Apesar das dificuldades e da “ansiedade climática” que o tema pode causar, Ana afirmou que mantém a esperança e prefere acreditar que a educação é o caminho para um futuro mais sustentável e consciente em relação ao oceano, pois não se pode prender apenas nas coisas ruins e sim pensar em soluções.
2. Brasileira ajuda a desenvolver rede de Escola Azul na Unesco para o ensino da cultura oceânica — Foto: Divulgação
“Se a gente não tem um preparo para as mudanças do clima, também financeiro, muita gente vai perder dinheiro e isso vai ser um problema enorme, porque as mudanças do clima são cada vez mais intensas”, afirmou.
LEI DA CULTURA OCEÂNICA
Santos se tornou a primeira cidade do mundo, segundo a Unesco, a estabelecer a cultura oceânica como política pública. A lei, que prevê a inserção de conhecimentos sobre oceanos e preservação da vida marinha em diferentes formas de atividades pedagógicas na rede municipal de ensino, foi sancionada em 12 de novembro de 2021
3. Transversalidade do oceano deverá ser obrigatoriamente trabalhada em sala de aula, em Santos, SP — Foto: Divulgação/Prefeitura de Santos
A Lei Municipal nº 3.935 é de autoria da Câmara Municipal, a partir de projeto do ex-vereador Marcos Libório, com auxílio de técnicos das secretarias de Educação e Meio Ambiente da cidade, e foi sancionada pelo prefeito Rogério Santos (PSDB).
Segundo a prefeitura, a medida repercutiu internacionalmente, por ir ao encontro de ações mundiais de preservação do meio ambiente relacionadas à Década do Oceano (2021 a 2030), em agenda proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017.
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