Brasileiro relembra abandono de guia em trilha na Indonésia em 2024: história de aventura com final trágico

brasileiro-relembra-abandono-de-guia-em-trilha-na-indonesia-em-20243A-historia-de-aventura-com-final-tragico

Brasileiro relembra abandono de guia em trilha na Indonésia em 2024: ‘Crianças
locais nos acompanharam’

O engenheiro Willians Francelino, natural de Lorena, no interior de SP, contou
ao DE a experiência que viveu durante a trilha em um vulcão na Indonésia no ano
passado.

O brasileiro Willians Francelino participou de trilha em vulcão na Indonésia em
2024 (Créditos: Willians Francelino/Arquivo pessoal)
[https://s01.video.glbimg.com/x240/13705968.jpg]

O brasileiro Willians Francelino participou de trilha em vulcão na Indonésia em
2024 (Créditos: Willians Francelino/Arquivo pessoal)

Um brasileiro que visitou a Indonésia em 2024 relata ter sido deixado para trás
por guias durante uma trilha, assim como a estudante Juliana Marins, que morreu
após cair em um penhasco na trilha do Monte Rinjani, no mesmo país.

O engenheiro mecânico, Willians Francelino, disse ao DE que o caso dele e de um
grupo de amigos ocorreu há cerca de um ano, quando eles subiram o vulcão Mount
Batur, em Bali. Crianças locais ajudaram o grupo, que foi deixado para trás
pelos guias contratados.

“Estávamos em um grupo de mais ou menos 10 pessoas, mas, como esperado, em um
grupo de 10 pessoas havia pessoas que tinham ritmos diferentes de caminhada. Um
dos meus amigos estava com dificuldade para subir por conta do piso irregular e
por não estar habituado a esse tipo de trilha. Em um certo momento, a nossa guia
julgou que esse meu amigo estava ‘atrasando’ o grupo para ver o nascer do sol, e
nos avisou que iria na frente com o restante do grupo”, relatou.

> “Em uma das paradas, [a guia] encontrou duas crianças para nos acompanhar até
> o topo. As crianças não falavam inglês, não tinham nenhuma instrução em como
> lidar com acidentes”, completou.

O engenheiro, que é natural de Lorena, contou que a
grande maioria dos guias é local e que vivem com muito pouco, atuando como guias
para sobreviver.

“Não sei como funciona a certificação das agências por lá. Julgo que o correto
seria mais de um guia por grupo, para que, em casos como esse, ninguém fique
sozinho”, disse.

O Mount Batur, localizado em Bali, fica a mais de 200 km de distância do Mount
Rinjani, localizado na Ilha de Lombok, onde Juliana se acidentou.

> “Eu não quis deixar meu amigo sozinho justamente caso acontecesse algum
> acidente no caminho, eu estaria junto para pedir ajuda e fazer a interlocução
> com quem precisasse. Chegamos ao fim da trilha com certa dificuldade e nada
> aconteceu, mas foi a mesma situação de o guia nos deixar para trás na trilha,
> no nosso caso porque estávamos atrasando os demais do grupo”.

De acordo com Willians, todo o percurso durou cerca de quatro horas. Ao DE
, ele contou que só pensou em
não deixar o amigo sozinho.

“Meu pensamento foi ficar, para não deixar meu amigo sozinho. O medo era
[acontecer] justamente o que aconteceu com a Juliana: escorregar e cair no
penhasco, porque é muito difícil o acesso à ajuda depois. É um local afastado,
com solo irregular e não há acesso para carros. Imagino que o resgate por
helicóptero também é difícil porque, ao redor dos vulcões, sempre tem neblina e
tempo ruim”, finalizou.

Juliana Marins, de 26 anos, que caiu em um penhasco na trilha do Monte Rinjani,
na Indonésia, foi encontrada morta nesta terça-feira (24).

Os socorristas chegaram a montar um acampamento avançado
perto de onde ela estava no parque nacional. O DE mostrou que o time de
socorristas teve de descer o equivalente a um Corcovado
pela encosta íngreme para chegar até a jovem.

Nesta segunda (23), um drone operado por resgatistas chegou até a jovem, que
estava imóvel e a 500 metros penhasco abaixo.

Na retomada dos trabalhos, nesta terça, Juliana estava ainda mais abaixo, a
cerca de 650 metros da trilha. Ela já estava morta.

O acidente ocorreu na madrugada de sábado (21) na Indonésia, meio da tarde de
sexta (20) no Brasil. Juliana e mais 6 turistas pegaram a trilha, auxiliados por
2 guias, segundo as autoridades do parque. A queda foi por volta das 4h de
sábado, 13h de sexta no Brasil.

A família de Juliana afirma que ela foi abandonada pelo guia por mais de 1 hora
antes de sofrer o acidente.

“A gente descobriu isso em contato com pessoas que trabalham no parque. Juliana
estava nesse grupo, porém ficou muito cansada e pediu para parar um pouco. Eles
seguiram em frente, e o guia não ficou com ela”, disse a irmã, Mariana, em
entrevista ao Fantástico.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp