Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26, dois brasileiros de São Paulo, foram resgatados em Mianmar, no Sudeste Asiático, após serem mantidos em cárcere por mais de três meses. Eles foram vítimas de uma rede de tráfico humano que os atraíra com promessas falsas de emprego na Tailândia.

Segundo o Itamaraty, os dois jovens teriam fugido do cativeiro onde eram mantidos por uma rede criminosa. No último sábado, 8, Phelipe teria chegado a enviar mensagem para o pai relatando que tentaria fugir do local. “Se acontecer algo comigo, saiba que eu tentei ao máximo”, declarou em um trecho da conversa.

Ofertas falsas de emprego

Phelipe e Luckas haviam sido levados para um complexo em Mianmar, onde eram forçados a aplicar golpes cibernéticos sob condições precárias. Os dois jovens foram atraídos por ofertas de emprego via Telegram. Phelipe foi prometido um salário de US$ 2 mil em um call center em Bangkok, enquanto Luckas foi convidado a trabalhar como intérprete, com um salário equivalente a R$ 8 mil.

No entanto, ao chegarem à Tailândia, foram levados à cidade de Mae Sot, na fronteira com Mianmar, onde foram mantidos em cativeiro. Durante seu cativeiro, os brasileiros sofreram torturas, choques elétricos e ameaças de morte. Em dezembro, Luckas conseguiu entrar em contato com a mãe, informando que os criminosos pediam cerca de R$ 120 mil para libertá-lo.

A família de Phelipe relatou que ele já havia trabalhado em cassinos na Tailândia, Dubai e Filipinas antes de ser atraído pela falsa oferta de emprego. O resgate foi realizado com a ajuda da ONG internacional ‘The Exodus Road’. Após fugirem do complexo, os brasileiros foram levados para um centro de detenção na Tailândia, onde aguardaram a confirmação de sua condição de vítimas antes de serem repatriados ao Brasil.

O Itamaraty expressou satisfação com o resgate e afirmou que vinha trabalhando para a liberação dos brasileiros desde outubro do ano passado. A mãe de Luckas, Cleide Viana, expressou alívio com o resgate, mas destacou a necessidade de ajuda das autoridades para obter novos passaportes e passagens para que os jovens possam retornar ao Brasil. O pai de Phelipe, Antônio Carlos Ferreira, também comemorou a liberação do filho, agradecendo a Deus pela libertação.

Problema do tráfico em Mianmar

Mianmar tem se tornado um centro para organizações criminosas que exploram pessoas em todo o mundo. O secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, mencionou que o dinheiro movimentado por esses grupos pode chegar a US$ 3 trilhões. O Itamaraty alerta sobre o aumento de casos de brasileiros sendo recrutados para trabalhar em plataformas digitais de apostas na Ásia em condições precárias.