Brasília completa 62 anos e atrai um milhão de turistas todos os anos, além de reservar diversas peculiaridades

Brasília completa 62 anos e atrai um milhão de turistas todos os anos, além de reservar diversas peculiaridades

Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, Brasília é muito mais que a capital federal dos brasileiros e a sede administrativa dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil. A cidade, cravada no Planalto Central, recebe em média 1 milhão de turistas todos os anos atraídos pelo seu conjunto arquitetônico e urbanístico de 11,5 quilômetros quadrados, a maior área tombada do mundo.

O turismo político, de negócios, religioso, ecoturismo e histórico também são atrativos da cidade que foi planejada para ter uma população de 500 mil habitantes em 2.000. Entretanto, já ultrapassou a marca dos 3 milhões de habitantes e tornou-se a terceira cidade mais populosa do país e a quinta em concentração urbana. Nesta quinta-feira, 21 de abril, a cidade completa seus 62 anos de fundação e sua história é tão rica quanto exitosa desde que foi concebida.

No final do século XIX, o padre italiano São João Bosco sonhou com uma terra de riquezas e prosperidade situada perto a um lago entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul. Acredita-se que a premonição do padre referia-se a Brasília. Canonizado, é o padroeiro da capital federal. Mas a história da cidade não começa no governo do presidente Juscelino Kubitschek, nos anos 1960, como muitos acreditam. A mudança da capital do Brasil para o Planalto Central foi uma proposta do Marquês de Pombal, em 1761, primeiro-ministro de Portugal, que queria mudar a capital do império português para o interior do Brasil Colônia para dificultar invasões. O próprio nome Brasília foi dado pelo Patriarca da Independência, José Bonifácio, primeira pessoa a referir-se à futura capital do Brasil com essa denominação, em 1823.

Apesar disso, somente em 1891, na primeira constituição republicana, um dispositivo previu a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para o interior brasileiro, em um de terreno de 14.400 quilômetros quadrados pertencentes ao governo federal no planalto central, demarcado e explorado por uma Comissão Exploratória liderada por Luís Cruls e integrada por médicos, geólogos e botânicos para levantar a topografia, clima, geologia, fauna, flora e os recursos materiais da região. Em 1894, o relatório, que apresentava o “Quadrilátero Cruls” com o nome de Vera Cruz foi apresentado ao governo.

 

Praça dos Três Poderes. (Foto: Tony Winston/Agência Brasil)

 

A proposta, contudo, não saiu do papel. Em 1922, no Centenário da Independência do Brasil, o presidente Epitácio Pessoa determinou o assentamento da pedra fundamental no Morro do Centenário, na Serra da Independência, situado a 9 quilômetros de Planaltina. Somente em 1956 que o presidente Juscelino Kubitschek criou a Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e o edital do concurso do plano piloto. A construção de Brasília era o principal compromisso de campanha do presidente.

Construída em tempo recorde, a cidade tem o traçado das ruas conforme plano piloto do arquiteto Lúcio Costa, que ganhou o concurso público e que, ao lado do arquiteto Oscar Niemeyer e do engenheiro estrutural Joaquim Cardozo, fizeram da capital da república uma cidade única, moderna e futurista. O projeto urbanístico de Lúcio Costa foi inspirado em uma cruz, mas por causa do relevo da região, foi comparado a um avião. A cidade tem em sua parte central a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes: o Palácio do Planalto, sede do Executivo; o Supremo Tribunal Federal, sede do Judiciário; e o Congresso Federal, sede do poder Executivo. A cidade é dividida em setores temáticos. A transferência da capital foi feita no dia 21 de abril de 1960 com grande festa.

A mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, além de propiciar segurança a possíveis invasões estrangeiras, foi primordial para a interiorização, desenvolvimento e integração regional do país, com o deslocamento da população para outras regiões diversas do litoral brasileiro. De lá até agora, Brasília encanta por suas belezas e sua história.

Congresso Nacional. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 

Turismo

Quem visita Brasília precisa, necessariamente, ir ao coração da cidade e conhecer os prédios projetados por Oscar Niemeyer e Joaquim Cardozo, a maioria dos edifícios oficiais na cidade, projetados seguindo o estilo da arquitetura moderna brasileira.

Em 2007, o Bureau Internacional de Capitais Culturais, com sede na Espanha, elegeu as sete maravilhas do Patrimônio Cultural Material de Brasília: a Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida, o Congresso Nacional, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Templo da Boa Vontade, o Santuário Dom Bosco e a Ponte JK, que foi projetada pelo arquiteto Alexandre Chan e estruturada pelo engenheiro Mário Vila Verde.

Mas além dos sete locais apontados pela instituição espanhola, há muito ainda a ser visto na capital federal. O turista deve visitar a Catedral Militar Rainha da Paz; o Memorial JK, onde o ex-presidente está sepultado; Memorial dos Povos Indígenas; Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, composto do Ginásio de Esportes Nilson Nelson e Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha; Centro de Convenções Ulysses Guimarães (CCUG); a Torre de TV; Teatro Nacional Cláudio Santoro e o Complexo Cultural da República João Herculino: Biblioteca Nacional de Brasília Leonel de Moura Brizola (BNB) e Museu Nacional Honestino Guimarães.

 

Ponte JK. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

 

Para completar o passeio ainda se deve conferir os museus da cidade, como o Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves em forma de pomba; o Museu Nacional da República; o Museu de Arte de Brasília, com exposição permanente de arte moderna, e o Museu de Valores do Banco Central.

Brasília também é conhecida pelo ecoturismo, por estar localizada a mais de mil metros acima do nível do mar, no imenso platô do Planalto Central, de onde nascem rios de algumas grandes bacias hidrográficas brasileiras. Vale visitar os Jardim Zoológico de Brasília, o Parque Ecológico Burle Marx, especialista responsável pelo projeto paisagístico da cidade; o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, Paque Nacional de Brasília, o Jardim Botânico e o Paque Olhos D’Água. Pode-se conhecer ainda a Estrada Geral do Sertão, com mais de 3 mil quilômetros, aberta em 1736 para ligar Salvador até Vila Bela da Santíssima Trindade, antiga capital do Mato Grosso.

Peculiaridade

Brasília não é uma cidade como as demais do Brasil. Ela tem um estatuto único. Não possui prefeito e vereadores, considerando pessoa jurídica de direito público interno, com estrutura político-administrativa ímpar, pois não é nem estado, nem município, mas que acumula competências legislativas como estados e municípios. Há um governador e uma Câmara Legislativa para representar os poderes Executivo e Legislativo da região. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios atende pelo Poder Judiciário.

Por ser uma cidade tombada, a economia de Brasília resulta de sua função administrativa, que optou por incentivar o desenvolvimento de indústrias não poluentes como a de software, cinema, vídeo, gemologia, entre outras, com ênfase na preservação ambiental e na manutenção do equilíbrio ecológico, preservando o patrimônio da cidade. Sua base, contudo, esteve na construção civil e no varejo.

A cidade foi berço das maiores bandas brasileiras, como Secos e Molhados, Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Raimundos, Natiruts e Paralamas do Sucesso.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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