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Cabelo, planta e itens para festa: veja furtos inusitados dentro e fora de Goiás

Última atualização 03/07/2022 | 13:15

A mente humana é um mistério até mesmo para especialistas. Entender como e por que alguém realiza furtos de objetos aparentemente de baixo ou nenhum valor pode ser um desafio, principalmente se o autor não tiver doenças psiquiátricas.

Os crimes inusitados vão desde frango assado, passando por plantas e até cabelo, incluindo dízimo dentro da igreja, ponte de aço, túmulo de famosos e areia de praia do Brasil e mundo afora. Em Goiás, a lista de ‘aberrações’ registradas em é enorme. A delegada Renata Vieira está na função há anos, mas ainda assim se surpreende. 

“O caso mais engraçado e inusitado foi o furto de um carregador de tornozeleira eletrônica, porque o tornozelado chegou desesperado com medo de decretarem sua prisão, caso a tornozeleira descarregasse. Delegacia tem história todo dia”, relembra sorrindo da situação curiosa.

No mês de junho, duas primas foram encontradas pela Polícia Militar (PM) com um verdadeiro kit festa em Goiânia. Elas foram localizadas na parte de fora de um supermercado com 57 pacotes de carne, 19 unidades de cerveja, quatro pacotes de ovos, além de outros itens. As mulheres confessaram que furtaram os produtos para uma festa no fim de semana.

A cidade de Anápolis já registrou a ocorrência de uma mulher com feijão tropeiro, carne assada, três garrafas de vodka e uma de gin dentro de uma mochila. A ideia também era preparar uma festinha. Todos os itens, no valor de R$ 179,95, haviam sido furtados de um mercado da cidade. Ela foi presa em flagrante e levava ao Distrito Policial mais próximo.

Os cabelos virgens, aqueles sem produtos químicos, também se tornaram alvo de criminosos anos atrás na Capital. Uma dessas ações chegou a ser registrada em delegacia por uma mulher de 24 anos, que teve as madeixas cortadas por um estilete dentro de um terminal de ônibus. À época, o delegado afirmou que nunca havia se deparado com esse tipo de crime em 20 anos de carreira e considerou como motivação o alto valor do quilo desse tipo de cabelo. 

Durante a pandemia, a febre de decoração e de cuidar do verde como um passatempo fez aumentar as estatísticas da segurança pública. Vasos e plantas começaram a ser furtados à luz do dia por pessoas de todos os tipos. A investida virou ocorrência policial, tendo homem, idosa e até casal como autores. 

Mas, e por quê?

A justificativa de quem é pego varia bastante. Segundo Renata, a maioria nega e os que assumem costumam ser usuários de droga ou estar interessados em revender os objetos. “Já tive respostas inusitadas como “mulher é cara demais e só gosta de homem com dinheiro”, diz.

Para uma minoria dessas pessoas, flagradas ou não, o problema pode ser literalmente mental. A psicóloga Carolina Ribeiro explica que o furto pode ser considerado uma doença. É a cleptomania, entendida como compulsão caracterizada por uma ação repetida e incontrolável

“Essas pessoas costumam furtar coisas com baixo preço porque a questão não é o valor ‘comercial’”, diz. De acordo com a profissional, estimativas apontam que de 0,6% a 0,8% da população seja afetada pelo transtorno, sendo a maioria de maioria mulheres. O indicado para essas pessoas é um tratamento psicológico e psiquiátrico.

Exceções

A delegada explica que a lei prevê punição do furto variando de um a quatro anos. Apesar disso, ela pondera que o próprio direito penal traz duas excepcionalidades. Uma delas é o chamado Princípio da Insignificância aplicado quando a pessoa não responde pelo crime porque o objeto é considerado insignificante, a exemplo de um chinelo usado. 

Outra situação ocorre quando o juiz reconhece o furto cometido sobre algo de pequeno valor. “Aqui há o reconhecimento do furto privilegiado e pode ser aplicada a diminuição de pena de um a dois terços da pena, substituição da pena de reclusão por detenção ou aplicar somente multa”, explica Vieira. O registro policial pode ser feito independentemente do valor do objeto furtado.