A valorização recorde do café tem despertado um novo temor entre cafeicultores de Minas Gerais, maior produtor mundial do grão. Se antes o receio era com o furto de máquinas e insumos, agora os agricultores enfrentam a ameaça do roubo direto nas lavouras, com criminosos levando café ainda no pé.
Com a saca de 60 quilos cotada a mais de R$ 2.500, pequenos furtos e ações de quadrilhas têm se tornado frequentes no sul de Minas, no Triângulo Mineiro e na Zona da Mata. Agricultores relatam prejuízos e aumento da insegurança no campo, especialmente para a agricultura familiar, onde qualquer perda impacta diretamente o orçamento anual.
Nos últimos meses, criminosos têm agido, principalmente à noite, para evitar chamar atenção. Em Ilicínea, um homem foi preso com uma saca cheia de grãos furtados diretamente da lavoura. Em Campestre e São Sebastião do Paraíso, além dos furtos do café maduro, houve casos de roubo de mudas recém-plantadas.
A alta do café tem tornado o grão mais atrativo para criminosos do que outros bens rurais. Segundo José Eduardo dos Santos Júnior, da Cooxupé, maior cooperativa do setor no país, o café pronto para a colheita é um alvo mais vantajoso para os ladrões do que fertilizantes, que têm preço semelhante, mas exigem transporte mais complexo.
O problema também envolve grupos organizados. Em Jacutinga, a Polícia Civil recuperou, na última quarta-feira, 19, uma carga de café avaliada em R$ 2 milhões que havia sido furtada no porto de Santos. Em Lavras, sete pessoas foram presas suspeitas de integrar uma quadrilha que roubou uma carga de café em agosto. Outras cidades, como Conceição da Aparecida, São José da Barra e Campo do Meio, também registraram crimes contra produtores, incluindo tentativas de sequestro.
Diante da escalada da violência no campo, cafeicultores têm reforçado a segurança, instalando câmeras e discutindo estratégias para proteger suas lavouras. No entanto, o temor permanece, especialmente com a expectativa de novas altas no preço do café, que podem intensificar ainda mais os furtos na próxima safra.