Caiado exige ações do Governo Federal contra queimadas e critica verba para Goiás

Em meio à crise nacional de incêndios florestais, o governador Ronaldo Caiado participou de uma reunião com o Governo Federal e outros governadores para discutir ações de combate às queimadas. Caiado criticou a verba destinada a Goiás, considerada insuficiente frente aos prejuízos, e defendeu uma legislação mais rigorosa contra os incêndios criminosos. A reunião também abordou a necessidade de investimentos robustos e ações coordenadas para conter a devastação ambiental e proteger vidas.
 
O governador Ronaldo Caiado cobrou ações mais efetivas no combate às queimadas no país durante encontro com ministros do governo federal, na tarde desta quinta-feira, 19, no Palácio do Planalto, em Brasília. Durante coletiva de imprensa, o governador destacou a atuação proativa de Goiás com ações descentralizadas coordenadas no combate às queimadas, mas lamentou as limitações impostas pela atual legislação e a insuficiência de recursos destinados a Goiás. Caiado também criticou o valor destinado pelo governo federal ao estado para combater as queimadas.
 
Participaram do encontro 11 governadores e quatro ministros para discussão de um plano de contingência para o problema dos incêndios florestais. Na oportunidade, o governo federal detalhou a liberação de R$ 514 milhões para combate a incêndios e seca na Amazônia Legal.
 
Segundo Ronaldo Caiado, a verba destinada a Goiás é insuficiente para lidar com a situação, diante do tamanho dos prejuízos. “Qual é o significado de quinhentos e poucos milhões de reais numa situação como essa? Soube que a cota de Goiás é R$ 13 milhões”, disse. “Nós apresentamos um documento, com base em estudo, com dados oficiais. Não é no achismo. Já chega a R$ 1,5 bilhão. São mais de 102 mil hectares de áreas produtivas que foram destruídas nessas queimadas.”
 
A situação do Estado, contudo, já não é tão crítica como a de outras unidades da federação. “A reunião foi convocada pelo ministro Rui Costa, que realmente fez um cenário dos estados com maior incidência. Eu fui convidado, mas Goiás realmente não constava ali”, disse o governador. Caiado ressaltou que, enquanto houve aumento de 41% nos incêndios em áreas produtivas, nas áreas não produtivas houve redução de 12%. “Justamente para desmentir toda e qualquer tese que estaria sendo ali colocado fogo intencional por parte de produtores rurais”, afirmou.
 
O governador enfatizou que a situação das queimadas em Goiás está mais controlada, apesar das adversidades climáticas, graças a ações como o monitoramento em tempo real e pronta resposta da Defesa Civil e dos sindicatos rurais. “No nosso estado estou fazendo, não me omito de nenhum problema. Em Goiás, temos um monitor de queimadas. Goiás tem um contrato com satélite, onde nós nos primeiros três metros quadrados de queimada nós já somos acionados, tanto na Secretaria do Meio Ambiente, como também na Defesa Civil de Goiás e dos municípios, dos sindicatos rurais e uma grande parceria”, destacou.
 
Caiado lamentou a perda de vidas, como a que ocorreu na madrugada desta terça-feira (17) em Itapaci, onde uma fazendeira de 67 anos morreu asfixiada pela fumaça, quando tentava apagar o fogo em um pasto quando desapareceu entre as chamas e morreu. “Isto é algo que nós não podemos admitir. Não podemos aceitar que o crime avance da maneira como está avançando no Brasil, trazendo prejuízo e mortes. Tantos já morreram. Bombeiro militar já morreu. Além da fauna, da flora, tudo aquilo que nós preservamos”, declarou.
 
Também voltou a defender que os estados tenham maior autonomia e propôs rediscutir o federalismo no Brasil. “Precisamos parar com essa bobagem. Isso é de uma ineficiência completa. Não dá para achar que Brasília vai decidir o que fazer em cada estado”, questionou, citando o caso de Goiás. “É o único estado que tem unidades de corpo de bombeiros separadas, não precisa daquela estrutura enorme. Nós temos pequenas estruturas em vários municípios do interior, para fazer o primeiro combate. O que você precisa é de ter ação articulada, para que isso tenha resultado”, afirmou.
 
Nessa terça-feira, o governo federal já havia anunciado R$ 514 milhões para combate a incêndios e seca na Amazônia. Após a reunião, o ministro da Casa Civil informou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar mais cerca de R$ 400 milhões ainda na próxima semana para ações de combate ao fogo e enfrentamento aos efeitos da seca nas regiões. “Esse é o primeiro aspecto, emergencial, mas nós pautamos também para que seja ato contínuo, para que depois que sair da emergência o problema não seja esquecido”, afirmou o ministro.
 
Rui Costa enfatizou a preocupação dos governadores com a falta de severidade na punição de incêndios criminosos. Segundo Rui Costa, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, deve enviar à Casa Civil um conjunto de medidas para mudar a legislação e endurecer as punições relativas aos incêndios florestais, atendendo a esta reivindicação. “Todos os estados têm prisões efetuadas. Muitos governadores reclamaram da forma com que as pessoas presas foram soltas imediatamente, sob pagamento de valores irrisórios de 100, 200, 300 reais, depois de ter tocado fogo em áreas extensas. Foi uma reclamação unânime e que é importante a gente destacar”.
 
Neste sentido, Caiado voltou a comentar a recente revogação de uma lei estadual que estabelecia prisão inafiançável para esses casos. “Eu tomei a iniciativa em Goiás diante daquilo que ficou caracterizado com a presença significativa de incêndios criminosos. Aprovamos uma lei na Assembleia Legislativa de Goiás, dando a prerrogativa de que as pessoas que foram ali apreendidas e confirmadas como incêndio criminoso, a sua prisão seria mantida. Ou seja, um crime inafiançável para que nós pudéssemos ter esse período de setembro até outubro”, disse. Porém, a lei foi considerada inconstitucional e os suspeitos detidos foram liberados. “Os doze que estavam presos foram embora.”
 
O Governo de Goiás tem trabalhado incansavelmente nas ações de combate às queimadas. Em julho de 2024 foi publicado decreto que proíbe o uso de fogo na vegetação em todo o território estadual, em virtude da situação de emergência ambiental declarada no estado em razão da alta probabilidade de ocorrência de incêndios florestais. Já em agosto, 20 municípios goianos tiveram situação de emergência decretada por causa de incêndios em áreas não protegidas, com reflexos na qualidade do ar.
 
Além disso, o governo do estado também trabalha na regulamentação da Política de Manejo Integrado do Fogo (MIF), que tem como objetivo regulamentar o uso preventivo do fogo em Goiás, com foco inicial nas unidades de conservação (UCs). Na linha de frente estão sendo ampliadas as contratações de brigadas destinadas ao combate ao fogo nessas unidades, além da criação de planos operativos de prevenção e combate aos incêndios florestais.

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Jovem baleada por agentes da PRF continua em estado grave no hospital

A jovem Juliana Leite Rangel, 26 anos, permanece em estado grave, no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN),em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi internada na unidade, às 21h12, de terça-feira, 24, após ser atingida por um tiro de fuzil na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Rodovia Washington Luís (BR-040), também naquele município.

Por meio da Secretaria Municipal de Saúde e da direção do HMAPN, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que a jovem foi levada para a unidade pela PRF. “A direção do HMAPN informa que a paciente, atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, segue internada no CTI, hemodinamicamente instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. A paciente mantém o quadro gravíssimo”, informou em nota divulgada no início da manhã desta quinta-feira, 26.

Em entrevista ontem no Hospital, a médica intensivista do Adão Pereira Nunes, Juliana Paitach, disse que mesmo em estado grave, Juliana Leite Rangel, tem reagido positivamente aos medicamentos que vem recebendo. “Do que ela chegou para agora não teve piora. Ela se manteve em um grau de gravidade que estabilizou com as drogas que estão entrando com a medicação e não teve piora, ou seja, a pressão se manteve com a medicação que está entrando. É uma paciente jovem, que foi atendida com rapidez e muita eficiência, que tem tudo para evoluir com positividade, mas não tem como a gente saber”, afirmou.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou Procedimento Investigatório Criminal, assinado pelo procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, considerando que, conforme a Constituição de 1988 definiu, o órgão tem a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

No texto, o procurador apontou que a jovem de 26 anos seguia de carro na companhia de familiares para comemorar o Natal e sofreu gravíssimos ferimentos. Benones destacou que ela não foi a única vítima, uma vez que o pai  dela, Alexandre, também foi baleado.

O procurador determinou que, considerando a necessidade de efetuar diligências, “visando a colheita de informações, documentos e outros elementos aptos a direcionar e definir a linha de atuação deste órgão ministerial no caso aqui apresentado”, a Superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, dê informações sobre as providências adotadas. Requisitou ainda à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, também no Rio, a identificação dos policiais rodoviários federais envolvidos na ocorrência e a identificação dos autores dos disparos.

O procurador requereu também o imediato afastamento das funções de policiamento dos policiais envolvidos no caso, além do recolhimento dos veículos “com total preservação de seu estado, conforme verificado após a ocorrência”.

Benones determinou ainda o recolhimento e acautelamento das armas, de qualquer calibre ou alcance, que estavam em poder dos policiais envolvidos, “independentemente de terem sido utilizadas ou não, para realização de perícia”.

Para o HMAPN, o procurador pediu a expedição de um ofício para que o diretor da unidade informe ao MPF o estado de saúde das vítimas, independente de boletins médicos, bem como para o envio, de imediato, dos respectivos Boletins de Atendimento Médico de Juliana e de Alexandre.

Ainda no texto, o procurador determinou à Polícia do Ministério Público Federal que se dirija ao Hospital Adão Pereira Nunes, para apurar o estado de saúde da vítima, com declaração médica, a identidade dos integrantes da equipe médica que prestou os primeiros socorros, bem como da equipe responsável pelo acompanhamento do tratamento”.

Inquérito

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a ocorrência da noite desta terça-feira, 24, que envolve policiais rodoviários federais. De acordo com a PF, as apurações começaram após ser acionada pela PRF.  Uma equipe esteve na Rodovia Washington Luís (BR-040) para realizar as medidas iniciais, como “a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, contou em nota divulgada ontem.

Também em nota, a Polícia Rodoviária Federal  informou nesta quarta-feira, 25, que, por determinação da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, foi aberto, na manhã de ontem, um procedimento interno para apuração de fatos relacionados aos disparos, na BR-040, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. De acordo com a PRF, “os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais”.

A corporação disse lamentar profundamente o episódio e esclareceu que, por orientação da Direção-Geral, “a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana”.

Quanto às investigações, indicou que colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas apurações do caso.

Ministério da Justiça e Segurança Pública

“A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias”, apontou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em nota divulgada pela pasta.

Lewandowski lamentou o incidente, que na visão dele, “demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública lamenta o ocorrido e se solidariza com a vítima e seus familiares. Informa ainda que tem empenhado todos os esforços para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas”, completou a nota.

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