Câmara confirma inexistência de atas de emendas, diz deputado: entenda a polêmica

Emendas: resposta da Câmara apontainexistência de atas, diz deputado

Avaliação é do presidente da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara, José Rocha (União-BA)

O presidente da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados, José Rocha (União-BA), disse ao Metrópoles neste sábado (28/12) que a última resposta da Casa ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as emendas parlamentares é a confirmação de que as atas das emendas supostamente aprovadas pelas comissões não existem.

“Foi a confirmação da inexistência de atas”, disse o parlamentar, que, nos últimos dias tem reiterado que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “falta com a verdade” nas respostas ao STF.

As atas de comissão, caso existissem, são uma exigência do ministro do STF Flávio Dino na decisão de sexta-feira (27/12), quando ele pediu novos esclarecimentos “objetivamente” da Câmara. Na resposta que deu na noite de sexta, a Casa não enviou as atas que identificam os reais “padrinhos” das emendas de comissão.

Dino havia questionado, por exemplo, se todas as 5.449 indicações das emendas listadas em ofício enviado ao Executivo foram, de fato, aprovadas pelas comissões. A Câmara, por sua vez, se esquivou do questionamento.

“Quanto ao questionamento, esclarece-se que não havia, até 25 de novembro de 2024, data da promulgação da Lei Complementar nº 210, previsão de que as indicações de emendas de comissão tivessem que ser votadas pelos respectivos colegiados”, argumentou a defesa da Casa em um trecho.

NOVO EPISÓDIO DE ATRITO SOBRE EMENDAS COMEÇOU NESTA SEMANA

Nesta semana, um novo episódio envolvendo o pagamento das emendas tensionou ainda mais o conflito do Legislativo com o Judiciário.

Na segunda (23/12), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino determinou a suspensão imediata do pagamento de 5.449 indicações de emendas de comissão, o que afeta uma fatia de R$ 4,2 bilhões do orçamento da União. Além disso, mandou a Polícia Federal (PF) abrir uma investigação sobre as emendas.

O magistrado considerou que o pagamento não poderia ser concretizado até que a Câmara apresente as atas das sessões das comissões permanentes. Na madrugada de sexta (27/12), a Câmara respondeu a Corte. Argumentou que cumpriu as atuais regras determinadas pela Corte e que a decisão de destinar as emendas recebeu o aval do Executivo, ou seja, do governo Lula.

No fim da manhã do mesmo dia, Dino manteve o bloqueio e pediu mais informações, elencando em quatro perguntas o que queria saber. A Câmara respondeu na noite de sexta, em tom mais político do que técnico, reforçando que as regras foram cumpridas e tiveram o aval do governo, além de acrescentar, nas palavras da defesa dos deputados, que o Senado fez a mesma coisa e não estava sendo cobrado.

No entanto, no ofício enviado pelos senadores ao governo, diferentemente da Câmara, houve a indicação de que os líderes partidários eram os padrinhos de cada uma das indicações.

DEPUTADO JOSÉ ROCHA CITADO NA PRIMEIRA DECISÃO DE DINO

Dino citou, na decisão de segunda, declarações dadas pelos deputados José Rocha (União Brasil-BA) e Adriana Ventura (Novo-SP), afirmando que os parlamentares das comissões temáticas não tinham participação da escolha das emendas do colegiado.

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Prefeito Ricardo Nunes inicia segundo mandato com ala bolsonarista e agenda privatista em DE

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de DE, está iniciando o segundo mandato com uma composição política que inclui uma ala bolsonarista e uma presença mais forte de políticos de sua cota pessoal. A posse de Nunes, do vice Mello Araújo e dos 55 vereadores eleitos está marcada para a tarde desta quarta-feira. O emedebista assumiu a prefeitura em maio de 2021 após a morte de Bruno Covas (PSDB), mantendo políticos mais ao centro. No entanto, agora introduz representantes do conservadorismo em sua gestão, seguindo a linha privatista e de segurança adotada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Reeleito com mais de 3 milhões de votos no segundo turno, Nunes formou um secretariado que reflete mais seu perfil político, além de atender a ala bolsonarista que o apoiou. O vice, coronel Mello Araújo, indicado por Jair Bolsonaro, é um exemplo desse movimento. Outra integrante da ala bolsonarista na gestão é a advogada Angela Gandra, secretária de Relações Internacionais. Vindo de uma indicação da vereadora Zoe Martínez, de confiança da família Bolsonaro, Angela é filha do jurista Ives Gandra Martins.

Além dos bolsonaristas, o núcleo político de Nunes conta com membros de sua cota pessoal, como Edson Aparecido e Enrico Misasi. A presença de ex-prefeitos da Grande SP no governo, que encerraram seus mandatos em 2024, também é notável. Rodrigo Ashiuchi, ex-prefeito de Suzano, assumiu a pasta do Meio Ambiente, enquanto Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo, foi escolhido para a Secretaria de Segurança Urbana. Rogério Lins, ex-prefeito de Osasco, agora está à frente da Secretaria de Esportes e Lazer.

Focando em suas promessas para o novo mandato, Nunes se comprometeu com diversas propostas ao longo da campanha, incluindo a transformação dos Centros Educacionais Unificados em centros de qualificação profissional e a construção de unidades do Paulistão da Saúde. No entanto, os primeiros impactos da gestão já mostram um reajuste de R$ 0,60 na tarifa de ônibus em São Paulo, passando de R$ 4,40 para R$ 5.

A nova equipe de secretariado de Nunes reflete suas escolhas para compor o governo, incluindo nomes como Fernando Padula na Educação, Rodrigo Goulart no Desenvolvimento Econômico e Angela Gandra nas Relações Internacionais. A presença da ala bolsonarista, aliada às propostas privatistas e de segurança, demonstra a estratégia adotada pelo prefeito para seu segundo mandato à frente de DE. Nos bastidores, a relação com Tarcísio de Freitas tem evidenciado algumas tensões, mas publicamente ambos têm trocado elogios e destacado a parceria entre prefeitura e Estado. Enquanto Nunes busca implementar uma agenda mais liberal na educação, também está a adotar o modelo de escolas cívico-militares proposto por Tarcísio.

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