Câmara de deputados aprova a MP que privatiza Eletrobrás

O texto-base da medida provisória que visa privatizar a Eletrobrás foi aprovado na noite desta segunda-feira (21) pela Câmara dos Deputados. A aprovação ocorre para algumas medidas como a permissão para que a empresa venda ações na bolsa de valores para diminuir controle acionário da União. A medida segue agora para a sanção presidencial.

Analisado pelos Senadores na última semana, a medida precisava ser votada até esta terça-feira (22), para que não perdesse a validade. Assim, uma sessão extraordinária foi convocada pela Câmara para que a votação fosse feita nesta segunda. Após este projeto, a União não poderá comandar mais o conselho da empresa. No entanto, o poder de veto sobre as decisões continuará.

No texto, o relator do projeto, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), autorizou ainda que o governo federal crie empresas públicas que administrem a estatal responsável por controlas as usinas de Angra e Itaipu Binacional, a Eletronuclear. Elmar justificou a aprovação do texto-base ao pontuar a perda de investimentos da Eletrobrás, que teve uma queda de R$ 10 bilhões para R$ 3,3 bilhões na média anual, entre os anos de 2011 e 2019.

O relator ainda ressaltou a importância a matéria para que a capacidade de investimento fosse recuperada. “Infelizmente, ou felizmente, hoje só não tem apagão porque o Brasil na última década não cresceu. Mas, com a previsão de crescimento do PIB de 4%, precisamos recuperar a capacidade empresa geradora de energia”, disse.

Para isso, o projeto prevê a contratação de energia reserva às termelétricas movidas a gás natural. Também serão recontratados empregados da Eletrobrás que foram demitidos nos últimos 12 meses sem justa causa seguintes à desestatização das empresas públicas federais.

Os partidos Psol, PT, PSB E Novo entraram com uma obstrução para tentarem adiar a votação. O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que vai à Justiça contra a sanção do texto. Já o líder do PT, deputado Bohn Gass (PT-RS), disse que a votação de hoje é “marcada pela tristeza” não só pela votação da MP como pela morte dos 500 mil brasileiros por Covid-19.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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