Câmara dos Deputados adia votação de pacote de cortes de gastos do governo: entenda as propostas em discussão

A Câmara dos Deputados encerrou a sessão no plenário na noite desta quarta-feira (18/12) sem votar os projetos do pacote de corte de gastos enviado pelo governo Lula em novembro. Estavam na pauta a proposta de Emenda Constitucional (PEC) e o projeto de lei (PL) que tratam do tema. O adiamento da votação deixa o Congresso ainda mais pressionado, já que o último dia de trabalho deve ser na sexta (20/12).

Antes de encerrar a sessão, a Casa voltou a emenda aglutinativa da PEC 45/2024, que na prática permite que ela seja incluída na PEC 31/2007, e possa ser votada direto no plenário. A junção das PECs foi aprovada por 294 votos, 14 a menos do que seria necessário para aprovar a PEC posteriormente. Uma emenda constitucional precisa de 308 votos para ser aprovada, e a votação tem que ser realizada em 2 turnos.

Depois desse placar, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), resolveu encerrar os trabalhos e convocou sessão remota para quinta-feira (19/12), às 10h da manhã, com efeito administrativo. Na prática, deputados não vão ter que estar em Brasília, mas se não registrarem presença no aplicativo podem ter o salário descontado.

Uma das principais preocupações dos deputados governistas é justamente em relação à garantia de votos necessários para aprovação da PEC, visto a necessidade de apoio de um número maior de parlamentares, diferentemente do projeto de lei (PL) e do projeto de lei complementar (PLP), que compõem o pacote de ajuste fiscal. As propostas do pacote são: o PLP nº 210/24, relatado por Átila Lira (PP-PI) e que já foi aprovado; o PL nº 4614/24, com relatoria de Isnaldo Bulhões (MDB-AL); e a PEC nº 45/2024, relatada por Moses Rodrigues (União Brasil-CE).

O texto da equipe econômica de Lula permitia que até 20% dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) fossem destinados para criação e manutenção de matrículas em escolas de tempo integral. No parecer, Moses Rodrigues reduziu o percentual de 20% dos recursos do Fundeb para 10% e adiciona uma cláusula em que os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão destinar ao menos 4% dos recursos do fundo a partir de 2026 para ampliação das matrículas da educação integral.

A PEC propõe uma restrição gradual ao acesso ao abono salarial do Programa PIS/Pasep, atualmente equivalente a um salário mínimo. Pelo texto do governo Lula, a partir de 2026, o benefício será ajustado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e deixará de acompanhar os ganhos reais do salário mínimo. Já sobre os supersalários do funcionalismo público, o parecer do deputado do União estabelece que o fim da regalia virá por meio de um projeto de lei ordinário e não mais por meio de uma lei complementar.

No Senado Federal, há um PL 2.721/21, que delibera verbas indenizatórias para evitar os supersalários. A expectativa é de que a proposta delibere sobre o tema e não mais a PEC do pacote de revisão de gastos públicos.

O projeto de lei complementar prevê limitar a utilização de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas. O projeto de lei abraça diferentes pontos e concentra os que são alvo de maior divergência entre os deputados. É nele que se encontra o ajuste do salário mínimo aos limites do arcabouço fiscal, com ganho acima da inflação mas limitado a intervalo entre 0,6% e 2,5%. Também inclui a mudança no Fundo Constitucional do Distrito Federal, que passaria a ser corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e não mais pela variação da receita.

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Bolsonaro aposta em Toffoli, Nunes e Mendonça para reverter inelegibilidade em 2026

Bolsonaro aposta em Toffoli, Nunes e Mendonça para poder disputar 2026

Bolsonaro acredita que mudanças na composição do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) contribuirão em seu pleito para reverter inelegibilidade

Jair Bolsonaro acredita que mudanças na composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2026, meses antes da disputa ao Planalto, contribuirão para que a Corte atenda a seu pedido e reverta a inelebilidade a que foi condenado. Em entrevista à coluna, o deputado federal Eduardo Bolsonaro destacou que Kassio Nunes Marques assumirá a presidência do TSE e que André Mendonça também estará no colegiado. Cármen Lúcia, por sua vez, dará lugar a Dias Toffoli, visto por Eduardo como “equilibrado”.

“Reverter a inelegibilidade amanhã ou próximo à eleição não mudará o sentimento
do brasileiro. A nova configuração do TSE para 2026 não vai nos privilegiar, mas
vai ser muito mais equilibrada do que com Alexandre de Moraes”, opinou Eduardo
Bolsonaro.

“Não vai ter só gente que Bolsonaro indicou. Terá o ministro Toffoli, que muitas
vezes é mais equilibrado que Cármen Lúcia. Muito menos ideológico. Dos três
ministros do STF no TSE, teremos Kassio Nunes, Dias Toffoli e André Mendonça”,
completou Eduardo Bolsonaro.

Perguntado sobre qual o instrumento jurídico a ser utilizado para reabrir a
discussão sobre a inelegibilidade de Bolsonaro, que já teve recursos negados
pelo TSE, o parlamentar citou a possibilidade de apresentar à Justiça fatos
novos e ações rescisórias. “Sempre há como [ingressar com pleitos judiciais].
Lula estava preso e inelegível. Aqui é Brasil”, comentou o congressista.

O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por decisão do TSE em junho de 2023. A Corte Eleitoral entendeu que ele cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao realizar uma reunião no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros, em 18
de junho de 2022. A ministra Cármen Lúcia apresentou o voto que formou a maioria pela inelegibilidade, considerando que o evento teve caráter eleitoreiro.

Na ocasião, a Corte era presidida pelo ministro Alexandre de Moraes. Atualmente,
o tribunal é presidido por Cármen Lúcia, que será sucedida por Kassio Nunes
Marques em agosto de 2026, meses antes da eleição Presidencial de outubro.

OS 2 INDICADOS DE BOLSONARO

O ministro Kassio Nunes Marques chegou ao Supremo por indicação de Bolsonaro. O
outro nome indicado pelo ex-presidente, André Mendonça, também vai compor o TSE
em 2026.

A Corte Eleitoral é formada por sete juízes: três do STF, dois do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e dois juristas da classe dos advogados. A
presidência, porém, sempre fica com um ministro da Suprema Corte.

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