Câmara dos Deputados proíbe uso de linguagem neutra em órgãos públicos

Câmara dos Deputados proíbe uso de linguagem neutra em órgãos públicos

Termos da linguagem neutra, como “todes” e “amigues”, não poderão ser usados para se referir a pessoas que não se identificam com o gênero masculino ou feminino na comunicação de órgãos e entidades da administração pública. A proibição foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira, 5, durante a votação do projeto de lei que institui uma política nacional de linguagem simples.

Depois da votação do texto inicial, parlamentares aprovaram uma emenda de autoria do deputado Junio Amaral (PL-MG), que prevê que a administração pública não deverá usar “novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa”. O parlamentar argumenta que a linguagem neutra é uma “aberração” usada ideologicamente e não se enquadra na finalidade de uma linguagem simples.

Alguns deputados contrários chamaram a emenda de jabuti — jargão parlamentar que refere à inclusão de trecho sem relação com o projeto original. As federações PT/PCdoB/PV e Psol/Rede, além da bancada do governo e da maioria, orientaram votos contra o trecho. A emenda foi aprovada por 257 votos a favor, 144 deputados votaram contra e 2 se abstiveram.

A emenda integra o projeto de lei que institui uma política nacional de linguagem simples, com procedimentos a serem adotados pelos órgãos e entidades da administração pública em suas comunicações com a população, de autoria da deputada Erika Kokay (PT-DF). O texto foi aprovado na forma do substitutivo do deputado Pedro Campos (PSB-PE) e vai para análise do Senado.

Objetivos

Erika Kokay afirmou que o objetivo é uma linguagem acessível que amplie o controle social da população sobre os atos do governo. “O contrário de comunicação simples é uma comunicação difícil. O que está se propondo é que o poder público emita seus comunicados de forma transparente e para que as pessoas possam compreender, sem cerceamento ao uso da língua, os impactos das decisões na vida das pessoas”, afirmou a autora da matéria.

O projeto pretende reduzir a necessidade de intermediários nas comunicações entre os poderes públicos e a população; reduzir os custos administrativos e o tempo gasto com atividades de atendimento ao cidadão. Em relação aos princípios, destacam-se o foco no cidadão e a facilitação de seu acesso aos serviços públicos; a transparência; assim como a facilitação de sua participação no controle social.

Conceito

O texto de Pedro Campos considera linguagem simples o conjunto de técnicas para transmitir informações de maneira clara e objetiva, permitindo ao leitor encontrar facilmente o que procura, compreender o que encontrou e usar a informação. Para isso devem ser usadas palavras, estrutura e leiaute da mensagem que facilitem essa obtenção de informação.

Nos casos em que a comunicação se destinar a comunidade indígena, o texto recomenda publicar uma versão no idioma do destinatário.

De igual forma, sempre que possível, os documentos oficiais dos órgãos e entidades da administração pública direta e indireta deverão ter uma versão em linguagem simples além da versão original.

A autora do projeto afirmou que o objetivo é uma linguagem acessível que amplie o controle social da população sobre os atos do governo. “O contrário de comunicação simples é uma comunicação difícil. O que está se propondo é que o poder público emita seus comunicados de forma transparente e para que as pessoas possam compreender, sem cerceamento ao uso da língua, os impactos das decisões na vida das pessoas”, afirmou Erika Kokay.

“O objetivo do projeto é garantir que a comunicação do poder público, de maneira geral, seja de fácil entendimento pela população e tenha uma preocupação especial com as pessoas com deficiência intelectual”, disse o relator.

Quanto aos objetivos da política nacional, o projeto pretende reduzir a necessidade de intermediários nas comunicações entre os poderes públicos e a população; reduzir os custos administrativos e o tempo gasto com atividades de atendimento ao cidadão.

Outros objetivos são facilitar a compreensão das comunicações públicas para pessoas com deficiência intelectual; promover a transparência ativa e o acesso à informação pública de forma clara; e facilitar a participação e o controle da gestão pública pela população.

Em relação aos princípios, destacam-se o foco no cidadão e a facilitação de seu acesso aos serviços públicos; a transparência; assim como a facilitação de sua participação no controle social.

Técnicas

Além do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), a administração pública deverá obedecer técnicas de linguagem simples na redação de textos destinados ao cidadão. O texto lista 10 técnicas, tais como:

– redigir frases curtas e em ordem direta;
– organizar o texto para que as informações mais importantes apareçam primeiro;
– desenvolver uma ideia por parágrafo;
– usar sinônimos de termos técnicos e de jargões ou explicá-los no próprio texto;
– evitar palavras estrangeiras que não sejam de uso corrente;
– organizar o texto de forma esquemática quando couber, com o uso de listas, tabelas e gráficos.

Críticas

Entre os parlamentares, houve quem fizesse críticas ao texto. “O que estamos fazendo hoje é um desserviço ao Brasil”, lamentou o deputado Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF). Ele acusou o texto de evitar sinônimos e empobrecer a redação oficial. O deputado Domingos Sávio (PL-MG) acusou o texto de restringir a capacidade de comunicação do poder público. “A língua fica diminuída, o que para mim é um atentado contra a língua portuguesa”, disse.

As críticas foram rebatidas pelo relator. “Não estamos fazendo poesia, ou qualquer reforma da língua. O objetivo é que as pessoas entendam o que está sendo dito pelo Judiciário, pelo Legislativo e pelo Executivo”, contrapôs Pedro Campos. O deputado Helder Salomão (PT-ES) também defendeu a medida. “Adotar a linguagem simples é assumir que a linguagem tem que cumprir a sua função social”, afirmou.

Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a proposta foi aperfeiçoada pelo Plenário. “É preciso ter atenção para não engessar documentos oficiais e também para não acabar criando uma indústria de cursinhos para as novas normas e entrar no campo da mercantilização, que também não é adequada”, alertou.

(**Com informações da Agência Câmara de Notícias)

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Alunos denunciam racismo em faculdade de São Bernardo do Campo: “Somente para brancos”

Alunos do 3º ano da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, denunciaram recentemente um suposto caso de racismo dentro da instituição. O incidente ocorreu devido à exposição de um cartaz escrito “entrada permitida somente para brancos” na porta de uma sala de aula.

O recado teria sido colocado no começo de novembro, por um professor de Sociologia e Antropologia, que fazia uma simulação de como funcionava a segregação racial. Uma ocorrência foi registrada por estudantes na Polícia Civil, mas a Secretaria da Segurança Pública confirmou que investigações não consideraram a prática como ato criminoso.

Vídeos enviados por alunos, disponibilizados por advogados que representam as vítimas, mostram que o professor que pediu a tarefa se justificou e de “bronca” nos alunos por terem registrados os fatos. Nas imagens, é possível ouvir o professor falando: “Alguém desinformado, que simplesmente podia ter batido na porta e perguntado: ‘o que está acontecendo?’ e a gente explicaria. Mas alguém foi lá, tirou uma foto e colocou nas redes da faculdade. Virou um caos”, disse.

Em nota, a FDSBC informou que o cartaz foi utilizado no contexto de uma atividade pedagógica, realizada com o objetivo de promover uma discussão crítica sobre as consequências jurídicas da prática de racismo.

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