Camelos podem transmitir doença pior que a Covid-19; entenda

Os inocentes passeios de turistas com camelos na sede da Copa do Mundo, no Catar, estão preocupando pesquisadores de todo o mundo. Eles acreditam na possibilidade de o animal ajudar a propagar a chamada Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), considerada dez vezes mais mortal que a covid. Há risco de estar neles a origem da próxima pandemia.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com as Universidades Johns Hopkins, dos Estados Unidos, da Universidade de Marseille, na França, sugere em um artigo publicado na revista científica New Microbes and New Infections que a maior preocupação é com o chamado grupo de risco. A maior chance está entre pessoas com saúde fragilizada, idosos e gestantes. 

Embora ainda não se tenha clareza sobre as formas de transmissão, orientam as pessoas a restringirem o contato com os fluidos dos animais – que podem cuspir e urinar nas pessoas, e não ingerirem leite ou consumirem carne de camelo. As consequências de  doenças zoonóticas podem ser observadas atualmente, considerando que o coronavírus causador da covid-19 teria infectado o ser humano através de morcegos e posteriormente se propagando de pessoa para pessoa.

Por terem a mesma “origem” no coronavírus, a vacina contra covid pode ajudar a minimizar os efeitos no ser humano. O infectologista Marcelo Daher esclarece que a imunização não impedirá a infecção. “Não se estudou mais sobre a doença porque ficou restrita a um público de uma região mais pobre, mas se sabe que não foi eficaz na transmissão entre as pessoas. A vacina pode oferecer uma proteção cruzada, mas, assim como com a covid, o máximo que pode acontecer é diminuir a gravidade dos casos”, explica.

A doença apresenta surtos no Oriente Médio há cerca de dez anos. O primeiro registro foi na Arábia Saudita e já houve notificações no Catar. Mais de mil pessoas em 27 países já morreram em decorrência da Mers. Além do camelo, os dromedários também podem ser hospedeiros do vírus da Mers. Os pesquisadores apontam ainda como as mudanças climáticas podem pôr a saúde da população em risco. 

Eles associam as temperaturas cada vez mais altas nas regiões de habitat natural para camelos e dromedários ao aumento da população desses animais em relação ao rebanho de bovinos, como vacas, e ovino, a exemplo de ovelhas. É que somente os camelos e dromedários tem expectativa de vida mais longa em um cenário de calor e restrição de água, além de serem úteis na alimentação de pastores e suas famílias.

Os sintomas da Mers são semelhantes aos da covid: tosse, falta de ar, febre, diarreia, mal-estar generalizado. No entanto, assim como em crianças diagnosticadas com covid, a doença  pode ser assintomática. O tratamento se limita ao alívio dos efeitos do micro-organismo no corpo, porém exige internação caso agrida o sistema respiratório de forma grave. Segundo dados da OMS, 27% das pessoas infectadas morrem. Não há um remédio o cura ou vacina específica para a doença.

 

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Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

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