Caminhoneiros goianos decidem parar após novo aumento do diesel

A partir desta terça-feira, o diesel fica 40 centavos mais caro, depois de um novo reajuste da Petrobras. O preço médio do litro vendido para as distribuidoras passou de R$ 4,51 para R$ 4,91. Neste cenário, cerca de 14 mil caminhoneiros goianos decidiram parar os caminhões, por não conseguirem manter os custos de uma viagem, segundo o Sindicato Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas (Sinditac).

“Eu sou um dos que pararam o caminhão. Não vou mais viajar. Vou abastecer, coloco R$ 4 mil de óleo diesel, enquanto o frete está R$ 4,4. Em todos os estados, os autônomos estão parando. O motorista vai parando automaticamente porque não dá conta de trabalhar. Existe o piso mínimo [do frete] que virou lei, mas a lei não está prevalecendo”, afirma o presidente do Sinditac, Vantuir José Rodrigues.

A paralisação, segundo o representante dos caminhoneiros goianos, não é exatamente uma greve organizada, e sim a única saída encontrada por motoristas. “Infelizmente, o país vai chegar a uma situação dramática. Porque o caminhoneiro não dá conta de trabalhar, a população não dá conta de comprar. Quando tem os produtos para transportar, não tem caminhão porque o caminhoneiro não vai”, pontua Vantuir.

Manifestação

Segundo o presidente do Sinditac, os caminhoneiros farão manifestações sobre a Política de Paridade de Preços (PPI) da Petrobras. Instituída em 2016 pelo governo Michel Temer e vigente até hoje, ela estabelece que a Petrobras tome como base o preço mundial do barril de petróleo na hora de definir os valores dentro do território brasileiro.

“Vamos fazer manifestação sobre a PPI, mas não somos só nós caminhoneiros que devemos manifestar, tem que ser a sociedade em geral. Semana passada, estivemos em Brasília para conversar com outras lideranças dos caminhoneiros. Até depois de amanhã já deve ser definida uma data para este protesto”, conta.

Políticas públicas

O governo federal sinalizou a possibilidade de duas políticas que impactam diretamente os caminhoneiros. O auxílio combustível de R$ 120, que se for aprovado no Congresso deve entrar em vigor dia 31 de outubro, e o programa Renovar, que pretende facilitar a troca de veículos com mais de 30 anos de estrada.

Esta segunda proposta foi publicada com Medida Provisória (MP) este ano e prevê que o governo dê crédito de, no mínimo, R$ 20 mil para caminhoneiros trocarem por modelos mais novos. O presidente não acredita que a medida venha a ter efeitos práticos. “Cerca de seis sindicatos vão ao Chile, no mês que vem, para ver uma exposição de cavalinhos [cabines de caminhões] e checar se tem condições de o brasileiro fazer a troca dos seus veículos. Porque se for esperar o governo brasileiro, vamos ficar com esta frota sucateada, morrendo por não dar conta de manter sua ferramenta de trabalho”, adianta.

Sobre o auxílio combustível, o presidente do Sindicato questiona. “Se o preço da comida aumenta 300%, eu te dou 20 contos para comprar alimento por mês. Adianta alguma coisa?”, pontua.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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