Campeão mundial pelo São Paulo recomeça após perder tudo para a droga: “Poderia ter ido mais longe”
Flávio Donizete viveu um ano de glória em 2005 pelo Tricolor, mas a dependência química interrompeu sua carreira que teve menos de 40 jogos e o fez vender a medalha de campeão mundial: “Que merda eu fiz”
Campeão mundial pelo São Paulo reconstrói a vida após perder tudo pelo vício em drogas
Campeão paulista, da Libertadores e do Mundial de Clubes pelo São Paulo em 2005, Flávio Donizete da Costa ainda luta contra os mais diversos sentimentos duas décadas após vivenciar o auge da carreira como jogador de futebol. Atualmente com 41 anos, o ex-meio-campista deixa em segundo plano os títulos expressivos conquistados quando o assunto é a maior vitória da vida: livrar-se do vício em cocaína.
Revelado pelo Tricolor, Flávio Donizete rapidamente alcançou o topo no futebol. Multicampeão por um dos clubes mais tradicionais do Brasil e do mundo, poderia ter garantido um futuro promissor profissionalmente e financeiramente.
Porém, a droga determinou o caminho da jovem promessa, como ele mesmo relatou ao ge:
“A droga entrou em mim por acaso. Claro que foi um momento de escolha. Em 2009, eu tinha acabado de rescindir o contrato com o São Paulo e não iriam me utilizar mais. E eu comecei a ir para a noite, a beber, a sair com os amigos… Automaticamente, depois de estar alcoolizado, eu vi um grupo de pessoas usando droga e experimentei. E a gente sabe que é complicado, porque é uma doença lenta, progressiva, incurável e fatal. Cuidado com quem você anda, porque, às vezes, a pessoa vai te oferecer algo que pode paralisar a sua vida. Foi isso que a droga fez na minha vida, fiquei quase dois anos no vício. Eu usava todo dia para poder suprir a necessidade de voltar a jogar. Claro que tudo isso era ilusão e cada vez que usava, me afundava.”
Consciente do quanto a cocaína o prejudicou, Flávio Donizete admite que a droga tirou dele o que mais amava como profissão:
“Ela tira tudo aquilo que você não tem e mais um pouco. Tem gente que fala que consegue trabalhar e usar droga, que consegue jogar bola e usar minha droga. Só que assim, acabei de falar, que ela é uma doença lenta, progressiva, incurável e fatal. Quanto mais você usa, mais preso você fica.”
Flávio Donizete encerrou a carreira em 2019, depois de tentar um recomeço na Portuguesa. Sem oportunidades, optou por colocar um ponto final na trajetória que teve menos de 40 jogos oficiais e três títulos conquistados, dois dos quais muitos jogadores com histórias marcantes não têm.
“Eu acho que trabalhei tanto, era um cara que trabalhava muito, principalmente nos treinos. Embora eu continuasse, acho que Deus me deu essa possibilidade de acreditar num cara que não é acreditado. Flávio Donizete, de Itapecerica da Serra, 20 e poucos jogos pelo São Paulo, sendo campeão mundial. É uma marca, talvez para o clube e para outras pessoas, negativa. Mas para mim é positiva, porque eu fui coroado com isso. Ninguém pode tirar isso de mim.”
Atualmente, Flávio Donizete trabalha como treinador, auxiliar técnico e em outras funções na estrutura do time feminino do Rio Branco, de Americana. Com o apoio de ex-colegas do São Paulo, ele busca se manter longe das drogas e cada vez mais próximo da família e do futebol, a grande paixão de sua vida.
“A vontade de usar era tanta que qualquer dinheiro que tivesse ali na minha mão, automaticamente seria usado. Agora, a droga saiu do meu corpo, estou livre. Continuo trabalhando, focando no alvo, buscando o objetivo que preciso. Minha esposa e as minhas filhas são prioridade para mim. Tudo que faço é em prol delas.”