Canadenses votam em meio a preocupações com tarifas e ameaças de Trump

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Os canadenses vão às urnas nesta segunda-feira, 28, após uma campanha eleitoral marcada pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e suas declarações polêmicas sobre a possível anexação do Canadá. As ameaças do líder americano impulsionaram um sentimento de patriotismo no país, fortalecendo a posição do primeiro-ministro Mark Carney, estreante na política, mas já experiente no comando de dois bancos centrais do G7.

O clima eleitoral foi abalado no domingo, 27, quando um homem lançou uma SUV contra a multidão em um festival da comunidade filipina em Vancouver, deixando ao menos 11 mortos e dezenas de feridos. Em respeito às vítimas, Carney interrompeu brevemente sua campanha. Tanto ele quanto o líder do Partido Conservador, Pierre Poilievre, citaram a tragédia em seus últimos eventos antes da votação. Ainda não se sabe se o ataque terá impacto nos resultados das eleições.

Pesquisas recentes indicam uma vantagem dos liberais de Carney sobre os conservadores de Poilievre, com diferença de cerca de quatro pontos percentuais. Levantamentos da Ipsos e da Angus Reid mostram o Partido Liberal oscilando entre 42% e 44% das intenções de voto, enquanto os conservadores aparecem com 38% a 40%. O cenário projeta a possibilidade de um quarto mandato consecutivo para os liberais, embora Carney possa conquistar apenas uma minoria na Câmara dos Comuns, que possui 343 assentos, exigindo alianças para governar.

Trump voltou a ser figura central na reta final da campanha, ao sugerir o aumento de tarifas sobre veículos fabricados no Canadá e ao reiterar a ideia de transformar o país no “51º Estado americano” por meio de pressão econômica. Em resposta, Carney tem ressaltado sua capacidade de enfrentar turbulências econômicas internacionais, enquanto Poilievre foca em temas internos como o custo de vida, criminalidade e crise habitacional.

Entre os eleitores, as opiniões se dividem. Andy Hill, corretor de hipotecas de 37 anos, afirmou que votará em Carney por acreditar que o país precisa de estabilidade econômica. Já Bob Lowe, pecuarista de 66 anos da região de Calgary, declarou seu voto nos conservadores, citando a preocupação com o crescimento econômico do país, que vinha em lenta recuperação antes das novas tarifas americanas.

Carney também tenta se afastar da imagem de Justin Trudeau, seu antecessor liberal, cuja popularidade em declínio levou à renúncia anunciada em janeiro. Na época, os conservadores lideravam as pesquisas com vantagem de cerca de 20 pontos.

Para garantir a maioria, um partido precisa conquistar pelo menos 172 assentos. A apuração dos votos, feita manualmente, começará após o fechamento das urnas nas províncias do leste, em horários escalonados durante a noite.

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