A campanha do Maio Vermelho alerta para a prevenção do câncer de boca. No estado de Goiás, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que 360 novos casos em homens e 170 em mulheres tenham sido registrados no ano passado.
Segundo Nádia do Lago Costa, dentista do Centro Goiano de Doenças da Boca, da Universidade Federal de Goiás (UFG), na hora de computar os dados, o Inca não divide câncer de cavidade oral (dentro da boca ou na garganta) daquele que acomete o lábio. No entanto, segundo ela, são duas doenças diferentes.
“Em Goiás, o câncer de lábio tem relação direta com exposição crônica aos raios solares, já que eles são intensos quase todos os dias do ano. Muitos trabalhadores do campo trabalhando na agricultura e também vendedores ambulantes nas ruas de Goiânia, por exemplo”, alerta a especialista.
Além do sol, o câncer na região da boca pode ter diversas causas. A principal é o tabagismo, responsável por cerca de 80% dos casos. “Cigarro, narguilé, qualquer forma de tabaco. Sobre o cigarro eletrônico ainda temos poucos estudos no Brasil, mas acredita-se que tem relação também”, explica. Quando o cigarro se junta ao álcool, os riscos de câncer de boca aumentam. A maioria dos casos acontece em homens acima dos 40 anos de idade.
O câncer de boca também pode acontecer em crianças. De todos os casos, 95% são provocados pelos fatores citados acima, mas 5% compõem outro tipo,que pode atingir crianças e pessoas idosas também.
Sintomas do câncer de boca
A população que fuma, bebe, fica muito exposta aos raios solares e tem histórico de HPV deve ficar em maior alerta e fazer o autoexame da boca. “Observar se não têm alterações como úlceras, feridas que não cicatrizam há mais de 15 dias, caroços e nódulos. Se houver, deve procurar o dentista o quanto antes”, explica a dentista.
Segundo ela, muitas vezes estas alterações da boca não provocam dor na fase inicial. Em caso de suspeita, o dentista pedirá biópsia.
Tem cura
O câncer de boca pode sofrer metástase – se espalhar para outras partes do corpo – chegando até o pulmão, por exemplo, em casos mais graves. Por outro lado, quando a doença é descoberta ainda no início, as chances de cura chegam a 85%.
O tratamento é feito em hospitais especializados, como o Araújo Jorge, em Goiânia. Para combater a doença, a principal forma de tratamento é a cirurgia. “Em alguns casos, a gente lança mão da radioterapia como tratamento complementar e, a quimioterapia, que é menos comum”, conta a especialista.
Nos casos em que a cirurgia pode deformar o rosto ou comprometer a vida do paciente, atrapalhando a alimentação, por exemplo, o caminho é tentar uma regressão da doença com radioterapia primeiro.