Embora mais associado às mulheres, o câncer de mama também afeta homens, correspondendo a cerca de 1% dos casos diagnosticados. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são registrados aproximadamente 750 novos casos masculinos por ano no Brasil, resultando em uma média de 230 mortes anuais, de acordo com dados do DataSUS.
A falta de informação e o diagnóstico tardio são os principais fatores que dificultam o tratamento e reduzem as chances de cura. O cirurgião oncológico e mastologista Juliano Rodrigue da Cunha, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, destaca que os homens tendem a negligenciar os cuidados com a saúde, o que contribui para diagnósticos em estágios avançados e tratamentos mais complexos.
Sinais de alerta
Diferentemente das mulheres, os homens não têm diretrizes de rastreamento para câncer de mama, tornando essencial a atenção aos sinais da doença. Entre os principais sintomas estão:
- Nódulo na mama;
- Secreção pelo mamilo;
- Alteração no formato da mama;
- Retração ou alteração no mamilo;
- Mudanças na pele da região;
- Nódulos na axila.
Segundo especialistas, a estrutura hipodesenvolvida da mama masculina pode facilitar a detecção de alterações. Assim, ao perceber qualquer sintoma, é fundamental procurar um médico imediatamente.
Fatores de risco
As causas do câncer de mama em homens ainda não são completamente compreendidas, mas alguns fatores aumentam o risco, como envelhecimento, histórico familiar de câncer, mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, obesidade, consumo de álcool e a presença de condições genéticas como a síndrome de Klinefelter. A doença é mais comum após os 60 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade.
Tratamento e sobrevida
O diagnóstico é confirmado por mamografia e biópsia, com tratamento semelhante ao das mulheres, envolvendo cirurgia, radioterapia e terapias sistêmicas. Um estudo publicado na revista Clinical Oncology analisou dados de cerca de mil homens diagnosticados em São Paulo entre 2000 e 2020, revelando que a radioterapia após cirurgia aumenta a sobrevida em casos de estadiamento 2 e 3, quando a doença ainda está localizada na mama ou linfonodos próximos. Por outro lado, a quimioterapia não demonstrou impacto significativo na probabilidade de sobrevivência.
Para o radio-oncologista Gustavo Nader Marta, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, o diagnóstico precoce continua sendo um dos maiores aliados para o sucesso do tratamento. “Quanto mais avançada a doença, maior o risco de morte. Reconhecer os sintomas e agir rapidamente pode salvar vidas”, reforça Marta.