Câncer de mama em MG: histórias de superação e prevenção no Centro-Oeste

cancer-de-mama-em-mg3A-historias-de-superacao-e-prevencao-no-centro-oeste

Câncer de mama: como descobertas inesperadas mudaram a rotina de duas mulheres em MG

A professora Andreia Gonzaga descobriu o câncer em um exame de rotina; a dona de casa Adriana Pires, após uma dor no peito. Médico e ONG destacam como a prevenção e o apoio fazem diferença no tratamento.

Diário do Estado Responde: oncologista tira dúvidas sobre câncer de mama

Diário do Estado Responde: oncologista tira dúvidas sobre câncer de mama

Nem dor, nem desconfiança. A professora Andreia Gonzaga, de 49 anos, foi ao mastologista em uma consulta de rotina e saiu com um pedido de exames que mudaria a vida dela. Já a dona de casa Adriana Pires, de 59, sentiu uma dor no peito durante um ensaio de coral e, ao procurar ajuda, acabou descobrindo o câncer de mama.

As duas vivem em cidades diferentes do Centro-Oeste de Minas — Bom Despacho e Divinópolis —, mas compartilham algo em comum: o susto da descoberta inesperada e a importância de ter procurado ajuda logo.

Enquanto Andreia segue em tratamento e Adriana comemora a cura, ambas lembram o impacto do diagnóstico e a importância do apoio da família. As duas também destacam o papel de instituições como a SOS do Câncer, que oferece suporte gratuito a pacientes na região.

O apoio da família e de organizações foi fundamental nas duas trajetórias. Adriana, por exemplo, encontrou na ONG SOS do Câncer não apenas a medicação necessária, mas também atendimento psicológico e social.

Para o ginecologista oncológico Felipe Caetano, o diagnóstico precoce é decisivo: em estágios iniciais, as chances de cura chegam a 100%. Exames como mamografia, ultrassom e o acompanhamento médico regular são indispensáveis (veja mais abaixo outras orientações do especialista).

ANDREIA DESCOBRIU A DOENÇA EM UM EXAME DE ROTINA

À esquerda, Andreia durante o tratamento contra o câncer de mama; à direita, já recuperada, retomando a rotina e celebrando a vida — Foto: Andreia Gonzaga/Arquivo Pessoal

“Descobri a doença durante uma consulta de rotina ao mastologista. Não sentia nada, nenhuma dor”, contou a professora da rede estadual Andreia Gonzaga, diagnosticada em setembro de 2024.

Durante a consulta, o médico percebeu uma retração na parte inferior da mama direita e pediu novos exames. A mamografia e a biópsia confirmaram o câncer de mama.

> “Quando recebi o diagnóstico, meu chão se abriu. Quando a gente fala de câncer, sempre acha que com a gente não vai acontecer”, desabafa Andreia, lembrando o medo que tomou conta da vida dela naquele momento.

O tratamento incluiu cirurgia, quimioterapia e radioterapia. “A quimioterapia foi a fase mais difícil. Muitos efeitos colaterais: enjoos, diarreia, perda dos cabelos. Foi uma luta física e emocional”, disse.

A família foi o porto seguro, que fizeram Andreia não se sentir sozinha na batalha diária. Hoje, ela voltou à sala de aula, retomou a rotina e toma diariamente o tamoxifeno, remédio que ajuda a evitar que o câncer volte.

Depois de meses de tratamento, ela diz que a vida voltou ao normal. “O câncer de mama tem cura quando descoberto cedo. Faça seus exames preventivos, ame-se, preserve sua vida. Não espere sentir dor ou perceber sintomas”.

“Muitas vezes, deixamos de lado os cuidados com a nossa saúde para cuidar de tudo e todos à nossa volta,mas lembre-se: você é preciosa e merece viver com qualidade e segurança”.

DOR NO PEITO DURANTE ENSAIO DE CORAL LEVOU ADRIANA AO DIAGNÓSTICO

Adriana Pires, de Divinópolis, descobriu o câncer de mama após sentir dor no peito durante um ensaio de coral, em 2013. Hoje, está curada e segue em acompanhamento. — Foto: Adriana Cristina Pires/Arquivo Pessoal

A dona de casa Adriana Cristina Pires, de 59 anos, também descobriu o câncer de forma inesperada. Em 2013, durante um ensaio de coral, sentiu uma dor forte no peito e procurou um cardiologista. O coração estava saudável, mas os exames seguintes, com o mastologista, revelaram o câncer de mama.

Diante das opções, ela optou pela mastectomia total. “Faz uma só e pronto”, lembra, ao decidir retirar as duas mamas para evitar novas cirurgias. “Eu fiquei com a mama pequena, mas não tem problema nenhum. Estou muito feliz, graças a Deus”.

A caminhada não foi fácil. “É como se o chão não existisse, como se a gente caísse num buraco”, descreve.

Nos momentos mais difíceis, contou com o apoio dos filhos, do marido e das duas cunhadas. A fé também teve papel importante: padres da igreja que frequentava a visitavam em casa para levar palavras de conforto.

A virada aconteceu quando uma amiga a indicou à SOS do Câncer. Negada no SUS, Adriana precisava de uma medicação de alto custo. Na ONG, encontrou não só o remédio, mas também atendimento psicológico, odontológico e apoio social. “Lá eu consegui um apoio que foi primordial para a minha cura”, afirma.

Hoje, já curada, Adriana segue com exames regulares e celebra cada dia.

“Eu venci o câncer, você também pode vencer”.

SOS DO CÂNCER OFERECE APOIO GRATUITO E EXAMES EM DIVINÓPOLIS

Mulheres participam de oficina na SOS do Câncer, em Divinópolis, que oferece apoio gratuito a pacientes em tratamento e às famílias — Foto: SOS do câncer/ arquivo

A SOS do Câncer, localizada em Divinópolis, atua durante todo o ano oferecendo suporte gratuito a pacientes e familiares. A instituição disponibiliza atendimentos com psicólogos, dentistas e assistentes sociais, além de facilitar o acesso a exames e medicamentos.

Durante o Outubro Rosa, as ações são ampliadas. A ONG promove o “Chá das Rosas”, evento marcado para o dia 21 de outubro, às 14h, no Buffet Paulinelli. O encontro celebra mulheres que venceram a doença e acolhe aquelas que ainda estão em tratamento, com palestras sobre saúde e bem-estar.

Segundo a coordenadora de projetos, Luciana Tedeschi, o medo da dor e a desinformação ainda afastam muitas mulheres da mamografia.

“Muitas mulheres adiam a mamografia por receio da dor ou por acreditarem que a radiação faz mal. Mas nenhum desconforto é maior que a dor de um câncer”, reforçou.

Quem quiser buscar ajuda ou participar das atividades pode entrar em contato pelo WhatsApp (37) 3512-4600 ou comparecer à Rua Rio de Janeiro, 1050, Sala 201, no Centro de Divinópolis.

Voluntários e pacientes atendidos pela SOS do Câncer durante atividade de acolhimento promovida pela instituição em Divinópolis — Foto: SOS do câncer/ arquivo

TRATAMENTO, PREVENÇÃO E EXAMES

Segundo o ginecologista oncológico Felipe Caetano, o diagnóstico precoce é o maior aliado das mulheres. Ele recomenda a combinação de exames clínicos, de imagem e do autocuidado.

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 74 anos façam a mamografia a cada dois anos. Já para aquelas entre 40 e 49, o exame não é obrigatório, mas pode ser indicado pelo médico, principalmente quando há histórico familiar da doença.

É importante ficar atenta a sinais como nódulos, mudanças no formato ou na pele da mama, alterações no mamilo ou dor persistente. “Qualquer alteração deve ser investigada por um médico”, completou.

Ele também lembra que os avanços no tratamento oferecem mais eficácia e qualidade de vida. Hoje, há opções como terapias direcionadas, imunoterapia, cirurgias menos invasivas e radioterapia avançada.

“Quando descoberto cedo, o câncer de mama pode ter até 100% de chances de cura. Por isso, a prevenção é o melhor caminho”, alertou.

O ginecologista oncológico Felipe Caetano reforça que o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura do câncer de mama — Foto: Felipe Caetano/Arquivo Pessoal

Estagiária sob supervisão de Mariana Dias

VÍDEOS: VEJA TUDO SOBRE O CENTRO-OESTE DE MINAS

50 vídeos

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp