Candidata sonha cursar pedagogia na Unicamp inspirada pela mãe

Filha de monitora sonha cursar pedagogia na Unicamp inspirada na mãe: ‘ela é uma mulher forte, nunca desistiu de nada’

Na preparação, estudante conciliou trabalho e estudos e contou com ajuda da psicóloga para controlar a ansiedade.

Thaís Caroline Rodrigues Lopes, de 21 anos, ao lado da mãe, Tamara Rita Rodrigues — Foto: Fernando Almeida/de

Candidata pela terceira vez no Vestibular Unicamp e pela primeira vez na segunda fase, Thaís Caroline Rodrigues Lopes, de 21 anos, moradora da região do Ouro Verde, periferia de Campinas (SP), chegou com duas horas de antecedência no local de prova neste domingo (1º).

A jovem sonha em cursar pedagogia na Unicamp e vê na mãe, monitora de alunos, uma inspiração. “Ela é uma mulher forte, ela nunca desistiu de nada. Então ela é uma grande inspiração para mim”, contou ao de.

Na preparação, a jovem teve que conciliar o trabalho, diariamente das 7h às 13h, com os estudos. Ela fez cursinho pré-vestibular das 14h às 18h e estudou também a noite. Se aprovada, será a primeira da família em uma universidade pública.

“Espero muito passar. Porque a Unicamp em si é um sonho pra mim. Estar ali na universidade pública é um sonho. Principalmente pra uma pessoa preta. Que é ocupar espaços que um dia nos foram tirados”.

Na reta final de estudos, por recomendação da psicóloga, tentou dar uma relaxada. “Estou um pouquinho ansiosa, mas nada fora do normal. O suficiente para ficar bem atenta em relação aos comandos da prova. Segui todas as orientações da minha psicóloga. Acho que o acompanhamento com ela deu uma ajudada”.

“Parei na sexta-feira. Ontem fiz o que eu gosto: aproveitei a família, descansei a cabeça, fiquei tranquila. Hoje coloquei uma música tranquila para ouvir, as músicas que eu gosto, para manter a tranquilidade”, contou Thaís.

Emocionada ao lado da filha, a mãe de Thaís, Tamara Rita Rodrigues, afirmou que fez questão de levar ela no local de prova. “Eu gosto muito de participar de tudo na vida dela. Então, esse é um momento que eu também gosto de estar junto e quero estar junto. Ela se dedicou esse ano, então, estou esperançosa que ela vai realizar o sonho”.

Unicamp: 2ª fase do vestibular 2025 reúne 13 mil estudantes neste domingo (1)

A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) aplica neste domingo (1º) e segunda-feira (2) as provas da segunda fase do Vestibular 2025. Ao todo, 13.011 candidatos foram convocados para essa etapa e concorrem a 2.537 vagas em 69 cursos de graduação.

As provas ocorrem em 23 cidades brasileiras, com início às 9h e duração de cinco horas em cada dia (entenda abaixo). A orientação é chegar às 8h aos locais de aplicação, que devem ser consultados individualmente pelos candidatos pela internet.

Os candidatos deverão levar:

– documento de identidade original (o mesmo usado na inscrição);
– caneta preta (em material transparente);
– lápis preto;
– borracha;
– garrafa de água;
– também é permitido levar sucos, chocolates e alimentos leves.

Será permitido o uso de régua transparente e compasso, mas é vedada a utilização de:

– aparelhos celulares;
– relógios de qualquer tipo;
– quaisquer outros equipamentos eletrônicos;
– corretivo líquido;
– lapiseira;
– caneta marca texto;
– bandana/lenço;
– boné;
– chapéu;
– outros materiais estranhos à prova.

As avaliações da segunda fase têm uma parte comum para todos os candidatos e uma parte diversificada, de acordo com a área de conhecimento do curso escolhido em 1ª opção.

Cada questão dissertativa vale quatro pontos, cada uma contendo dois itens, valendo dois pontos cada. As questões são dissertativas e seguem a distribuição.

PRÓXIMAS DATAS

A primeira chamada será divulgada dia 24 de janeiro e os convocados deverão efetivar a matrícula online (não presencial) nos dias 27 e 28 de janeiro, pela página eletrônica da Comvest.

As demais datas constam do calendário do Vestibular Unicamp 2025, disponível no site da Comissão.

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Entidades de Jundiaí promovem alfabetização em Libras seguindo legado pioneiro da aprendizagem no Rio de Janeiro

Entidades de Jundiaí dão seguimento à alfabetização em Libras aprendida por pioneiro no Rio de Janeiro

Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19. Clube dos Surdos e Ateal já atenderam milhares de surdos na cidade.

O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em Jundiaí (SP) se deve a Germano Gonçalves. Ele estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19, no Rio de Janeiro, e trouxe os conhecimentos adquiridos para a sua cidade, onde fundou a Associação Clube dos Surdos.

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“A gente precisa trabalhar com as duas línguas, tanto a Libras quanto com o português. Claro que a primeira língua será a Libras, estimulada desde bebês, e conforme crescem vão tendo também o contato com o português, na modalidade escrita, como segunda língua”, diferencia Luciane Cruz, chefe de gabinete do Instituto Nacional de Educação de Surdos.

1 de 5 Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos — Foto: Reprodução/TV Tem

Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos — Foto: Reprodução/TV Tem

O legado segue, agora com o filho, Luciano Gonçalves. Conforme as suas contas, a entidade já atendeu a mais de mil surdos.

> “Já nasci no berço da Libras, porque tanto meu pai quanto minha mãe tinham a comunicação em libras como primeira língua. A Língua Brasileira de Sinais é a minha língua materna, assim digamos. Porém eu também sou uma pessoa ouvinte, que tem a língua portuguesa.

A Ateal é outro centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí. São 40 anos de um trabalho multidisciplinar. Das cabeças desses profissionais saem ideias que melhoram a comunicação de crianças e jovens surdas. A entidade atende desde o bebê em triagem neonatal até a terceira idade.

2 de 5 Há 40 anos, Ateal é centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí — Foto: Reprodução/TV Tem

Há 40 anos, Ateal é centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí — Foto: Reprodução/TV Tem

“Nossa preocupação é que eles tenham acesso a qualquer informação, a todo momento. Por isso esse núcleo busca muito ir atrás dessas informações, com uma rede de contatos, WhatsApp, outras associações que também trabalham com surdos, buscando o melhor caminho da informação chegar até eles”, pontua Carolina Cyrillo, supervisora de tradutores da Ateal.

“Quando eu era criança não tinha essa sinalização e informação. Às vezes eu era o único surdo ali e as pessoas ouvintes tentavam me explicar uma coisa ou outra. Era difícil. Quando eu fui crescendo e me desenvolvendo, e tive filhos, eu vi a necessidade de passar essa informação para eles. Trabalhando com as crianças surdas, eu crio para elas o que eu queria para a minha infância”, continua Leandro Ramalho, consultor de Libras da instituição.

Ele é o responsável por elaborar projetos para integrar as crianças da Ateal e criar sinais – como o que representa o nome de uma pessoa. No caso da Libras, apenas um surdo pode fazer isso. O que significa que a língua está em constante mudança.
LIBRAS, DEPOIS PORTUGUÊS

3 de 5 Primeira língua dos surdos é a de sinais, e não o português — Foto: Reprodução/TV Tem

Primeira língua dos surdos é a de sinais, e não o português — Foto: Reprodução/TV Tem

A primeira língua dos surdos é a de sinais. Não é o português. Isso porque o português é fonético, ou seja, a pessoa o reproduz até aprender, mas a Libras é visual. Para comparação: a frase “o carro bateu na árvore” tem sujeito, verbo e predicado. Em Libras não existe essa ordem. Primeiro vem o sinal da árvore, depois a ação, “o carro bateu”.

O ensino de Libras às crianças nas escolas é garantido por lei. A advogada da Ateal, Roseli Maestrello, observa que, se o direito não for atendido espontaneamente pelos municípios, deve ser exigido na Justiça. “Para que o Poder Judiciário determine ao município que ele vá cumprir e contratar um intérprete que esteja na sala de aula com a criança”, pontua.

4 de 5 Ensino de Libras às crianças é um direito garantido por lei — Foto: Reprodução/TV Tem

Ensino de Libras às crianças é um direito garantido por lei — Foto: Reprodução/TV Tem

Conforme a gestora de Educação de Jundiaí, Vasti Ferrari Marques, as escolas municipais do município devem atender individualmente ao perfil de cada criança. “No caso de crianças surdas, a que usa aparelho ou implante, oralizada ou não, todos os aspectos do desenvolvimento dela são considerados para que tenha um tratamento individualizado e personalizado, e uma característica de cuidado e educação diferenciados para o seu melhor desenvolvimento”.

Educar em português e em Libras exige atenção aos detalhes. Em um passeio na natureza, como na Serra do Japi, existe apenas um sinal para árvore. Não há sinais para definir espécies. Por isso, a Ateal criou um guia em que as características de cada espécie são descritas em sinais.

ENSINO POR PAIXÃO

Na escola do Luis Felipe Santos Silva, de 10 anos, a língua de sinais é ensinada duas vezes por semana. “Aqui na escola, as crianças sabem Libras, os amigos, todo mundo. Eu me sinto feliz”

5 de 5 Nataniele ensina Libras para o aluno Luis Felipe, de 10 anos — Foto: Reprodução/TV Tem

Nataniele ensina Libras para o aluno Luis Felipe, de 10 anos — Foto: Reprodução/TV Tem

A ideia de ensinar Libras para as crianças foi da Nataniele da Silva, intérprete que acompanha diariamente o garoto nas aulas.

> “Falar de Libras, para mim, é uma paixão. Você vê eles inseridos na comunidade e todos a sua volta tendo essa comunicação e acessibilidade é maravilhoso. Acho que todos deveríamos aprender Libras desde criança”.

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