Carlo Acutis: 1ª paróquia dedicada ao santo da internet fica em SP e guarda
fragmento da pele dele
Jovem italiano, conhecido como ‘padroeiro da internet’, será canonizado neste
domingo (7). Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, em Santo Amaro, onde fica a
primeira paróquia do mundo dedicada a Carlo, preparou missas, shows e atividades
culturais para marcar a data.
1 de 7 Imagem de Carlo Acutis, exposta na Paróquia com a relíquia dedicada ao
jovem na Zona Sul de SP. — Foto: Deslange Paiva/ DE
Imagem de Carlo Acutis, exposta na Paróquia com a relíquia dedicada ao jovem na
Zona Sul de SP. — Foto: Deslange Paiva/ DE
No Centro Universitário Católico Ítalo-Brasileiro (UniÍtalo), na Zona Sul de São
Paulo, escondida em meio à estrutura do campus, está localizado o lar de um jovem ilustre: Carlo Acutis, o primeiro santo da geração millennial.
O local abriga a primeira paróquia do mundo dedicada a Carlo, que neste domingo
(7) será canonizado pela Igreja Católica.
“Aqui é o Centro Missionário Ítalo-Brasileiro, e o bispo também é de Milão. Ele
tinha uma devoção a Carlo Acutis. Como aqui temos a faculdade e o liceu [escola
de ensino médio no mesmo campus], surgiu a necessidade de apresentar uma figura
jovem para os estudantes. E, aproveitando que Carlo ficou bastante conhecido na
época, pensamos: ‘Por que não escolher um jovem que um dia se tornaria santo
para inspirar esses alunos?’”, afirma Frei Diego Santana Dias, responsável pela
paróquia.
A Paróquia Beato Carlo Acutis foi fundada em 2023 e guarda uma relíquia do
jovem, um fragmento de sua pele. O espaço é pequeno e singelo, quase como uma
forma de se aproximar da simplicidade cultivada por ele, com cerca de 12 bancos
para receber os fiéis.
Carlo Acutis: quem é o padroeiro da internet que está prestes a se tornar o
primeiro santo millenial * Carlo Acutis canonizado: como italiano foi de jovem ‘normal’ a santo
adolescente da Igreja Católica * Vaticano pendura imagem de Carlo Acutis e prepara canonização do 1º santo
‘millennial’; veja FOTOS
No centro do púlpito está a imagem de Cristo. À esquerda, a de Carlo Acutis, e à
direita, a da Virgem Maria. Em outra parede, encontra-se a relíquia em
exposição.
2 de 7 Paróquia dedicada ao beato da internet. — Foto: Deslange Paiva/ DE
Paróquia dedicada ao beato da internet. — Foto: Deslange Paiva/ DE
Ao lado da paróquia, também foi montada uma exposição que conta a história de
Carlo e apresenta os milagres que ele catalogou na internet.
Carlo Acutis foi um adolescente católico que morreu de leucemia aos 15 anos, em
12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida. Ele ficou conhecido por
catalogar milagres na internet, sendo conhecido entre os fiéis como o “padroeiro
da internet”.
Ele era de família rica e fez doações de boa parte dos seus bens materiais para
os mais necessitados.
Carlo foi beatificado em 2020 pelo Vaticano após seu primeiro milagre ter sido
reconhecido pela igreja. Na ocasião, ele curou uma criança brasileira que tocou
em uma relíquia sua em 12 de outubro de 2010 em Campo Grande, em Mato Grosso do
Sul.
No segundo milagre atribuído ao beato, reconhecido no ano passado, ele curou uma
jovem da Costa Rica após um acidente de bicicleta em 2022.
“Ele [Carlo Acutis] acompanhou essa chegada das novidades. Tinha seu
PlayStation, gostava de esportes. Ele não era um santo, por exemplo, como um
religioso que vive isolado na montanha, só em oração. Não. Ele viveu uma vida de
oração, sim, mas também de generosidade concreta: ajudava as pessoas na rua,
tratava muito bem os empregados da família — que era muito rica. O que Carlo
Acutis mostrou é que é possível viver uma vida normal, mas com dignidade. Amar a
Deus e ao próximo de forma muito bonita”, avalia Frei Diego, responsável pela
paróquia.
3 de 7 Frei Diego, responsável pela paróquia. — Foto: Deslange Paiva/ DE SP
Frei Diego, responsável pela paróquia. — Foto: Deslange Paiva/ DE SP
> “Eu diria assim: São Carlo Acutis foi um jovem normal. E próximo de nós
> também, por estar tão perto no tempo. Não é um santo de mil anos atrás, que
> nunca conheceu a internet — que também é modelo, mas de outra forma. Ele foi
> alguém encarnado no nosso tempo. Tanto que está sepultado usando tênis Nike,
> calça jeans e camiseta polo. Sempre representado assim. Um jovem que se vestia
> como a gente, comia como a gente, conheceu a tecnologia que conhecemos”,
> completa.
RELÍQUIA DE PRIMEIRO GRAU
4 de 7 Placa do Vaticano que atesta que relíquia de Carlo está no local. — Foto:
Deslange Paiva/ DE SP
Placa do Vaticano que atesta que relíquia de Carlo está no local. — Foto:
Deslange Paiva/ DE SP
Na capela da universidade em Santo Amaro, fiéis podem venerar uma relíquia de
primeiro grau de Carlo Acutis — pedaço de seu corpo, considerado o mais
importante tipo de relíquia pela Igreja Católica.
Segundo o catolicismo, as relíquias têm três graus:
* Primeiro grau: partes do corpo do santo;
* Segundo grau: objetos de uso pessoal, como roupas ou livros;
* Terceiro grau: objetos que foram tocados em uma relíquia de primeiro grau.
A família de Carlo Acutis autoriza a retirada de relíquias e faz doações para
ambientes devotos ao beato. A imagem também acompanha uma rosa, retirada do
túmulo de Acutis, que, segundo os fiéis, assim como o corpo do jovem, está em
plena conservação.
5 de 7 Exposição dedicada ao beato. — Foto: Deslange Paiva/ DE
Exposição dedicada ao beato. — Foto: Deslange Paiva/ DE
RELAÇÃO COM O BRASIL
O Brasil tem papel central no processo de canonização de Carlo Acutis. O
primeiro milagre atribuído a ele ocorreu em Campo Grande, onde um menino com
doença grave no pâncreas foi curado sem explicação médica.
O segundo milagre, reconhecido pelo Vaticano, aconteceu com uma jovem da Costa
Rica que sofreu um acidente de bicicleta, teve traumatismo craniano e sobreviveu
de forma considerada inexplicável pela ciência.
Outro elo simbólico com o país é a data de sua morte: 12 de outubro de 2006, dia
de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
“A juventude brasileira se identifica com ele, seja pela fé, seja pela presença
nas redes sociais. Então ele se tornou muito conhecido, talvez ele seja mais
popular no Brasil do que na Itália”, comenta Frei Diego.
6 de 7 Entrada da paróquia recebendo últimos ajustes para o dia da canonização.
— Foto: Deslange Paiva/ DE SP
Entrada da paróquia recebendo últimos ajustes para o dia da canonização. — Foto:
Deslange Paiva/ DE SP
CANONIZAÇÃO DE ACUTIS
Quem é Carlo Acutis, o padroeiro da internet, canonizado por Papa Leão XIV
Carlo Acutis será canonizado pela Igreja Católica neste domingo (7). A cerimônia
vai ser presidida pelo papa Leão XIV na Praça de São Pedro — e será o primeiro
evento de canonização do novo pontífice, eleito em maio para substituir o papa
Francisco. A missa de domingo estava originalmente marcada para abril, mas foi
adiada por conta da morte de Francisco.
O Vaticano pendurou, nesta quinta-feira (4), uma imagem de Carlo Acutis na
Basílica de São Pedro, como parte da preparação para a cerimônia de domingo. A
Santa Fé também divulgou que vai lançar um selo especial do jovem para celebrar
sua canonização.
Junto com Acutis, um jovem italiano, Pier Giorgio Frassati, também será
canonizado por Leão XIV. Frassati ficou conhecido por ajudar os necessitados, e
morreu de poliomielite na década de 1920.
Acutis está sendo chamado de primeiro santo “millennial” pelo Vaticano.
Millennials são as pessoas nascidas entre o início da década de 1980 até,
aproximadamente, a primeira metade da década de 1990. O beato nasceu em 3 de
maio de 1991, em Londres, na Inglaterra, mas passou toda sua vida na Itália.
Programação da canonização em São Paulo
Para marcar a canonização, a Paróquia Beato Carlo Acutis organizou um fim de
semana de celebrações, todas abertas ao público. Neste domingo, haverá:
* 5h: transmissão ao vivo da canonização direto do Vaticano
* 10h: missa solene presidida por Dom José Negri
* 12h: apresentação do Coral Diocesano Carlo Acutis, formado por crianças
* 15h em diante: pregações, adoração ao Santíssimo e shows com Júlio César
Miranda, Fraternidade de São Paulo II, Ramon e Rafael, entre outros
7 de 7 Bandeira dedicada a Carlo Acutis na universidade. — Foto: Deslange Paiva/
DE
Bandeira dedicada a Carlo Acutis na universidade. — Foto: Deslange Paiva/ DE