Cantor sertanejo é acusado de desviar R$ 109 milhões, que seriam usados para comprar respiradores, em Guarujá

O empresário e cantor sertanejo, Almir Matias, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira, 31, devido a suspeitas de que ele teria participado de um esquema criminosos que fraudou a aquisição de respiradores para o tratamento da Covid-19, em Guarujá (SP). 

O cantor, com a ajuda do prefeito da cidade, Valter Suman e da primeira-dama Edna Suman, teria desviado R$ 109 milhões, a fim de alavancar a sua carreira musical. O esquema também contava com o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, que atuava como operador das transações, além da esposa de Almir. Ao todo, a cidade recebeu R$ 153 milhões da União para gerenciar os serviços públicos de saúde da cidade.

De acordo com a PF, com o restante do dinheiro, os mandatários do município teriam adquirido equipamentos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por não serem eficientes no tratamento da doença respiratória causada pela Covid-19.

Por conta disso, Almir foi indiciado por vários crimes, entre eles corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Caso seja condenado, o cantor e os outros investigados podem pegar uma pena de até 18 anos de reclusão, além de multa.

A defesa do empresário não se manifestou sobre a prisão, já o prefeito negou ter proximidade com Almir Matias, porém, há registros de mensagens trocadas com a primeira-dama, Edna Suman, pedindo para ela buscar R$ 50 mil com Almir. Segundo as investigações, a quantia seria uma propina. O prefeito Valter Suman, assim como o cantor, chegou a ser preso, mas acabou respondendo em liberdade.

Cantor sertanejo Almir Matias

Almir Matias se diz um cantor profissional, tendo até fã-clube nas redes sociais. Ele produziu videoclipes, além de fazer shows. Porém, além de investir em sua carreira artística, o empresário também teria desviado parte do dinheiro para empresas ligadas a ele. Inclusive, teve até salão de beleza que ganhou R$ 12 milhões em plena pandemia.

Segundo a PF, Matias é dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais. Uma delas foi contratada para gerenciar o atendimento nas principais unidades de saúde de Guarujá entre os anos de 2018 a 2021.

As OS’s firmavam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da saúde, sendo que as contratações eram superfaturadas. Já os recursos por serviços não prestados eram repassados para empresas fantasmas.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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