Carlos Sandroni, um poeta da cidade da MPB
Carlos Sandroni (25 de novembro de 1958 – 28 de outubro de 2025) foi um renomado musicista, professor, escritor, musicólogo e compositor. Graduado em sociologia, mestre em ciência política e doutor em musicologia, Sandroni acumulou inúmeros títulos ao longo de seus quase 67 anos de vida, muitos dedicados à vida acadêmica. Especializado em etnomusicologia, deixou uma marca indelével no cenário musical brasileiro.
Para os apaixonados pelo universo da MPB, Carlos Sandroni era, acima de tudo, um poeta. Um poeta da canção popular. Um poeta que trazia consigo as raízes da cidade do Rio de Janeiro. Sua partida, na última terça-feira, 28, em decorrência de um câncer, foi profundamente sentida pelos amantes desse estilo musical, que parece, a cada dia, mais distante dos holofotes da cultura nacional.
Carlos Sandroni ficou conhecido como o compositor de “Pão doce”, canção imortalizada por sua irmã Clara Sandroni há quatro décadas, no disco coletivo “Circo Voador Brasil” (1985), e posteriormente regravada por Adriana Calcanhotto no álbum de estreia da cantora, “Enguiço” (1990). Além disso, foi responsável por uma sensível tradução dos versos da música “Biromes y servilletas”, do uruguaio Leo Masliah, posteriormente interpretada por Milton Nascimento no álbum “Nascimento” (1997), contribuindo para difundir ainda mais o talento de Sandroni.
Em 1997, Carlos Sandroni expandiu sua parceria com Mario Adnet na composição da música “Quase”, gravada em colaboração com Claudio Nucci. Ao longo de sua carreira, também colaborou com artistas como Kleiton Ramil (“Sambo”, 1991) e Lu Medeiros (“Secretária eletrônica”, 1987). Cantoras como Adriana Calcanhotto, Olivia Byington e especialmente Clara Sandroni deram vida às suas composições, tornando-o uma figura emblemática no universo da MPB.
A contribuição de Carlos Sandroni para a música brasileira transcendeu fronteiras, alcançando públicos diversos e conquistando admiradores ao redor do país. Sua sensibilidade poética e talento musical deixam um legado que perdurará por gerações, eternizando-o como um dos grandes poetas da cidade da MPB. A sua partida deixou uma lacuna no cenário musical brasileiro, mas sua obra continuará a inspirar e emocionar aqueles que têm o privilégio de conhecer e apreciar sua arte.




