Última atualização 17/02/2023 | 17:45
A prevenção e conscientização sobre o HIV e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) deve acontecer o ano todo, no entanto no carnaval acende um alerta. A empolgação com as festividades pode acarretar em atitudes imprudentes, especialmente após mais de dois anos sem festas de carnaval devido a pandemia.
O infectologista Marcelo Daher, que é diretor técnico do programa de prevenção ao HIV em Anápolis, defende a necessidade de campanhas ao longo do ano e não apenas concentradas neste período. O especialista com 25 anos dedicados ao cuidado de pacientes soropositivos orienta a população a buscar atendimento em casos de exposição maior com riscos de infecção.
“Eu acho que têm faltado campanhas de orientação e educativas. Essas doenças ainda não acabaram, se passa uma ideia que o problema não existe. Ninguém está falando mais no problema HIV, no problema das ISTs, como a sífilis, e esse problema é real. Fazer campanha só na época do carnaval, a gente minimiza muito ou simplifica o problema, que é maior que isso que estamos enxergando. Se estivéssemos trabalhando bem as medidas de prevenção, como a PREP, e a profilaxia pós exposição, a gente diminuiria o risco para essas pessoas. Quem teve essa exposição ocasional têm até 72 horas para tomar a medicação para a prevenção da doença”, pontua o médico.
De acordo com o último boletim epidemiológico de 2020 divulgado pela Secretária de Saúde do Estado de Goiás (SES), os casos de pessoas HIV positivas teve um aumento significativo entre 2015 e 2019. As autoridades chamam atenção para a alavancada na faixa etária dos 20 aos 39 anos. O estudo também revela que a maioria dos diagnósticos são em homens de 30 a 39 anos. Daher explica o motivo: “o número de casos entre as mulheres diminuiu, os números de casos entre homens cresceu, principalmente em homens de 20 a 40 anos, característica da população, essas pessoas (faixa etária) tem se exposto mais, tem deixado de usar preservativo e com isso vemos o crescimento entre eles”.
O painel de indicadores de saúde da SES aponta que parte significativa da população afetada possui somente escolaridade básica (até o ensino fundamental). Nesse contexto, discutir educação sexual pode impactar positivamente em queda das estatísticas. Dados divulgados provam que quanto maior a escolaridade do indivíduo, menor é o índice de contágio entre eles.
Veja dados:
Tratamento
A Profilaxia Pré-Exposição (PREP) é composta por medicações de uso pré-exposição que antecedem a relação sexual. O uso está voltado para para pessoas que têm um risco maior de contato com o vírus do HIV, a exemplo de profissionais do sexo, pessoas em relacionamentos com parceiro soropositivo, indivíduos que mantenham relações sexuais múltiplas e mulheres transexuais. Apesar da eficácia, o recurso não exclui a necessidade do preservativo.
O PREP, que também evita o contágio de hepatite B, deve ser tomado em até 72h após o contato sexual, troca de agulhas ou violência sexual. As medicações são ofertadas pela rede pública de saúde. O médico relata que é importante se atentar ao período de incubação das ISTs durante o carnaval. “Várias doenças podem acontecer. As infecções sexualmente transmissíveis com período de incubação menor, temos um risco maior da sífilis, gonorreia, que são mais comuns e que vão aparecer com mais facilidade nas pessoas, mas são tratáveis e curáveis. Ainda temos as doenças com período de incubação mais longo, ou seja, a pessoa se expõe agora, mas ela só vai manifestar daqui a sete anos, que o caso do HIV, ou em seis meses no caso da hepatite B”, explica.
O alerta deve ficar ligado em todo estado, pois os números de diagnósticos positivos para HIV seguem crescendo, como aponta Daher. “Do início de janeiro até 13 de fevereiro, foram 41 casos novos em Anápolis. Em dias úteis dá mais de um caso por dia. O número realmente tem crescido, é grande e chama bastante atenção porque é preocupante, pois ainda não temos a cura”, completa.
A orientação do especialista é apostas na prevenção. Em caso de exposição, ele recomenda procurar uma unidade de saúde, fazer a testagem e seguir a medicação recomendada. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante todo o tratamento gratuito.