Última atualização 31/07/2019 | 14:02
Amigo leitor, foram anos longe do teclado, muito tempo atrás o ‘Chefe’
me deu a primeira oportunidade de escrever para o impresso. Eu tinha
17 anos, e não fazia ideia do que era um Lead jornalístico. Neófito,
mas ambicioso, fiz dos meus erros bons acertos para minha trajetória.
Igual a tudo na vida, as coisas mudam, nós mudamos. Me afastei da
comunicação, mas ela permaneceu em mim, o ‘Chefe’ me abre as portas da
sua casa novamente (só pode ser louco).
E voltar a escrever sobre tudo e qualquer coisa, é bom, mas perigoso,
minha cabeça mudou, hoje são 30 anos, e a intuição é um pensamento
rápido demais, quando se vê, perdemos o caminho de volta. A mudança é
boa, errar é bom, fazer escolhas melhor ainda. E esse espaço, dentro
do ‘Diário do Estado’ é para isso, para ser dito. Aos 30 você já errou
tanto que aprende a fazer escolhas certas. Mentira! Só ficamos mais
exigentes. Descobrimos isso depois de tantos Nerudas devolvidos;
vários seguros desempregos; muito prego no pneu e um mar de lágrimas.
Foram anos trabalhando no rádio, na televisão, na internet, na feira,
na política, no picadeiro, nos hospitais, no trecho. Um dia cansei,
queria tirar os sapatos, deixar a barba crescer, rabiscar o corpo (não
dá para fazer jornalismo independente na terra do Pequi, dos ipês
floridos e do coronelismo). Fui brincar de ser professor na Arte
Suave, foi lá que descobri minha paz. O verdadeiro triunfo da
esperança sobre a experiência.
O ruim de dizer coisas para os outros, é que tudo parece errado ou
muito correto, e de falso moralismo já temos histórias demais. Prometo
não ser exigente, amigo leitor. Em tempo que ninguém lê mais que 200
caracteres, cartas sinceras são como um baú de tesouros. Até um
bilhete no bar para quem não para de te olhar. A despedida daquele que
passou a vida toda no mesmo lugar. Uma frase de carinho no espelho do
banheiro. A redação bem feita do estudante. O pedido de desculpas do
arrependido. A carta ao Papai Noel de quem tem bom coração. Um texto
de amor sincero (esse vale mais que uma foto sem roupas pelo celular).
Mas cuidado, no amor, até um misto quente é banquete.
Venho por meio desta, e espero que goste.