Os proprietários da empresa El Shaday Turismo, sediada em Goiânia, mas com atuação em todo o país, ainda seguem foragidos após aplicar golpes em ao menos 30 vítimas, inclusive, brasileiros que moram no exterior. Johnathan Oliveira dos Santos, de 29 anos, e Angélica Barbosa Lopes dos Santos, de 33 anos, são suspeitos de causar um prejuízo de mais de R$ 500 mil aos clientes, com promessas de viagens e passagens aéreas.
O casal, que foi alvo da Operação Viagem Cancelada, deflagrada na última quinta-feira, 11, já estava sendo investigado pela pela Polícia Civil (PC) havia meses. O jornalismo do Diário do Estado (DE), inclusive, chegou a ouvir algumas das 30 vítimas e noticiar a investigação no começo do mês de março deste ano.
Segundo elas, que até criaram um perfil nas redes sociais para denunciar a empresa, as passagens aéreas eram compradas com antecedência, mas a entrega nunca era feita pela agência. Além do incômodo de não conseguir viajar, o golpe chegou a gerar prejuízos de até R$ 14 mil para alguns dos clientes. Somente entre as vítimas ouvidas pelo DE, a soma dos danos passa de R$ 28 mil.
Vítimas do exterior
A camareira Verônica Bernardes de Oliveira, uma das 30 pessoas lesadas, explicou que foi uma das vítimas lesadas pela empresa, após comprar uma viagem de mais de R$ 8 mil em novembro do ano passado. Ela, que mora em Portugal, planejava viajar para o Brasil em dezembro para rever parentes, mas teve a viagem adiada por conta do golpe. De acordo com Verônica, a agência envia comprovantes de passagem adulterados, com o nome do passageiro, local de origem e de destino idênticos aos comprovantes que as companhias aéreas emitem.
Verônica conta que descobriu a fraude após efetuar o pagamento e não receber as passagens na data combinada. Além disso, a camareira também tentou reaver o prejuízo com a dona da agência, mas as ligações telefônicas não se completam e, no WhatsApp, o único retorno era por meio de uma mensagem eletrônica.
“Tive alguns problemas para efetuar o pagamento, já que a conta dela não aceitava mais pagamentos de tanto dinheiro que entrava. A minha viagem era para o Rio de Janeiro, até consegui ir, mas não consegui voltar porque cancelaram as minhas passagens. Minha vida virou um inferno, porque as minhas férias acabaram, não tinha mais passagem. Tirei as minhas filhas da escola porque elas iriam vir morar comigo. Ele não me deu nenhuma satisfação e agora a gente pede justiça”, explicou.
Prejuízos
Verônica não foi a única a ter prejuízos com a empresa. A entregadora Alessandra Silva Canhete, que também mora em Portugal, levou um calote ainda maior, de cerca de R$ 14 mil.
“É muito triste ter que falar para os meus filhos que a gente não vai para o Brasil. Eles estavam contando os dias para irem ao país, mas tive que falar para eles que não vamos. Ela (dona da empresa) destruiu o sonho dos meus filhos de conhecer os avós, os primos e os tios. Quando a gente finalmente consegue juntar um dinheiro acontece isso”, exaltou.
Outra das 30 vítimas, que mora no exterior é o assistente administrativo, Edson Buenes, que comprou uma passagem com a empresa goiana em agosto de 2021 por quase R$ 6 mil, a fim de voltar ao Rio de Janeiro. A viagem, no entanto, também acabou sendo frustrada pela agência.
“Eu comprei porque achei acessível o orçamento da dona da empresa. Realizei o pagamento por transferência bancária e logo recebi o comprovante de pagamento. Porém, se passaram alguns dias e não recebi nenhum comprovante da passagem. Entrei em contato com a empresa e por insistência eles me mandaram um comprovante. Entretanto, não consegui embarcar com a minha esposa porque o nosso nome não constava na lista da empresa aérea”, disse.
Operação Viagem Cancelada
O casal que ostentava uma vida de luxo foi alvo da Operação Viagem Cancelada, deflagrada na última quinta-feira, 11. A operação tinha como objetivo cumprir mandado de busca e apreensão na residência dos investigados, onde foram apreendidos aparelhos de telefone e documentos. Segundo o delegado Webert Leonardo, a corporação faz buscas para localizá-los.
Ainda de acordo com o investigador, o casal ofertava serviços de pacotes turísticos e passagens aéreas fraudulentas, em que mesmo após o recebimento do pagamento integral não eram executados. Os valores recebidos eram acrescentados ilicitamente ao patrimônio dos investigados.
“A investigação apurou que o casal lesou vários consumidores em todo o país e no exterior. Os bens do casal foram bloqueados e agora o casal é investigado por estelionato, furto qualificado, crime contra a fé pública e crimes contra o consumo. Nos próximos dias vão ser ouvidas mais vítimas que ainda não compareceram a delegacia”, concluiu.