Casal de MG forma família após adotar três irmãos: ‘Nossa vida era preta e branca e depois que eles vieram é tudo colorido’
Família de Borda da Mata é algo raro. No Brasil, 56% das pessoas que querem adotar buscam crianças sem irmãos.
Adoção de crianças e adolescentes: entenda como acontece o processo
“Eu queria muito ter uma família. Queria que ela fosse legal, que me amasse e cuidasse de mim.”
— Miguel, 9 anos
Uma família cheia de amor era o sonho de Miguel, hoje com 9 anos, após ele e as irmãs Luísa Mel, de 7 e Isabela de 5, serem destituídos da família biológica e ficarem disponíveis para adoção.
Mais que um sonho, ter uma nova família é um direito. O Brasil tem, atualmente, 5.271 pessoas esperando para serem adotadas. A ação, que é um ato de amor e pode mudar vidas, teve o seu dia nacional comemorado no domingo, 25 de maio.
A espera de Miguel e das irmãs durou dois anos e meio até que o casal de empresários Márcio Eduardo da Costa e Keila dos Reis Inácio da Costa, de Borda da Mata (MG) superaram seus próprios receios para realizar o sonho das três crianças.
Quando entrou na fila da adoção, o casal pretendia levar um bebê para casa, mas os planos mudaram após conhecer os três irmãos.
“Eu queria uma criança só. Não queria uma criança com mais de três anos, não. Foi a hora que Deus falou: ‘Não, a missão de vocês é três’. E a gente mudou as papeladas e esses meus três filhos já estavam preparados para gente, né?”, afirmou Keila.
Antigamente, a nossa vida era preta e branca e depois que eles vieram para nossa vida, é tudo colorido”, reflete a mulher que escolheu ser mãe das três crianças.
A mudança das papeladas da adoção não foi a única adaptação feita durante um processo que começou há anos e dura até hoje. A adoção não foi fácil. A mudança radical de vida atingiu tanto o casal quanto as crianças que tiveram que criar uma realidade diferente do que viviam até então.
“Teve o teste de falar: ‘Eu quero voltar para o abrigo, você não é meu pai ou você não é minha mãe’. Mas nós estávamos preparados por ter participado de grupo de apoio e ter ouvido testemunhos de pais de crianças e adolescentes adotados que falaram o que acontece”, contou Márcio.
A paciência, o tempo, a convivência e o cuidado deram conta de juntar as pontas soltas e transformar as cinco pessoas em uma família com laços de amor permanente.
“Você se sentir realmente pai e ver as crianças se sentindo filhos é uma construção e graças a Deus hoje corre tudo bem. Tem dificuldades, são crianças ainda com traumas, com rupturas, com lutos, com vivências difíceis que elas tiveram, mas com o amor, a gente consegue construir uma família feliz”, afirmou o empresário
Márcio e Keila estão no seleto grupo de famílias que aceitaram adotar três irmãos. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, 56% das famílias que buscam adotar querem crianças sem irmãos.
Além disso, a idade também pesa para as crianças que esperam por adoção. A chance delas terem uma família é inversamente proporcional à idade. Do total de 523 menores adotados no ano passado em Minas Gerais, apenas dois tinham mais de 16 anos, contra 248 que tinham até 2 anos, o que representa 47,4% dos menores adotados.
O perfil mais procurado pelas famílias foi criança de cor branca ou parda (82,1%), do sexo feminino (50,7%) e sem problemas de saúde 92%.
Por conta da busca por perfis distintos faz com que muitas crianças e adolescentes não sejam adotados e apesar de haver mais de 33 mil famílias cadastradas para a adoção, há mais de cinco mil crianças em abrigos.
“A cultura da sociedade é falar que demora muito, que é muito difícil, mas é todo um processo para ir construindo também o amor dentro do coração da gente para aquilo que a gente precisa. São muitas crianças abrigadas hoje ainda no Brasil, crianças e adolescentes necessitando de uma família”, afirmou Márcio.
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