Mortes por doença viram caso de polícia após investigação apontar trama criminosa contra americano e o companheiro dele em MG
Thomas Steven Lydon, de 65 anos, e o parceiro Everaldo Gregório de Souza, de 60
anos, morreram em junho deste ano. Um amigo do casal e a irmã de Everaldo foram
presos, suspeitos de matar os homens envenenados. Exame toxicológico comprovou o
uso do sedativo Fenobarbital no organismo de uma das vítimas.
Casal homoafetivo pode ter sido envenenado em Governador Valadares
A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, nesta terça-feira (4), um homem de 35 anos e uma mulher de 52, suspeitos de planejar o assassinato de um casal homoafetivo em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. As vítimas são Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, natural de Boston, nos Estados Unidos.
As mortes foram registradas em junho deste ano. Thomas morreu no dia 20, e
Everaldo morreu seis dias depois, em 26 de junho. Na época, os óbitos foram
tratados como naturais. Meses depois, as investigações confirmaram que o casal
foi envenenado com fenobarbital, um sedativo de uso controlado.
O caso foi classificado pela Polícia Civil como “extremamente grave e chocante”.
Em coletiva de imprensa, o delegado regional Luciano Cunha afirmou que o crime
“pareceu coisa de filme, de novela”.
SUSPEITA DA FAMÍLIA E INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO
A reviravolta na apuração começou em julho, quando familiares de Everaldo
procuraram a Polícia Civil desconfiando das circunstâncias das mortes. Eles
estranharam a rapidez no enterro de Thomas e o fato de Everaldo ter sido
internado sem que os parentes fossem comunicados.
Segundo a polícia, os suspeitos presos eram pessoas próximas das vítimas. A
mulher era irmã de Everaldo, e o homem, amigo de Thomas. Ambos prestavam
assistência ao casal e tinham livre acesso à casa onde eles moravam, no bairro
Santa Rita.
Durante a investigação, a polícia descobriu que a morte de Thomas foi registrada
como consequência de um câncer de pele, com base em um documento de biópsia
falso apresentado pela irmã de Everaldo ao médico que assinou o atestado. Por
isso, o corpo não foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML).
PROVAS DE ENVENENAMENTO E FRAUDE
Com o avanço das apurações, a Polícia Civil pediu a exumação dos corpos. De
acordo com o delegado Luciano Cunha, o exame toxicológico confirmou a presença
de fenobarbital no fígado de Everaldo, comprovando o envenenamento. O resultado
do exame no corpo de Thomas ainda é aguardado.
De acordo com o delegado, a mulher investigada comprou uma quantidade incomum do
medicamento no dia 9 de junho, poucos dias antes da primeira morte. As farmácias
de Governador Valadares foram oficiadas e enviaram comprovantes da compra à
polícia.
INTERESSE FINANCEIRO
A investigação policial ainda identificou movimentações financeiras superiores a
R$ 1,3 milhão relacionadas aos investigados após as mortes, incluindo um resgate
de aplicação no montante aproximado de R$ 379.200 em nome de uma das vítimas e a
venda do imóvel do casal, registrada por cerca de R$ 950 mil.
Para resguardar os interesses dos herdeiros e viabilizar eventual reparação de
danos, a Justiça determinou medidas cautelares: bloqueio de R$ 1,5 milhão em
ativos financeiros e restrição sobre veículos registrados em nome dos
investigados.
O inquérito apontou que a principal motivação do crime foi patrimonial. Thomas
era aposentado nos Estados Unidos e os valores da pensão eram transferidos para
a conta de Everaldo.
OUTRAS SUSPEITAS SOBRE O HOMEM PRESO
Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que o homem de 35 anos, que
se apresentava como professor, mantinha um patrimônio incompatível com a renda e
já era alvo de outros inquéritos.




