Casas atingidas pelo rio Meia Ponte estão em área irregular, diz Defesa Civil

As chuvas que caíram no município de Nova Veneza, a cerca de 30 km da Capital, na quarta e quinta-feira (16 e 17), provocaram aumento no nível do Rio Meia Ponte, que já estava mais volumoso desde janeiro. Com isso, chega a 40 o número de casas e construções – como galinheiros e chiqueiros -, atingidos desde o mês passado. Segundo a Defesa Civil, os imóveis estão em áreas irregulares, nos setores Brisa da Mata, Estrela Dalva e Recanto do Bosque, em Goiânia. Não há registros de pessoas feridas e nem mortes.

A região onde a água chegou está dentro da chamada cota de inundação do rio e é Área de Preservação Permanente (APP). “Todo ano, nesse período, temos chuvas mais fortes e o rio extrapola sua caixa. Às margens, existe uma área que ele ocupa, naturalmente, quando o volume aumenta”, explica o coordenador de operações da Defesa Civil, Anderson Marcos de Sousa. No entanto, a área desta cota de inundação tem casas e até plantações.

“As pessoas ocupam aquele local para criação de animais e plantio e, como passam boa parte do tempo ali, constroem coberturas de madeira e algumas de alvenaria. Mas, no período de chuva, estão conscientes da inundação e deixam o local”, explica Anderson. Segundo ele, não houve feridos, mortos ou desaparecidos, uma vez que a cheia já era esperada.

A Defesa Civil ainda não sabe afirmar se, entre as construções atingidas, havia casas com moradores permanentes. Este levantamento será feito quando o nível da água baixar. “Foram encontrados muitos equipamentos agropecuários e alguns mantimentos, indicando que seriam construções para as pessoas passarem apenas um período”, afirma o coordenador de operações.

As estruturas atingidas serão derrubadas pela Defesa Civil. “Vamos fazer um trabalho para evitar a reocupação deste local. Porque mesmo que as pessoas não voltem para residir, ali tem uma área preservada. Então não se deve praticar qualquer atividade, nem permanecer”, pontua Anderson de Sousa.

Inundação acima do esperado no Meia Ponte

Chuvas na região devem diminuir a partir de segunda-feira (Imagem: Defesa Civil)

Anderson Sousa reconhece que, este ano, as chuvas estão mais intensas. “O período de inundação se prolongou porque tivemos precipitações muito maiores que nos períodos anteriores. Nesta época de fevereiro já era para o rio Meia Ponte estar baixando bastante o nível”, alerta. Apesar disso, segundo a Defesa Civil, a água não extrapolou a chamada cota de inundação.

O Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) tem uma estação que monitora o nível do rio. Na região do Balneário, a água ainda está alta, com 6,17 metros, segundo informou ao DE o gerente do Centro, André Amorim. “O avanço do rio depende da altura do terreno. A água vai chegar no centro de Goiânia? Não. O rio saiu da calha, então aqueles bairros mais próximos começam a ser afetados. A princípio não há registros de pessoas feridas, temos agido rápido. Não tem como mover a cidade de lugar, mas a gente consegue atuar com antecedência”.

A Defesa Civil afirma que a água não chegou às áreas em que construções são autorizadas. “A inundação não invadiu as residências construídas em locais permitidos, mas a abrangência da água está um pouco maior sim porque o nível de todos os mananciais subiu”, pontua o coordenador de operações.

O Cihmego considera que, agora, o nível do rio está estável, mas as chuvas devem continuar até segunda-feira (21).

“Estamos com zona de convergência do Atlântico Sul, que traz um corredor de umidade, passando pelo Norte, Goiás e chegando ao Sudeste. Este corredor pode trazer chuvas volumosas em alguns locais que impactam o volume do Meia Ponte. Depois de segunda-feira, a tendência é diminuir o volume de chuva e termos mais horas de tempo ensolarado”, conclui o gerente do Centro.

Em caso de necessidade, peça ajuda à Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, pelo 153 ou à Defesa Civil de Goiânia pelo (62) 3524 8109.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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