Última atualização 24/08/2022 | 15:48
Há exatamente um ano, um crime bárbaro que envolveu paixão, fuga e jogo de influência mudou a história de uma família, em Goiânia. Isso porque desde o dia 24 de agosto de 2021, o tempo parece ter parado para a cabeleireira Eliane Laureano, de 36 anos. A data foi a última vez em que a mulher viu a única filha, Ariane Bárbara, de 18 anos, com vida.
Neste mesmo dia, a jovem serviu de ‘cobaia’ para quatro amigos (uma mulher, uma transexual, um homem e uma adolescente), que armaram uma emboscada para comprovar se um dos integrantes era ‘psicopata’. A ideia era saber se a jovem sentiria remorso após cometer um homicídio. Naquela noite, o grupo convidou Ariane para comer um lanche. Entusiasmada, ela aceitou o convite.
Porém, no caminho, Ariane acabou sendo morta com oito facadas dentro de um carro em movimento, enquanto o grupo ouvia uma música, assim como havia sido planejado previamente. O corpo dela foi abandonado em uma área de mata do Setor Jaó, em Goiânia, e só foi encontrado uma semana depois, já em estado de decomposição.
Ameaças e ataques
Mesmo após um ano da perda da filha, Eliane, mãe de Arine, ainda guarda na memória o sentimento de desespero por não ter notícias da filha durante os sete dias em que ficou desaparecida.
Ao Metrópolis, a mulher informou que também tem medo das ameaças, perseguições e ataques que ela passou a receber. Ela conta que recebeu inúmeras mensagens de condolência, desde a notícia da morte, mas que também passou a receber mensagens intimidadoras, principalmente pelo Instagram.
“As pessoas me procuram, ficam perguntando coisas da minha vida, sobre o que eu desejo para os assassinos, se eu consigo perdoá-los. Um chegou a dizer que me mandaria as fotos da minha filha morta, sendo que eu não tive vontade nem de ler o laudo do cadáver, quando ele ficou pronto. Não li o relatório do inquérito. Eu não quis ver como ela estava, quando foi encontrada”, revela.
Ataque ao túmulo
O último ‘baque’ vivenciado, desde a morte da filha, segundo Eliane, foi um ato de vandalismo cometido contra o túmulo de Ariane, que se encontra na Cidade de Goiás, onde a jovem foi sepultada. Alguém, ainda sem identificação, foi até o local e vandalizou a placa com o nome e foto da garota, e ainda quebrou o concreto, a ponto de deixar o caixão da jovem aparente. O caso aconteceu no início do ano.
Entristecida, a mulher chegou a fazer uma vaquinha on-line para consertar o estrago feito, mas conseguiu dinheiro suficiente para fazer a reforma apenas este mês. O buraco foi fechado, mas a mãe optou por não colocar uma nova placa com o nome da filha. No jazigo, agora, consta apenas a identificação da avó de Ariane, com quem ela divide o mesmo espaço. A mulher decidiu retirar o nome da filha, a fim de evitar novos ataques.
Grupo segue preso
Os quatro acusados de envolvimento no assassinato da jovem seguem presos. Eles chegaram a passar por exames psiquiátricos, numa tentativa de provar algum traço psicopata ou de alegar que eles não tinham noção da realidade no momento do crime, mas os laudos comprovaram o oposto. Ou seja, eles sabiam o que estavam fazendo.
Raíssa Nunes Borges, de 20 anos, Enzo Jacomini Carneiro Matos, que se apresenta como Freya, de 19 anos, e Jeferson Cavalcante Rodrigues, 23, seguem detidos. Além deles, há também uma menor de 17 anos, apontada pelos outros três criminosos, como a idealizadora do crime. Por ser menor de idade, ela está apreendida. A menor, inclusive, foi uma das pessoas que chegaram a mandar mensagens de preocupação para a mãe de Ariane, enquanto as buscas pela garota ainda não tinham chegado ao fim.
“Não desejo o mesmo que fizeram com a minha filha para eles, porque parece que, assim, eu estaria me igualando. Eu desejo justiça e entrego para Deus. Minha revolta é, também, contra os pais desses jovens, que não perceberam, não tomaram conta”, concluiu Eliane.