Caso Genivaldo: viraliza vídeo de policial simulando uso de ‘câmara de gás’

Em nota, o curso AlfaCon disse que repudia violências contra civis e que o professor não faz parte do corpo docente desde 2018. (Foto: Reprodução/Twitter)

A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, após abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sergipe, repercutiu nas redes sociais na última quarta-feira (25). Genivaldo foi morto em uma espécie de ‘câmara de gás’ improvisada dentro da viatura após ser abordado enquanto dirigia sem utilizar capacete.

Nesta sexta-feira (27), a Internet decidiu repercutir mais uma vez sobre como o ensino de direitos humanos está fora do treinamento dos policiais. Ronaldo Bandeira, policial e professor do Alfacon, curso preparatório para concursos militares, chamou a atenção ao compartilhar com alunos um episódio de tortura semelhante ao de Genivaldo.

A simulação foi feita durante uma aula. No vídeo, Bandeira ensina aos alunos que o uso de gás lacrimogênio em viaturas é uma ‘estratégia’ para conter suspeitos presos e algemados.

“(…) Ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo. O que a polícia faz? Abre um pouquinho (faz gesto como se soltasse o gás para dentro do carro). F…-se, é bom pra c… a pessoa fica mansinha”, disse em trecho do vídeo aos risos.

Vídeo:

Em nota, a AlfaCon informou que repudia qualquer tipo de violência, física ou psicológica, contra civis. O centro preparatório defendeu, também, que o professor não faz mais parte do corpo docente do curso desde 2018.

“O AlfaCon não compactua com as informações, que não condizem com as políticas e os valores da companhia. Esse discurso tampouco está em alinhamento com os treinamentos pelos quais todos os educadores são submetidos ao ingressarem no corpo docente. O AlfaCon preza pela formação dos oficiais, valorizando a carreira policial de forma ética, entendendo a importância desses profissionais para a segurança pública”, defende, no documento.

MPF abre investigação sobre direitos violados pela PRF

No boletim de ocorrência, os agentes que torturaram Genivaldo contaram que a vítima foi detida após desobedecer a ordem de desembarcar da moto e levantar para o processo de revista. Genivaldo foi detido contra a sua vontade, colocado na viatura e torturado, mesmo com protestos de populares.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para investigar a abordagem. Em documento, divulgado nesta sexta-feira (27), a Procuradoria Regional dos Diretos do Cidadão (PRDC) afirma que, por se tratar possivelmente de uma pessoa com deficiência, o caso será acompanhado pela instituição.

Entre as medidas, a PRCD pretende ouvir familiares da vítima e agendar uma reunião com a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe, “a fim de tratar sobre as medidas já tomadas, bem como sobre informações acerca da existência de protocolo de abordagem a pessoas com deficiência no âmbito da PRF”, diz a nota publicada pela instituição.

Em nota, o MPF esclarece que diferente do procedimento de ”natureza criminal e de controle externo de atividade policial’, a nova investigação, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, será no âmbito cível, focando nas violações aos direitos dos cidadãos e, em especial, nos direitos das pessoas com deficiência.

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